Técnico relata pânico em Alcochete. Bruno tem “até amanhã para se demitir”

Bruno de Carvalho, presidente do Sporting

Foi “um filme de terror” o que se viveu na Academia de Alcochete, na semana passada, quando jogadores e elementos da equipa técnica do Sporting foram agredidos por um grupo de adeptos encapuçados. O preparador físico Mário Monteiro foi uma das vítimas e conta o que aconteceu, e que o leva a abandonar o futebol.

Em declarações ao Jornal de Notícias, Mário Monteiro lamenta que não tem “condições psicológicas” para continuar a trabalhar na equipa técnica do Sporting, depois das agressões em Alcochete.

“Foi absolutamente traumatizante, foi um acto terrorista“, queixa-se o técnico leonino que vai voltar a dar aulas de Educação Física na Escola de Vila Nova de Famalicão onde está colocado.

“Fui atacado nos pulsos e no tronco com uma tocha a arder a 240 graus centígrados”, relata ainda Mário Monteiro. “Estou há 25 anos no futebol profissional e nunca, mas nunca, pensei viver o que vivi”, lamenta.

“Tenho muita dificuldade em adormecer e, no meio dos pesadelos, acordo como se estivesse na guerra do Iraque“, acrescenta o técnico, dizendo que se sente “inseguro e perseguido”, até porque ainda há suspeitos à solta.

“As câmaras de segurança filmaram 38 pessoas a entrar. Estão 23 em prisão preventiva. Portanto, há 15 indivíduos que estão soltos e que podem ser um perigo para a equipa técnica e plantel”, diz Mário Monteiro.

O preparador físico também refere que “na Academia, só se entra com autorização, ninguém entra sem estar identificado”. “Não sei quem deu autorização ao grupo para entrar”, diz, notando que perdeu a confiança nos dirigentes da SAD.

Filho de ex-directora do SEF entre os suspeitos

O Tribuna Expresso apurou, entretanto, que elementos da equipa técnica leonina foram ameaçados por desconhecidos, isto já depois das detenções dos 23 suspeitos.

Entre os detidos estará o filho de uma ex-directora do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) que terá sido reconhecido por Rafael Leão, jovem talento do Sporting, por ter sido seu colega de turma no 10.º ano, revela a Sábado. O irmão e o pai deste suspeito terão “protagonizado em 1997, um assalto a uma carrinha de valores, que ficou conhecido como o “assalto do século” XX”, salienta a publicação.

O Tribuna Expresso revela também detalhes dos testemunhos prestados pelos jogadores na GNR, evidenciando que os depoimentos deixam a ideia de que o grupo de agressores “actuou sempre em bloco, com alguma organização”, levando a cabo actos que pareceram “premeditados, barrando claramente a tentativa de fuga dos atletas para o exterior”.

Os agressores teriam como principais alvos Acuña, Rui Patrício, William e Battaglia e além das agressões com murros, pontapés e cintos – e até com um garrafão de 25 litros de água que terá sido arremessado contra a cintura e costas de Bataglia -, foram muitas as ameaças e os insultos.

“Se não ganham a Taça estão fodidos”, terão ameaçado alguns dos adeptos.

O scout do Sporting, José António Laranjeira, relata, no seu testemunho à GNR, que, já depois das agressões, ouviu uma conversa entre Jorge Jesus, William Carvalho e cinco elementos do grupo de agressores, que tinham a cara descoberta, em que estes terão dito que “Não era isto que pretendíamos, o nosso objectivo era falar com os atletas“, cita o Tribuna Expresso.

Bruno tem até amanhã para se demitir

Entretanto, continuam as dúvidas em torno do futuro de Bruno de Carvalho no Sporting. O presidente tem dado sinais de que está a preparar a próxima temporada, como atesta a contratação de Augusto Inácio para o cargo de director-geral do futebol.

Inácio vai assumir “a responsabilidade da gestão plena do futebol profissional do Sporting” e Bruno de Carvalho deixará de se sentar no banco de suplentes, durante os jogos, anunciou o clube em comunicado.

A medida parece pretender apaziguar a tensão com os jogadores, e até afastar as hipóteses de surgirem rescisões unilaterais alegando incompatibilidades com os responsáveis do clube.

Mas a vaga de contestação a Bruno de Carvalho, entre alguns sectores leoninos, continua e o Correio da Manhã avança que o dirigente “tem até quinta-feira para se demitir”. Se não o fizer, “será alvo de um processo disciplinar”, nota o diário.

Certo é que nesta quinta-feira, vai decorrer uma nova reunião dos órgãos sociais do Sporting, depois de o encontro de segunda-feira ter sido inconclusivo, esperando-se mais novidades neste âmbito.

Rui Patrício em retiro espiritual…

A instabilidade directiva mantém também em suspenso o plantel, com muitas especulações de mercado a surgirem. Em Itália, avançava-se na terça-feira que Rui Patrício estaria em Nápoles, a fazer exames médicos para se transferir para o clube.

Porventura para contrariar os rumores, o guarda-redes publicou no seu perfil no Instagram uma imagem no centro espiritual The Ashram Shree Peetha Nilava, na Alemanha, ao lado do guru hindu Swami Vishwananda, que já apoiou Rui Patrício noutras ocasiões.

https://www.instagram.com/p/BjFqNvJDl4D/

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Comentários

3 comentários a “Técnico relata pânico em Alcochete. Bruno tem “até amanhã para se demitir””

  1. Avatar de Filho da Capital
    Filho da Capital

    Não, por favor não te demitas. E depois vamos rir à conta de quem? Fica, fica, fica, peço-te encarecidamente.

  2. Avatar de Ana Isabel
    Ana Isabel

    Zap, encapuçados? Ou encapuzados?
    Corrijam por favor.
    Obg.

    1. Cara Ana Isabel,
      Obrigado pelo reparo.
      Segundo o dicionário a que recorremos em caso de dúvida, encapuçado=encapuzado.

      en·ca·pu·ça·do
      (particípio de encapuçar), adjectivo
      O mesmo que encapuzado.
      en·ca·pu·çar
      verbo transitivo e pronominal
      1. Cobrir ou cobrir-se de capuz. = ENCAPUCHAR, ENCARAPUÇAR
      verbo transitivo
      2. [Figurado] Disfarçar.
      Sinónimo Geral: ENCAPUZAR

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