O recurso ao vídeo-árbitro vai entrar em vigor na próxima época de futebol, na I Liga, revelou esta quinta-feira o presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Fernando Gomes, depois da autorização do International Board (IFAB).
“O IFAB, em função da capacidade que cada federação demonstra, pode autorizar a sua utilização oficial. E já recebemos a indicação de que isso será possível no nosso caso”, salientou Fernando Gomes em declarações à assessoria da FPF.
O responsável máximo do futebol português explicou que a época de 2017/18 estava destinada a ser de testes, uma vez que a aplicação do vídeo-árbitro seria definitiva em 2018/19, mas que o órgão que rege as leis da arbitragem pode, em função da capacidade de cada Federação, autorizar a utilização oficial.
Assim, o sistema de ‘auxílio’ aos árbitros será “introduzido oficialmente em todos os jogos da Liga na época 2017/19”, com indica hoje a FPF, no sentido de “dar as melhores condições aos árbitros”.
“Queremos claramente que os árbitros errem cada vez menos e esta ferramenta, estamos convencidos, será muito importante para diminuir a margem de erro”, justificou ainda Fernando Gomes, esclarecendo que os custos, elevados, serão assumidos pela FPF.
O dirigente historiou também o processo deste avanço tecnológico em matéria de arbitragem, desde que há cerca de ano e meio, e que levou o organismo a testar o sistema em modo ‘off line’ em nove jogos da Taça de Portugal, além de estar previsto em direto já na Taça de Portugal, a 28 de maio, na final entre Benfica e Vitória de Guimarães.
“Vamos testar ‘live’ na Final da Taça de Portugal. Já tivemos nove ou dez árbitros envolvidos nestes testes e foram dois árbitros portugueses que testaram a sua utilização para a FIFA. A Final da Taça de Portugal será o culminar de um processo longo, com um enorme envolvimento da nossa equipa”, acrescentou.
Vídeo-árbitro “não é cura para todos os males”
Em declarações ao jornal Record, Luciano Gonçalves, presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), diz estar satisfeito com a introdução deste sistema mas diz que “não é a cura para todos os males” no futebol português.
O responsável acredita que irá ajudar a reduzir “o ruído” à volta da arbitragem mas alerta que “é preciso ter em conta que isto não vai eliminar o erro a 100 por cento. É uma grande ajuda, mas não vai ser a salvação para o futebol português”, explica.
Luciano Gonçalves pede, por isso, “bom-senso” para que seja possível “aproveitar as vantagens do vídeo-árbitro e não acabar com o projeto à nascença”.
“O mais importante, mais uma vez, é que todos mudem a mentalidade, que atualmente é de permanente responsabilizar os árbitros pelo insucesso das respetivas equipas”.
O processo teve início a 5 de março de 2016, quando o International Board aprovou o vídeo-árbitro, com dois anos para testes, e em junho assinou o protocolo que incluiu Portugal entre seis países pioneiros, juntamente com Austrália, Brasil, Alemanha, Holanda e Estados Unidos.
Em 2016/17 o início da época futebolística em Portugal arrancou com o Supertaça entre o campeão Benfica e o vencedor da Taça de Portugal Sporting de Braga (3-0), num jogo em que o vídeo-árbitro foi testado ‘offline’.
Depois disso, mais oito jogos tiveram o acompanhamento do vídeo, sem ser em direto, todos da Taça de Portugal, até ao teste que decorrerá a 28 de maio, no Estádio do Jamor, naquele que será o primeiro em direto e antes da introdução na I Liga da próxima época.
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