O juiz de instrução criminal do Tribunal do Barreiro decretou, esta segunda-feira, a medida de coação de prisão preventiva a todos os 23 arguidos detidos na sequência das agressões na Academia do Sporting, em Alcochete.
Num comunicado divulgado às 20h15, é referido “que se verificam todos os pressupostos, objetivos e subjetivos, dos tipos de crimes que lhes são imputados e que se verificam ainda os perigos referidos nas alíneas a) a c) do artigo 204 do processo penal”, pelo que, além do Termo de Identidade e Residência, é aplicada a medida de coação de prisão preventiva.
O advogado Nuno Rodrigues Nunes responsabilizou os jornalistas pela decisão do tribunal, acusando-os de terem montado “um circo desnecessário” em torno do caso.
“A forma como os jornalistas empolaram este assunto, não sei até que ponto não teve consequências. Estamos aqui a falar da verdade. A verdade não é a vossa verdade. Este caso não tem a gravidade que fizeram parecer ter. Vocês fizeram um circo à volta disto sem necessidade nenhuma”, acusou.
“Não era preciso este circo todo”, reiterou o advogado, depois de considerar que “foram os jornalistas que, ao empolarem o caso, contribuíram para o resultado final”.
A advogada Maria João Mata também se mostrou revoltada com a medida de coação aplicada aos 23 arguidos, mas poupou os jornalistas e apontou ao tribunal. “Estou chocada, indignada. Acreditava que existisse Justiça. Acho que é inacreditável com aquilo que consta no processo, com os indícios que ali estão, colocar todos os arguidos no mesmo saco. É indescritível o que foi feito ali. E mais chocada estou ao saber que, quando ainda estou na sala de audiências, ouvir um despacho quando os órgãos de comunicação social já sabem qual é a medida de coação”.
A advogada disse achar impossível “23 jovens daquela idade terem praticado todos os atos, terem sido os mesmos a praticar o crime de sequestro e outro tipo de crimes que estão elencados naquele despacho de promoção”, referiu, acrescentando que, na sua opinião, não estavam preenchidos os pressupostos para o crime de terrorismo.
“Eu acredito que não, mas parece que é o que a sociedade quer. A mão do Juiz de Instrução Criminal foi muito pesada. Acho que não é assim que este país pode evoluir. Ainda acreditava que havia separação de poderes, acredito na justiça e hoje tive a maior desilusão que há muitos anos não tinha. Olhando para o processo e o que ali está, não pode dar este resultado, ser igual para 23 arguidos. É impossível”, acrescentou.
Questionada pelos jornalistas sobre a possibilidade de, durante a inquirição, alguma vez se ter falado do presidente do Sporting, Maria João Mata foi perentória, assegurando que nunca foi falado o nome de Bruno de Carvalho.
Na última terça-feira, antes do primeiro treino para a final da Taça de Portugal, a equipa de futebol foi atacada na Academia do clube, em Alcochete, por um grupo de cerca de 50 alegados adeptos encapuzados, que agrediram técnicos e jogadores, tendo a GNR detido 23 dos atacantes.
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