O Sporting conseguiu chegar a acordo com o Novo Banco e com o BCP para o perdão de 94,5 milhões de euros que tinha em dívida. Uma operação que alivia as contas da SAD e que reforça a posição do presidente Bruno de Carvalho, nomeadamente perante o maior accionista, Álvaro Sobrinho, que dava sinais de contestação à actual direcção.
Foi Bruno de Carvalho quem anunciou que conseguiu “negociar uma melhoria das condições da reestruturação financeira” da SAD, num artigo de opinião publicado no Diário de Notícias na segunda-feira, reduzindo a dívida do clube de 135 para 40,5 milhões de euros.
O Correio da Manhã avança agora que está em causa um perdão de 94,5 milhões de euros, conseguido no âmbito dos chamados Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis em Acções (VMOC). A SAD vai, assim, pagar ao Novo Banco e ao BCP 30 cêntimos por cada VMOC quando estes custaram 1 euro aos bancos.
Com o perdão da dívida, o Sporting fica a apenas 17,5 milhões de euros de garantir a maioria da SAD, enquanto anteriormente precisaria de 44 milhões para esse efeito.
O CM lembra que a primeira operação de emissão de VMOC ocorreu em 2011 por 55 milhões de euros. A segunda desenrolou-se em 2014 por 80 milhões de euros. Estas operações financeiras permitiram à SAD do Sporting livrar-se de dívidas bancárias de 135 milhões de euros. A renegociação permite agora ao Sporting recomprar os activos por apenas 40,5 milhões de euros.
O clube compromete-se a adquirir 17,5 milhões em VMOC já na próxima temporada. Até 2026, prazo em que terminam os contratos, compromete-se a recomprar o valor restante.
Novo Banco e BCP tinham já colocado os valores em dívida pelo Sporting como imparidades e, portanto, como perdidos. Esta renegociação permite-lhes garantir a entrada de pelo menos 40,5 milhões de euros.
A operação, que não foi comunicada à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), já motivou um pedido de esclarecimentos do órgão supervisor do mercado de acções, destaca o Jornal de Negócios.
A SAD leonina assegurou à CMVM que a renegociação da dívida não tem impacto contabilístico nas contas, uma vez que a recompra dos VMOC será feita pelo clube e pela Sporting SGPS e não pela SAD. Por outro lado, a SAD vinca que o processo não implica alterações na estrutura accionista, cita o Negócios.
Todavia, para o economista Paulo Reis Mourão, professor na Universidade do Minho, “parece claro haver um divórcio com os actuais parceiros“, a Holdimo, sociedade do empresário Álvaro Sobrinho, em declarações ao Jogo.
“Alguém vai perder e não é pouco”, considera Mourão, frisando que “sejam bancos ou entidades bancárias”, o que lhe parece evidente é que “o Sporting passa o ónus para as entidades bancárias e pode haver mudança de investidores”.
A Holdimo é a maior accionista da SAD, a seguir ao clube, com 28,85% das acções, e manifestou-se contra a decisão de Bruno de Carvalho de suspender o plantel, nos dias de alta tensão vividos no Sporting, após as críticas do presidente aos jogadores. Chegou a anunciar-se que a sociedade de Sobrinho teria sondado Luís Figo para aferir se ele teria disponibilidade para se candidatar à presidência do Sporting.
Mas com esta renegociação da dívida, as movimentações para a substituição de Bruno de Carvalho na liderança do Sporting parecem perder força.
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