O Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) reduziu para quatro anos a suspensão aplicada a Michel Platini, que se vai demitir da presidência da UEFA. É o fim de jogo para o ex-futebolista, que diz assim adeus ao futebol.
“Michel Platini anuncia que vai demitir-se da presidência da UEFA no próximo congresso do organismo”, refere o comunicado divulgado esta segunda-feira pelo grupo de advogados do antigo jogador francês.
Platini, que chegou a apresentar a candidatura à presidência da FIFA este ano, foi inicialmente condenado a oito anos de suspensão pela Comissão de Ética da FIFA, a 21 de dezembro de 2015, mas a pena foi depois reduzida para seis anos pela Comissão de Recurso.
Em causa está um pagamento de 1,8 milhões de euros feito em Fevereiro de 2011 a Platini pelo então presidente da FIFA, Joseph Blatter, que foi considerado efectuado à margem da Lei.
O ex-futebolista vê agora o Tribunal Arbitral do Desporto confirmar o castigo, embora reduzindo a suspensão para quatro anos, o que é um cenário de “catástrofe”, como dizem próximos de Platini ao jornal francês Le Monde.
“A sua carreira terminou”, afiança uma fonte não identificada pelo diário.
Da sucessão natural a Blatter à demissão da UEFA
A suspensão definitiva de Platini, de 60 anos, encerra o último capítulo de um annus horribilis para o líder da UEFA, tendo o prólogo começado a ser escrito a 27 de maio de 2015, com a detenção de vários altos responsáveis da FIFA em Zurique, a pedido da justiça norte-americana.
Nesta fase, a sua reputação ainda não tinha sido afetada e Platini pediu mesmo a Blatter que não se recandidatasse à presidência da FIFA nas eleições de 29 de maio de 2015, o que o suíço rejeitou, tendo sido eleito para um quinto mandato consecutivo, apenas para anunciar a demissão quatro dias mais tarde.
A 29 de julho, Platini assumiu a candidatura à liderança do organismo que rege o futebol mundial, marcadas para 26 de fevereiro de 2016, mas sofreu o primeiro revés menos de dois meses depois, a 25 de setembro, quando o Ministério Público suíço instaurou um processo criminal a Blatter.
Platini foi ouvido na qualidade de testemunha, mas acabou implicado no processo, pelo recebimento em 2011 de um pagamento por um trabalho de aconselhamento feito para Blatter em 2002, feito “em prejuízo da FIFA”, no valor de dois milhões de francos suíços (perto de 1,8 milhões de euros).
Tal como o suíço, o líder da UEFA foi suspenso provisoriamente por 90 dias a 8 de outubro e a sua candidatura à presidência da FIFA congelada até à conclusão do processo, no qual a câmara de instrução do organismo mundial pedia como pena a irradiação do futebol.
Ainda antes do fim ano, a 21 de dezembro, Platini foi condenado pela Comissão de Ética da FIFA a oito anos de suspensão de toda a atividade ligada ao futebol, por abuso de confiança, conflito de interesses e gestão danosa no caso do pagamento feito por Blatter, suspenso pelo mesmo período.
A pena de Platini, um dos melhores futebolistas franceses de sempre, foi depois reduzida para seis anos pela Comissão de Recurso da FIFA, antes de o TAS a limitar hoje a quatro anos, reconhecendo a “validade” do acordo verbal com Blatter, mas não se manifestando “convencido da sua legitimidade”.
ZAP / Futebol365
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