“Eu já disse à minha filha, eu só vou dia 11 para Portugal. Vou ficar cá muito tempo e vou lá e vou ser recebido em festa”, disse Fernando Santos de peito cheio e poucos foram os que acreditaram.
Depois de uma competição marcada pelos empates, de quase cem minutos sem Ronaldo – no último jogo – e de o mais criticado virar o grande herói da nação portuguesa, faz hoje um ano que, em França – e contra ela -, a seleção nacional pôs um país inteiro a chorar, desta vez de alegria, e soube levantar uma taça como ninguém. Pelos 11 milhões.
Esta segunda-feira, passado um ano desde a vitória portuguesa, o presidente da Federação Portuguesa de Futebol Fernando Gomes falou à Lusa sobre a conquista: “É um dia que nunca mais esqueceremos. Aquele remate do Éder já na segunda parte do prolongamento, aqueles minutos finais que nunca mais passavam, a alegria imensa quando tudo se confirmou. A festa que todos os portugueses fizeram e a forma como, a 11 de julho, fomos recebidos… São imagens e sensações que guardaremos para sempre”.
A vitória da competição europeia foi um feito inédito na história do futebol português sénior. O presidente da Federação não esconde que sempre acreditou, lembrando que esta era uma conquista já há muito procurada pelos portugueses. “Sentíamos que era possível voltar de França como campeões europeus. Não era uma obrigação, mas era um desejo muito forte, que a partir de certa altura, se tornou um objetivo claro”.
Fernando Gomes lembrou ainda a importância do papel do selecionador Fernando Santos e dos jogadores. “Destaco o papel do nosso selecionador, Fernando Santos, que acreditou sempre, e os jogadores, naturalmente: os 23 que estiveram em França e também aqueles que, não tendo estado na fase final, contribuíram para o apuramento. Este foi um título de todos os portugueses”.
O dirigente confessa também que acredita que a vitória portuguesa só veio trazer à seleção um estatuto mais vincado e que ganhar uma competição como o Euro2016 depende de muitos fatores.
“Nunca se pode tomar esse objetivo como garantido, porque há outras seleções com qualidade que procuram o mesmo. Mas, o que me parece fundamental destacar é que Portugal tem estatuto, dimensão e qualidade para acreditar, quando inicia a presença numa grande competição, que a pode vencer ou, pelo menos, que tem condições de chegar à final ou às meias finais”.
“O título europeu de 2016 foi o culminar de um percurso sólido e bem-sucedido, que queremos prolongar e reforçar. Como refere muitas vezes o selecionador nacional Fernando Santos, Portugal não entra nas competições como favorito, mas todos, a começar pelos portugueses, sabem que somos candidatos a vencer”, rematou Fernando Gomes.
A depressão pós-Euro 2016
Mais de um terço dos jogadores que participaram na histórica conquista da seleção portuguesa de futebol no Euro2016 sofreu de uma ressaca negativa em termos de utilização nos respetivos clubes, com Renato Sanches a encabeçar a lista.
O médio que alinha pelo Bayern Munique, tinha tido uma ascensão meteórica em 2015/16, que acabou por lhe valer um lugar na lista de Fernando Santos para o Campeonato da Europa. Renato Sanches foi, de longe, o campeão europeu que mais sofreu na época 2016/17, depois de os alemães terem pagado 35 milhões de euros – que podem chegar aos 80 – ao Benfica.
Na temporada que antecedeu o Euro, Renato Sanches somou 35 jogos pela equipa principal do Benfica, 31 dos quais como titular, anotando dois tentos e somando 2698 minutos.
Um ano volvido, em 2016/17, o médio, de 19 anos, contabilizou apenas nove partidas no onze inicial dos bávaros, num total de 25 participações, não marcou qualquer golo e averbou 905 minutos em campo, situação que ajudou a que ficasse fora dos eleitos para a Taça das Confederações.
Além do jovem médio, também Eduardo, Pepe, Ricardo Carvalho, Vieirinha, Eliseu, João Mário, Nani e Rafa foram menos utilizados nos respetivos clubes, na temporada que terminou, embora por razões diferentes.
João Mário, que foi um dos indiscutíveis do selecionador durante a campanha triunfante em França, trocou o Sporting pelo Inter Milão, também por muitos milhões, após uma época em que tinha registado 45 jogos, sete golos e 3598 minutos ao serviço dos ‘leões’.
Em Itália, o médio, de quem se diz poder estar a caminho do Paris Saint-Germain, começou por ser aposta constante, mas, a meio da época, deixou de ser opção regular na equipa principal e fechou a temporada com 23 presenças na formação titular, num total de 32 jogos, 2169 minutos e três golos.
O central Pepe, que na passada semana assinou contrato com os turcos do Besiktas, depois de uma década no Real Madrid, teve uma época 2016/17 fustigada por lesões, que o limitaram a 1460 minutos pelos merengues, divididos por 18 jogos, em contraste com os 31 encontros e 2734 minutos somados na temporada que antecedeu o Europeu.
Nani foi outro dos elementos lusos afetados com problemas físicos no pós-Euro2016. O extremo, que foi o segundo atleta mais utilizado por Fernando Santos no Europeu, fechou a campanha ao serviço do Valência com praticamente metade dos jogos, dos minutos e dos golos que tinha alcançado pelo Fenerbahçe um ano antes.
O mesmo sucedeu com Rafa, que trocou o Sporting de Braga pelo Benfica e acabou por ter uma utilização consideravelmente inferior. Em 2015/16, o extremo somou 50 jogos – 41 como titular, 12 golos e 3770 minutos pelos minhotos, enquanto em 2016/17 entrou de início em 20 partidas, anotou dois tentos e foi aposta de Rui Vitória em 1808 minutos.
Já Eduardo deixou a titularidade no Dínamo Zagreb para ser o terceiro guarda-redes no Chelsea, enquanto Ricardo Carvalho, que tinha terminado contrato com o Mónaco em 2016, optou por rumar ao futebol chinês, em fevereiro deste ano, tendo apenas um encontro realizado pelo Shanghai SIPG.
Por seu lado, Vieirinha e Eliseu também não deram sequência ao desempenho anterior ao Europeu. O lateral/extremo do Wolfsburg enfrentou algumas lesões e foi apenas titular em 16 encontros durante a temporada, não mais sendo chamado por Fernando Santos, ao passo que o lateral do Benfica, 44 vezes titular em 2015/16, foi relegado para suplente de Grimaldo, ainda que tenha aproveitado a lesão do espanhol para ser aposta em 20 jogos, 19 delas como titular.
Os restantes 14 campeões europeus pouca variação sofreram em termos de utilização, sendo que, em alguns casos, conseguiram mesmo superar o registo pessoal que antecedeu o Campeonato da Europa, como são os exemplos de Cristiano Ronaldo, Cédric, João Moutinho, Danilo, Quaresma e de Éder, autor do golo da vitória sobre a França, na final disputada precisamente há um ano, em Saint-Denis que ficou a 1-0.
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