Cristiano Ronaldo tem estado na mira do fisco espanhol e, caso seja confirmada culpa no escândalo de alegada fuga aos impostos, a pena pode chegar a seis anos de prisão.
Quem o diz é o secretário-geral da Gestha (sindicato dos técnicos do fisco espanhol), José María Mollinedo, em declarações à rádio catalã RAC 1.
A Autoridade Tributária espanhola está a investigar as informações veiculadas por órgãos de comunicação social de vários países – o caso Football Leaks – sobre um esquema de fuga ao fisco de futebolistas, entre os quais está, alegadamente, Cristiano Ronaldo, e que envolve o empresário Jorge Mendes.
O avançado português terá, segundo o El Mundo, utilizado empresas fictícias sediadas nas Ilhas Virgens para ocultar receitas de publicidade de 150 milhões de euros e, segundo o Der Spiegel, alguns colaboradores próximos de Ronaldo revelaram-se preocupados com a possibilidade de detalhes da sociedade caribenha chegarem ao conhecimento das autoridades.
“As informações sobre Cristiano Ronaldo levam a crer que poderá ter cometido uma fraude superior a 160 milhões de euros. A confirmar-se, estaríamos perante um delito fiscal agravado, o que implica uma pena de prisão mínima de dois anos por cada ano de infração. Se a investigação abrange três anos, o mínimo são seis anos de prisão”, afirmou Mollinedo.
Ouvido no programa “El món a RAC1”, Mollinedo apontou que a pena pode ser reduzida caso os investigados “reconheçam judicialmente os factos e paguem o valor da fraude” nos dois meses seguintes ao início do processo.
O responsável da Gestha diz ainda que o Congresso espanhol “terá de decidir se a Agência Tributária atuou corretamente”, nomeadamente nos casos em que se chegou a acordo com o fisco para fechar a investigação. “Parece-nos grave que não se considere existir um elemento de delito. Que não se considere que existe a vontade de enganar”, afirma Molllinedo.
Real Madrid exige “respeito máximo” por Cristiano Ronaldo
Depois de notícias que dão conta de que Cristiano Ronaldo terá ocultado ao fisco espanhol pelo menos 150 milhões de euros, o Real Madrid saiu em defesa do internacional português, pedindo que este seja respeitado.
Em comunicado, a equipa merengue, que considera o comportamento do português “absolutamente exemplar durante toda a sua trajetória” no clube, emitiu esta terça-feira uma declaração.
“Tendo em conta as notícias que se publicaram nos últimos dias e tendo em vista o certificado emitido pela Agência Tributária, que prova que o nosso jogador tem todas as suas obrigações fiscais em dia, o Real Madrid C. F. exige o máximo de respeito por um jogador como Cristiano Ronaldo, cujo comportamento tem sido absolutamente exemplar durante toda a sua trajetória no nosso clube”.
O ministro das Finanças, Cristóbal Montoro, esclareceu, em declarações informais aos jornalistas, que a Autoridade Tributária espanhola atua em função de um protocolo pré-estabelecido e comprova informações divulgadas pelos órgãos de comunicação social com relevância fiscal.
Apesar de defender que o Fisco deve fazer o seu trabalho de investigação, Montoro assinalou que não é aconselhável agir unicamente em função das notícias que são divulgadas, observando que, por vezes, elas não correspondem aos indícios existentes.
Na sexta-feira, os membros do European Investigative Collaborations (EIC), que incluem o Expresso, noticiaram que Cristiano Ronaldo evadiu milhões de euros em impostos através de uma sociedade nas Ilhas Virgens.
A informação, que também envolve outros jogadores, entre os quais Fábio Coentrão, Ricardo Carvalho ou Pepe, assim como o internacional alemão Mesut Özil, do Arsenal, foi colhida a partir de 1.900 gigabytes de documentos a que o referido consórcio europeu teve acesso e sobre os quais trabalharam 60 jornalistas durante mais de sete meses.
De acordo com os documentos, cedidos aos OCS pela plataforma digital Football leaks, são muitas a estrelas do futebol internacional que se esforçam por ocultar os seus rendimentos ao fisco, dando como exemplos concretos os de Ronaldo e Özil.
Entretanto, a Gestifute, do agente Jorge Mendes, que representa os interesses de Cristiano Ronaldo e José Mourinho, já tinha feito saber, na quinta-feira, numa declaração pública, que ambos estão em dia com as suas obrigações fiscais, tanto em Espanha como no Reino Unido.
Na mesma declaração, enviada à Agência Lusa, a Gestifute sublinhava que Cristiano Ronaldo e José Mourinho nunca estiveram envolvidos em qualquer processo judicial relativo à prática de qualquer delito fiscal e ameaçava que qualquer insinuação ou acusação dessa natureza em relação a ambos será denunciada e perseguida nos tribunais.
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