Cristiano Ronaldo coloca a bola na marca fatal e distancia-se da bola, o guarda-redes não sabe para onde é que o craque vai chutar. Ou será que sabe? Um grupo de investigadores portugueses garante ter desenvolvido um algoritmo que acaba com o mito de que os penalties são uma questão de sorte.
O projeto de inteligência competitiva no desporto, que ainda não tem nome, começou a ser testado durante a Taça das Confederações – competição na qual a seleção portuguesa foi eliminada nas meias-finais pelo Chile, precisamente nos penalties – para aperfeiçoar o algoritmo, e até agora “deu resultados muito bons”, disse à EFE o coordenador do estudo, Alexandre Real.
A ideia surgiu durante o Euro 2016, disputado em França, no qual o investigador, especialista em liderança e gestão de equipas, trabalhou como comentador num programa de rádio, durante o jogo dos quartos-de-final em que Portugal derrotou a Polónia na disputa de penalties.
O investigador começou a perguntar-se sobre como os técnicos preparavam as equipas para esta parte do jogo: “Era feito através do ‘chutómetro’, com vídeos e a intuição do guarda-redes”, explica Real.
A partir daí, o investigador decidiu realizar um projeto para desenvolver uma ferramenta que, com base científica, permitiria aos técnicos preparar os seus guarda-redes para melhorar a eficiência nesse quesito.
Com a coordenação científica de João Fialho, professor da American University of Middle East, o grupo de investigadores reuniu milhares de vídeos de penalties numa base de dados para criar um algoritmo que permitisse prever o comportamento dos jogadores nesses lances.
“Agora mesmo está em 80%, antes do final do ano vai estar desenvolvido a 100%”, detalhou Real, garantindo que até ao momento não existia nenhum algoritmo deste tipo no mundo do futebol.
O projeto conta com dados das principais competições, como a Liga dos Campeões, o Mundial, o Euro e os campeonatos nacionais de países como Espanha, Portugal, Inglaterra e Itália, e já permitiu obter resultados concretos.
“Chegámos à conclusão de que Cristiano Ronaldo é mais eficiente do que Messi nos penalties, ainda que tenha um ponto fraco: bater no meio da baliza”, revelou o coordenador do projeto.
O atacante português converte 83% das penalidades máximas que tenta: 89% à direita do guarda-redes e 85% à esquerda, mas apenas 58% dos chutos são no meio da baliza.
“Há sempre um conjunto de vícios que todos os jogadores têm conforme o lado em que batem o penalti. Por exemplo, há um jogador da seleção do Chile que faz sempre um certo tipo de simulação quando vai bater no lado direito e outra diferente quando vai para o esquerdo”, apontou Real, sem revelar o nome do jogador.
O algoritmo tem sempre associada uma margem de erro que depende do jogador e do contexto da jogada.
O projeto deverá começar a ser comercializado a partir de dezembro aos “principais clubes do futebol europeu”, ainda que com uma regra básica: só uma equipa por país e por competição.
“A informação que damos é tão precisa que se a oferecermos a mais de um clube por país, anula o benefício do serviço“, defendeu o coordenador, que estima que uma equipa pode ter entre três e 12 pontos a mais por temporada graças a este estudo.
Além disso, o grupo descarta oferecer o serviço a outros mercados complementares, como sites de apostas esportivas ou estatísticas dirigidas aos meios de comunicação. O grupo ainda revela que a iniciativa não ficará só pela marcação de penalties.
“Identificámos oportunidades de desenvolvimento de mais algoritmos, principalmente no caso de jogadas de bola parada, como faltas e cantos“, concluiu.
[sc name=”assina” by=”ZAP” url=”https://www.efe.com/efe/brasil/esportes/penalti-e-loteria-grupo-de-pesquisadores-portugueses-afirma-que-n-o/50000244-3312947″ source=”EFE” ]
Deixe um comentário