O ciclista britânico Chris Froome (Sky) recuperou esta quinta-feira a camisola amarela da Volta a França, confirmou a organização, ao reformular a classificação geral individual na sequência da queda causada por uma moto da prova.
Quando o britânico seguia na frente na companhia do australiano Richie Porte (BMC) e do holandês Bauke Mollema (Trek-Segafredo), uma moto da organização, que parou abruptamente por não conseguir passar entre o público, provocou a queda do trio, com Froome a perder, na classificação geral provisória, a camisola amarela para o compatriota Adam Yates (Orica-Bike-Exchange), e a ser relegado para a sexta posição.
No entanto, na nova classificação geral individual, o britânico da Sky passa a liderar com 47 segundos de vantagem sobre Yates e 56 sobre Mollema.
O britânico confessou que sentiu que tinha de continuar, com ou sem a bicicleta, depois do incidente com a moto da organização que marcou o final da 12ª etapa da Volta a França.
“O [Mont] Ventoux é cheio de surpresas, mas não esperava isto”, reagiu Chris Froome, quando soube que tinha recuperado a camisola amarela, uma hora depois de a ter perdido para o compatriota Adam Yates (Orica-BikeExchange).
“Antes do último quilómetro, uma moto travou bruscamente diante de nós e nós entrámos-lhe pela traseira. Atrás de mim, uma outra moto partiu-me a bicicleta. Tive de correr a pé, sabia que o carro com a minha outra bicicleta estava muito atrás, cinco minutos mais atrás. Mentalizei-me que tinha de continuar a subir, com ou sem bicicleta. Não me restava outra coisa a fazer”, descreveu o campeão em título e duplo vencedor da Volta a França.
Froome mostrou-se muito contente com a decisão do colégio de comissários, que optou por atribuir-lhe e a Porte o mesmo tempo de Mollema, o primeiro dos acidentados a cruzar a meta, a 05.05 minutos do vencedor da 12ª etapa, o belga Thomas De Gendt (Lotto-Soudal).
“É a decisão correta. Agradeço-lhes, assim como à organização”, salientou.
“Não temos condições para praticar ciclismo”
O mais prejudicado pela decisão foi Adam Yates, que ainda assim concordou com a opção do júri das provas.
“Ninguém quer vestir a camisola amarela desta forma. Não me sentiria bem a usá-la depois disto. O ciclismo é o único desporto que permite ao público estar tão próximo, com os riscos que isso acarreta. Penso que os comissários tomaram a decisão correta”, salientou o jovem britânico.
Outro dos afetados, Bauke Mollema, explodiu no Twitter: “Isto NÃO pode acontecer na maior prova do Mundo. Houve demasiados acidentes com motos esta temporada.”
“O que é que se passa? Parece que toda a gente recebe bonificações. Pergunto-me o que teria acontecido se eu tivesse sido o único a cair”, prosseguiu o holandês da Trek-Segafredo.
O australiano Richie Porte, o primeiro dos três a embater na moto, disparou contra a organização.
“Se não conseguem controlar o público, o que conseguem controlar? O problema não são as motos, é o público. Eles estão na nossa cara o tempo todo, empurram os corredores e no topo, então, é de loucos”, enumerou o ciclista da BMC.
Romain Bardet (AG2R), melhor francês e quinto da geral, criticou as condições em que decorreu o final da 12.ª tirada, que terminou no mítico Mont Ventoux.
“O que constato é que não temos condições para praticar ciclismo. Somos obrigados a travar quando atacamos, não sabemos para onde vai o percurso. Devemos poder exercer a nossa profissão em segurança. Vi o camisola amarela correr a pé, pensei que estávamos numa transição de triatlo”, ironizou.
Antes deste incidente, já o belga Thomas de Gendt (Lotto-Soudal) tinha vencido a 12ª etapa, uma ligação de 178 quilómetros entre Montpellier e Chalet-Reynard (Mont Ventoux), com o tempo de 04:31.51 horas, dois segundos à frente do compatriota Serge Pauwels (Dimension Data).
ZAP / Lusa
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