Usain Bolt conseguiu no Rio 2016 o que nunca ninguém antes fizera no atletismo olímpico, uma tripla vitória em 200 metros, depois de já se ter sagrado tricampeão nos 100 metros, e agora no percurso da estafeta de 4×100 metros pela equipa da Jamaica.
Já se esperava e, este sábado, no Rio de Janeiro, confirmou-se plenamente: o jamaicano reparte com o nadador norte-americano Michael Phelps a primeira linha dos destaques do Rio 2016.
Usain Bolt, a um dia de completar 30 anos de idade, conquistou a famosa “tripla tripla” no estádio do Engenhão, Rio de Janeiro.
Depois de já se ter sagrado tricampeão nos 100 metros, o atleta jamaicano juntou-lhe o mesmo título nos 200 metros e agora, juntamente com Asafa Powell, Yohan Blake e Nickel Ashmeade, conquistou o ouro pela terceira vez consecutiva no percurso da estafeta de 4×100 metros em 37,27 segundos.
A prata ficou com a equipa japonesa e os norte-americanos chegaram em terceiro lugar mas acabaram por ser desclassificados por invadirem a pista adversária e o bronze sobrou para a equipa do Canadá.
Para Usain Bolt, terá sido o último passo para conquistar a “imortalidade olímpica”, naquela que será a sua ultima prestação numa edição dos Jogos Olímpicos.
“Estou aliviado e orgulhoso, pois tudo se tornou realidade. Sou o maior da história“, atirou o jamaicano depois da corrida.
A vitória nos 200 metros, em 19,78 segundos, fica razoavelmente longe do que Bolt queria e publicamente assumiu: o ataque à marca recorde de 19,19.
Mas o facto é que estas olimpíadas deram três vezes a Bolt o pretexto para fazer o seu célebre “raio” com os braços.
Sem o norte-americano Justin Gatlin na final, nem os seus companheiros de equipa Yohan Blake e Nickel Ashmeade, o favoritismo de ‘lightning’ Bolt ficou reforçado e, com uma partida excelente, o campeão já estava na frente à passagem da curva.
Para os 100 metros finais, inesperadamente não dilatou o avanço, incapaz de correr para recorde, assegurando bem o avanço para quem vinha mais atrás.
Os melhores ‘mortais’, com prata e bronze, foram o canadiano Andre de Grasse (já medalhado nos 100 metros) e o francês Christophe Lemaitre, que assim consegue o resultado da sua carreira.
Na ausência de Gatlin, a ‘honra’ dos Estados Unidos foi defendida por LaShawn Merrit, que fez o que pôde, mas só foi sexto, ainda batido pelo britânico Adam Gemili e o holandês Churandy Martina.
Nação com mais tradições nos 100 e 200 metros nos Jogos Olímpicos, os Estados Unidos nunca ficaram tão subalternizados na velocidade como este ano, muito por culpa do avassalador ‘efeito-Bolt’.
As outras disciplinas do atletismo é que não se mostraram afetadas com isso e os Estados Unidos ‘mandaram’ no decatlo, no lançamento do peso e nas barreiras baixas.
Apostar em Ashton Eaton, recordista mundial e vencedor de todas as grandes provas de decatlo desde 2012, era fácil, sabendo-se que estava em forma. Ganhou no somatório de pontos das 10 provas, com um novo recorde olímpico de 8.893 pontos.
A sua ‘guarda de honra’ no pódio fica entregue ao francês Kavin Mayer, inesperada prata com o recorde nacional de 8.834, e ao canadiano Damian Warner, bronze com 8.666.
Depois de alguns anos menos bons, em que perderam nos Jogos Olímpicos e em Mundiais, os Estados Unidos regressam como primeira potência mundial do lançamento do peso, ‘coroando’ no Rio 2016 um atleta menos esperado da equipa, Ryan Crouser.
A marca conseguida, de 22,52 metros, é de grande nível e constitui novo recorde olímpico, relegando para segundo no pódio Joe Kovacs, apontado como o melhor dos norte-americanos, mas a ficar-se pelos 21,70.
Thomas Walsh, da Nova Zelândia, fechou o pódio, com 21,36, à frente das revelações de ‘nações emergentes’ na especialidade, como o são o congolês Franck Elemba e o brasileiro Darlan Romani.
O campeão olímpico da há quatro anos, o polaco Tomas Majewski, de 35 anos, ainda conseguiu ser sexto e a grande desilusão, em sétimo, foi o alemão David Storl, que era vice-campeão olímpico e bicampeão do mundo.
Kerron Clement, o vice-campeão de 2008, chegou finalmente ao topo do pódio dos 400 metros barreiras, à frente do queniano Boniface Tumuti e do turco Yasmani Copello. O campeão mundial do ano passado, o queniano Nicholas Bett, foi desclassificado nas séries.
Nas barreiras baixas para mulheres, numa prova em que o ‘trono’ estava vago pela exclusão da Rússia, Dalila Moahamad consegue o seu primeiro grande sucesso como sénior, derrotando a dinamarquesa Sarah Slott Petersen e a sua compatriota Ashley Spencer, a negar à checa Zuzana Hejnova novo pódio.
No dardo, confirmou-se o declínio da recordista do Mundo, a checa Barbara Spotaková, de 35 anos, que era dupla campeã e agora não passou do terceiro lugar, com 64,80.
A croata Sara Kolak, apenas no seu segundo ano de sénior, surpreendeu tudo e todos e com um recorde nacional a 66,18 arrebatou a medalha de ouro.
Com a prata ficou a sul-africana Sunette Viljoen, (64,92) confirmando-se como uma presença habitual nos top-5 mas a quem falta ainda um grande sucesso.
Na competição masculina do triatlo, em que Portugal esteve bastante bem, graças ao quinto lugar de João Pereira, assistiu-se a mais um ‘round’ da icónica disputa entre os gémeos Brownlee, com a vitória a sorrir de novo Alistair Brownlee e Jonathan a ficar com a prata, ele que fora bronze há quatro anos.
No terceiro lugar chegou o sul-africano Henri Schoeman.
No boxe, Cuba prosseguiu o seu tradicional domínio na modalidade, com Julio Cesar La Cruz a vencer na final de meios-pesados o cazaque Adilbek Niyazymbetov. A Cuba só faltou um título, nesta edição dos Jogos.
Destaque ainda para os triunfos da Argentina na final de hóquei, sobre a Bélgica – uma estreia – e do Japão sobre a Dinamarca, na final de duplas de badminton, por tangenciais 2-1.
ZAP / Lusa
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