Estalou a “guerra” na divisão de elite da Associação de Futebol do Porto depois de 12 equipas da série 1 terem anunciado que vão deixar de comparecer aos jogos com o Canelas, queixando-se de episódios de violência do clube, que tem no plantel vários elementos dos Super Dragões, a claque do FC Porto.
Os clubes Maia Lidador, Serzedo, Rio Tinto, Oliveira do Douro, Valadares Gaia, Padroense, Grijó, Varzim B, Gondim-Maia, Pedrouços, Leça e Lavrense, da série 1 da Divisão de Elite da Associação de Futebol do Porto (AFP), reuniram-se na terça-feira e decidiram não comparecer aos jogos com o Canelas.
Dos 14 clubes da divisão, apenas o Candal não integra esta onda de protesto, justificada por reiterados episódios de violência por parte de jogadores e adeptos do clube de Vila Nova de Gaia, cujo plantel inclui vários membros da claque do FC Porto, Super Dragões, nomeadamente o seu líder Fernando Madureira.
Em causa estão queixas de coacção, ameaças e agressões e os clubes envolvidos falam mesmo de um clima de terror que se estende aos árbitros que dirigem os jogos do Canelas, o que condiciona a sua acção.
“Já durante a época passada houve queixas por parte de alguns clubes e um que não compareceu ao jogo com o Canelas. A AFP chegou a ter reuniões com comandos da PSP e GNR no sentido de serem tomadas medidas preventivas, mas não tiveram o efeito desejado”, revela uma fonte da Associação distrital à Lusa, esclarecendo que essas queixas se reportavam, todas elas, a factos ocorridos dentro das quatro linhas e não fora, as quais passavam despercebidas às forças policiais.
AF Porto nega queixas de delegados, árbitros ou polícia
Mas a AFP assegura que nunca recebeu qualquer queixa ou participação dos delegados aos jogos, das equipas de arbitragem ou das forças policiais sobre coacção ou intimidação por parte do Canelas sobre os adversários.
Uma fonte oficial da AFP disse à Lusa que “vários clubes têm manifestado queixas sobre uma alegada afectação psicológica por parte dos seus jogadores, que se sentem coagidos e amedrontados nos jogos com o Canelas, o que condiciona o seu rendimento”.
De acordo com a mesma fonte, essas queixas “não são suportadas pelos delegados da associação presentes nos jogos, os árbitros e a polícia”.
Segundo a mesma fonte, a AFP nunca recebeu por parte destes oficiais ou da autoridade qualquer queixa, relatório ou participação sobre actos de coação por parte de dirigentes, adeptos e jogadores do Canelas sobre os adversários e/ou seus adeptos e fez todas as diligências para que os jogos se desenrolassem com normalidade, suportando até os custos com o reforço de policiamento nos jogos considerados de alto risco.
“Medo de represálias”
A falta de comparência é punida com a pena de derrota e com 750 euros de multa, mas os 12 clubes organizados neste protesto parecem dispostos a tudo para travar “a onda de violência e ameaças”, como fala um presidente de uma das equipas, em declarações ao Jornal de Notícias.
O dirigente não quis assumir a sua identidade no jornal, realçando que há “medo de represálias”, e conta que jogar contra o Canelas “é um terror e até os árbitros têm medo, pois não escrevem o que se passa nos jogos”.
“Há coacção”, salienta este mesmo presidente.
Madureira diz que o futebol “não é ballet”
Entretanto, o Canelas, que lidera a Divisão de Elite com 19 pontos, após 6 vitórias e 1 empate, reagiu considerando que está em causa uma “cabala” contra a equipa, conforme disse o presidente do clube, Bruno Canastro, numa conferência de imprensa.
Já Fernando Madureira, avançado do Canelas e mais conhecido por ser o líder dos Super Dragões, fala em “manobras de diversão, desculpas de maus perdedores que não conseguem ganhar dentro do campo e querem atirar areia para os olhos dos adeptos”, afirmou à Tribuna Expresso.
“É uma campanha de desestabilização difamatória de presidentes de clubes que têm orçamentos astronómicos, ao contrário do nosso, que é baixo, pois quem joga no Canelas dá tudo”, diz ainda Madureira, assumindo que a equipa joga “com muita garra” e de forma “viril”.
“O futebol é isso mesmo, não é ballet ou natação, modalidade onde não há contactos”, justifica o líder da claque portista, negando a ideia de “jogo duro” do Canelas que é apontada pelos clubes rivais.
As acusações contra o Canelas não são apenas desta época, já na temporada passada houve clubes que se recusaram a jogar contra a equipa e “90% dos árbitros mostraram-se indisponíveis para apitar jogos do clube dos Super Dragões”, aponta o Diário de Notícias.
Este jornal divulga mesmo vários vídeos, publicados no YouTube, com situações que ilustram a tensão sentida em alguns jogos do Canelas e lances disputados com bastante dureza.
ZAP / Lusa / Futebol 365
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