A campeã paralímpica belga de atletismo, que tinha dado a entender que queria pôr um ponto final na sua vida depois do Rio 2016, diz afinal que só o irá fazer quando a doença se tornar insuportável.
Ainda há muitos sonhos por cumprir e muitos desejos na “bucket list” (também conhecida como a “lista das coisas a fazer antes de morrer”) para riscar.
É assim que a atleta paralímpica Marieke Vervoort vê o próximo capítulo da sua vida, depois de ter anunciado que iria terminar a carreira nos Paralímpicos do Rio de Janeiro.
A belga deu a entender que, depois da competição no Brasil, ia pôr termo à vida, recorrendo à eutanásia, mas afinal esta parece ser uma decisão que ainda está na gaveta.
A atleta conquistou no último sábado um lugar no pódio, depois de ganhar a medalha de prata na corrida de 400m da categoria T52.
“Não é certo que recorrerei à eutanásia logo após o Rio. Um jornalista escreveu um grande título sobre isso num jornal, mas ainda não decidi”, explicou à EFE, citada pelo Diário de Notícias.
“Quero viver, mas bem. Após o Rio não vou pedir a eutanásia. Vivo dia a dia. Quando não aguentar mais, pedirei”, acrescentou ainda.
Vervoort sofre de uma doença degenerativa na coluna vertebral, que lhe paralisou as pernas desde os 14 anos de idade e que lhe provoca dores insuportáveis.
A eutanásia é legal na Bélgica, bastando para o efeito apenas a concordância escrita de três médicos. Desde 2008 que a atleta, agora com 37 anos, tem os papéis assinados.
“Eu tenho uma doença degenerativa. A cada dia que passa, é cada vez pior. Há uns anos, podia desenhar uma bonito quadro. Agora já é impossível. A minha visão é de cerca de 20%. Qual é a próxima coisa que se segue? Claro que fico assustada”, contou a atleta, citada pelo The Guardian.
“Todos os dias, sofro. Algumas noites, não durmo mais de 10 minutos e depois, tenho que ir treinar”, desabafa ainda.
No entanto, a belga diz estar concentrada nas coisas boas que a vida ainda tem para lhe oferecer. Por isso, fez uma lista com os últimos desejos.
De acordo com o jornal britânico, entre os vários desafios estão, por exemplo, saltar de paraquedas, voar num F16, abrir um museu e entrar num rally.
“A lista é bem grande. Quero fazer algumas loucuras e aproveitar o tempo com a família e os amigos, o que não conseguia enquanto treinava”, diz, citada pelo DN.
A atleta, que já foi medalha de ouro nos 100m e prata nos 200m em Londres 2012, quer ser recordada como uma pessoa alegre.
“Quero que as pessoas se lembrem de mim como a mulher que estava sempre a rir. E que, mesmo quando estava a sofrer, procurava pensar nas coisas boas”, afirma.
Por isso, no seu funeral, quer ver toda a gente com “um copo de champanhe na mão e um bom pensamento” sobre si, explicou há uns tempos ao Le Parisien.
No próximo sábado, dia 17, a atleta vai novamente entrar em ação na prova de 100m da mesma categoria. E já avisou que vai de “alma e coração” para conquistar outra medalha.
FM, ZAP
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