O futebol norte-americano uniu-se este domingo no desafio ao presidente dos Estados Unidos Donald Trump, com jogadores, treinadores e proprietários a ajoelharem-se massivamente durante o hino nacional antes dos desafios da liga profissional da NFL.
Horas antes, no Twitter, Donald Trump sugeriu aos proprietários que os atletas que ajoelhassem durante o hino fossem demitidos dos seus clubes, considerando o gesto como falta de respeito pelo país, com o governante a apelar ainda aos adeptos para boicotarem os jogos da NFL.
“Se os adeptos da NFL se recusassem a ir aos jogos até que os jogadores deixassem de faltar ao respeito à nossa bandeira e país, veriam mudanças rápidas. Despeçam-nos ou suspendam-nos!”, ‘twittou’ o dirigente.
Trump acrescentou que “a assistência aos jogos da NFL e os índices de audiência estão de rastos. Jogos aborrecidos, mas muitos assistem porque amam o nosso país. A liga deveria apoiar os Estados Unidos.”
O presidente norte-americano foi ainda mais longe na linguagem, ao sugerir aos proprietários das equipas que dissessem aos desportistas rebeldes “tirem esse f… da p… do campo agora mesmo”.
If NFL fans refuse to go to games until players stop disrespecting our Flag & Country, you will see change take place fast. Fire or suspend!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) September 24, 2017
A verdade é que a vaga de protestos inundou as imagens de televisão durante todo o domingo, com jogadores, treinadores e proprietários dos clubes unidos, com um joelho no relvado e braços entrelaçados: em Foxborough, Massachussetes, 15 dos jogadores dos New England Patriots, campeões em título, deram o exemplo.
Mais de 20 atletas dos Cleveland Browns também se ajoelharam no chão enquanto o hino nacional ressoava no jogo contra os Indianapolis Colts: além deste gesto, repetido em vários outros estádios, alguns jogadores negros também levantaram os punhos, imitando o gesto de dois atletas afro-americanos durante os Jogos Olímpicos de 1968.
Em Chicago, a maior parte dos atletas dos Pittsburg Steelers nem sequer ouviram o hino no terreno de jogo, ficando nos balneários.
“Grande solidariedade para o nosso hino nacional e para o nosso país. Estar de pé abraçados é bom, ajoelhados é inaceitável“, respondeu o presidente dos Estados Unidos.
A origem deste gesto remonta ao verão de 2016, quando o ex-‘quarterback’ dos San Francisco 49ers, o afro-americano Colin Kaeernick, se ajoelhou durante o hino em protesto contra os assassinatos de vários negros à mão de polícias brancos, provocando na altura um escândalo nacional.
“Não me vou levantar para mostrar orgulho pela bandeira de um país que oprime a gente negra e de cor”, justificou o atleta, atualmente sem clube.
A NFL respondeu às críticas de Trump considerando que os comentários do presidente do país provocam “divisão” e revelam uma “grande falta de respeito”.
No sábado, Trump também entrou em colisão com o basquetebol, quando retirou o convite a Stephen Curry, estrela da NBA, e aos campeões Golden State Warriors, para visitar a Casa Branca.
“Ir à Casa Branca é considerado uma grande honra para uma equipa campeã. Parece que Stephen Curry duvida. Como tal, o convite está retirado“, disse Donald trump, novamente no twitter.
Curry tinha dito que não queria que a equipa visitasse a Casa Branca, onde as equipas campeãs costumam ser homenageadas, em protesto contra o mandato de Trump.
Em resposta ao presidente, a equipa, que recebeu várias mensagens de apoio e solidariedade, irá a Washington em fevereiro para celebrar a “igualdade, a diversidade e a inclusão”.
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