Até aos 9 anos, Jéssica Correia quis ser veterinária, depois enveredou pela ginástica acrobática, num sonho que ganha dimensões planetárias a partir de sábado, quando se tornar a primeira ginasta portuguesa a integrar o Cirque du Soleil.
A maior companhia de circo do mundo e o espectáculo Varekai passam a contar, a partir de sábado com a “Jessy”, que aos 18 anos salta do Acro Clube da Maia (ACM) para Montreal, no Canadá, consumando o sonho que ganhou vida em si quando em 2011 viu o espectáculo Varekai em Lisboa.
“Naquela altura soube o que queria para a minha vida”, disse a n.º 1 do ‘ranking’ mundial de ginástica acrobática em 2016.
Foi precisamente nesse ano que o destino a fez cruzar-se com dois treinadores do Cirque du Soleil, Caitlan Maggs e Alexey Karuline, que estiveram no ACM.
“Eles estiveram cá uma semana a treinar com a nossa classe de elite e um deles sugeriu que eu fizesse um casting e vídeos”, explicou Jéssica, relatando um processo de candidatura que virou contrato no dia a seguir a mais um espectáculo Varekai, este ano, em Lisboa.
“Em janeiro fui ver a Lisboa o Varekai e, no dia seguinte, recebi o contrato para o espectáculo”, explicou a jovem que no sábado vai cruzar o oceano Atlântico para uma aventura, para já com prazo até 31 de dezembro de 2017.
Uma vez em Montreal, nos 20 dias seguintes Jessy estará em formação para “aprender a parte artística, técnica, dos fatos e da maquilhagem”, sendo que depois vai “juntar-se à trupe para começar a trabalhar a sua participação no espectáculo”.
Com presenças nos Campeonatos do Mundo de Ginástica Acrobática de 2014 e 2016, Jessy tem a sua estreia no espectáculo Varekai prevista para 20 de setembro, em Riga, capital da Letónia.
“Até lá, acompanharei a trupe nos espectáculos na Noruega, Suécia e Estónia mas apenas para treinar e me ambientar com tudo aquilo“, explicou a jovem da Maia.
E, com a trupe a “tratar de toda a logística necessária” Jessy sabe que ser a primeira ginasta portuguesa é “uma grande responsabilidade e orgulho” pois, afirmou, está “onde muitas queriam estar”, baseando-se nisso “para ganhar forças para se separar da mãe e do irmão”.
“Mesmo nos Mundiais, nunca estive tanto tempo longe da família, mas este é o meu sonho”, destacou, ciente de que “convencer um juiz para obter uma boa nota desportiva é bem diferente da exigência de ter de estar à altura de um público habituado à excelência do espectáculo”.
A obrigatoriedade de ter de abdicar dos estudos enquanto durar o contrato não lhe retira a determinação pela formação superior e pensa em fazer bioengenharia caso o contrato não seja renovado.
“Estou em contagem decrescente”, confirma, por entre um sorriso envergonhado, ao mesmo tempo que confirma “não lidar muito bem com o frio” que vai encontrar no Canadá e nas digressões pelo norte da Europa.
Dadas as suas características acrobáticas, Jessy vai atuar na parte do ‘Slippery Surface” do espectáculo Varekai, que conta a história de um jovem solitário que cai do céu para viver uma história de descoberta e encantamento.
Assim espera Jessy seja também essa a sua história, chegando do céu, solitária, para a descoberta do seu sonho que começa aos 18 anos.
[sc name=”assina” by=”ZAP” source=”Lusa” ]
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