Quem não se lembrar do nome Annemiek van Vleuten talvez tenha na memória o terrível acidente que sofreu durante a prova de Ciclismo de Estrada nas Olimpíadas do Rio, em agosto – em especial a sua imagem a ser projectada como uma boneca de pano e a estatelar-se no asfalto.
A ciclista holandesa Annemiek van Vleuten não se recorda de muito mais – o que é bom, pois naquela curva o seu sonho olímpico foi destruído – a apenas 10km do final de uma prova que liderava com alguma tranquilidade.
“Quando estava a começar a descida, pensei que não precisava de descer como um louca, até porque tinha começado a chover um pouco. Mas errei a abordagem à curva. A minha lembrança seguinte é a de estar numa cama de hospital com a minha mãe ao telefone”, contou a holandesa, de 33 anos, à BBC Sport.
A mãe da ciclista assistia à prova pela TV na Holanda, no dia de seu aniversário, e acompanhou o drama da filha.
E não foi apenas agonia materna: Anna van der Breggen, a colega de equipe de Annemiek, que acabaria por vencer a prova, achou que a compatriota tinha morrido quando passou, sem parar, pelo local do acidente.
Annemiek sofreu três fracturas na coluna e uma concussão cerebral severa.
Mas duas semanas depois do acidente já estava a treinar novamente. Apesar da preocupação que casou à mãe, e da frustração.
“Na primeira semana, sofri muito com a ideia de que cometi um erro estúpido quando estava quase a ganhar a medalha de ouro. Mas depois dei-me conta de que pensar assim não iria me ajudar em coisa nenhuma. E aí, comecei a traçar novos objectivos”.
“Felizmente, as vertebras que lesionei não estavam em um local perigoso das minhas costas, e eu nunca tive complicações mais sérias por causa da concussão. Ciclistas estão acostumados a cair pelo menos duas vezes por ano. São ossos do ofício”, explicou.
Determinação
Um mês depois do acidente, Annemiek venceu o Tour da Bélgica, garantindo o título apenas na última corrida. “Foi uma espécie de milagre. Mas Annemiek é muito forte”, elogiou Anna Van der Breggen.
Este domingo, Annemiek inicia a participação no Mundial de Ciclismo, no Catar. Nas provas de estrada, a temperatura poderá chegar aos 40 graus. Mas para ela, é menos sofrimento do que falar sobre o acidente.
“Nas entrevistas querem sempre falar comigo sobre o acidente, mas não quero ficar a pensar nisso. Prefiro concentrar-me no facto de que estava a pedalar bem, antes daquilo acontecer, melhor até do que tinha feito antes”, diz a ciclista.
“E estou orgulhosa de minha participação nas Olimpíadas do Rio, apesar de tudo”, confessa a indomável Annemiek van Vleuten.
ZAP / BBC
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