A Agência Mundial Antidoping denunciou a ausência de controles de doping durante as semanas que antecederam os Jogos Olímpicos – e um especialista alemão não descarta que haja um esquema estatal de doping no Brasil, semelhante ao que foi montado na Rússia.
Depois do escândalo envolvendo um alegado esquema estatal de dopagem no desporto russo, o doping voltou a ser tema nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.
Desta vez, porém, o Brasil é o centro das atenções.
Um dia depois de a Wada – Agência Mundial Antidoping ter denunciado a ausência de testes em atletas brasileiros durante as semanas que precederam os Jogos, a Agência Alemã de Antidoping, Nada, veio este sábado queixar-se também, exigindo uma investigação.
Segundo a Deutsche Welle, a Wada tinha na sexta-feira confirmado à revista britânica Times que o Brasil deixou de realizar exames de doping nos “principais atletas” do país.
A Wada acusa inclusivamente as autoridades brasileiras de fazer pressão pela suspensão dos controles, e fala em “condições inaceitáveis”.
Esta semana, em entrevista ao diário desportivo brasileiro Lance citada pelo UOL, o médico especialista português Luis Horta, ex-assessor contratado pela UNESCO para a Agência Brasileira de Controle de Dopagem, ABCD, denuncia ter sofrido pressões do Comitê Olímpico Brasileiro, COB, e do Ministério do Desporto, para reduzir os testes.
Luis Horta, que esteve de setembro de 2014 a junho deste ano na ABCD, acusa o COB e o Ministério do Desporto de “sufocarem o combate ao doping no país”, com o objectivo de conquistar o maior número de medalhas nos Jogos do Rio.
“Sejam elas limpas ou não“, acusa Luís Horta
Segundo Luís Horta, as análises fora de competição no chamado Grupo Alvo de Testes, que contém 287 atletas que fazem parte da elite do desporto brasileiro, foram suspensas.
“Isto é um escândalo”, diz Fritz Sörgel, especialista alemão em doping, que não descarta que haja um esquema estatal de doping no Brasil, tal como como aconteceu na Rússia.
“Depois das más experiências com a Rússia, temos que questionar: será que há também doping estatal no Brasil?”, interroga-se o especialista.
Entretanto, o COI – Comité Olímpico Internacional diz não ver problemas com a ausência de testes de doping em atletas brasileiros.
“Confiamos que os brasileiros foram devidamente testados“, limitou-se a dizer o porta-voz do organismo, Mark Adams.
Também o porta-voz do Comité Organizador da Rio 2016, Mario Andrada, assegura que a equipa brasileira foi controlada conforme exige o regulamento.
“O presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, reitera que a tolerância com doping é zero“, afirmou Andrada.
ZAP / DW
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