A Comissão de Fiscalização designada pela Mesa de Assembleia Geral do Sporting anunciou, esta quarta-feira, ter suspendido preventivamente o Conselho Diretivo do Sporting, uma decisão com efeitos imediatos.
De acordo com os responsáveis da Comissão de Fiscalização – João Duque, António Santos e Rita Garcia Pereira – que estiveram presentes na conferência de imprensa desta manhã, Bruno de Carvalho e o restante Conselho Diretivo estão suspensos.
“Entendeu-se não haver necessidade de instaurar o procedimento prévio de inquérito e partir-se imediatamente para a suspensão preventiva, tal como tinha sido requerido pelos sócios participantes e, simultaneamente, deduzir-se a competente nota de culpa, que seguiu ainda hoje para os membros do CD. Tem efeitos imediatos e a partir de agora para os visados se pronunciarem”, disse Rita Garcia Pereira, citada pelo Observador, acrescentando que o Conselho Diretivo tem agora dez dias úteis para o contraditório.
“Foi envidada documentação que reunia matéria indiciária suficientemente forte que permitia tomar esta decisão por violação dos estatutos do Sporting Clube de Portugal. Qualquer ato que seja tomado pelo CD a partir daqui será nulo e de nenhum efeito“, explicou ainda António Santos, acrescentando que os membros do Conselho Diretivo estão suspensos dos cargos e impedidos de entrar nas instalações.
Neste preciso momento, o clube passa a ser dirigido pelo presidente demissionário da Mesa da Assembleia Geral, Jaime Marta Soares, que deverá, nas próximas horas, nomear uma Comissão de Gestão para dirigir os destinos do clube até à Assembleia Geral agendada para dia 23 de junho, avança o jornal Público.
O dirigente leonino já reagiu ao envio da nota de culpa da Comissão de Fiscalização. “Aqui está a golpada que estou a falar faz duas semanas”, escreveu na sua página do Facebook.
“Este pelotão de fuzilamento que se auto-intitula Comissão de Fiscalização foi criada para isto: Nunca quiseram realizar a AG de dia 23; é uma tomada de poder à força; é completamente ilegal tudo o que se está a passar”, acusa.
“Os sócios têm de se revoltar perante esta tomada de poder! Quem manda no Clube são os sócios todos e não meia dúzia! Esta Comissão de Fiscalização que escreve esta carta não existe por isso os sportinguistas têm de responder à altura!”, conclui.
“Ninguém foi suspenso”
O presidente do Sporting ligou em direto para a SIC Notícias, afirmando que esta Comissão de Fiscalização é ilegítima e que, por isso, vai “continuar a trabalhar como normalmente”.
“É uma tentativa de tomar o poder à força”, disse Bruno de Carvalho, sublinhando que não o surpreendeu e que já estava a contar com esta tomada de posição.
“O único órgão eleito legitimamente em funcionamento é o Conselho Diretivo e tomamos as nossas decisões, perante os estatutos e a lei, e as decisões são as corretas. Existe uma Comissão Transitória e de Fiscalização no Sporting que não é esta”, referiu.
O líder leonino afirmou-se tranquilo e revelou que a Comissão Transitória e de Fiscalização real do Sporting tem nas suas mãos um pedido para a expulsão de Marta Soares e das pessoas que fazem parte das restantes comissões.
O presidente dos leões criticou ainda o ‘timing’ escolhido para o anúncio da suspensão, próximo de duas assembleias gerais que considera decisivas para o futuro do Sporting, a 17 de junho e a 21 de julho, e considerou que tudo voltará à normalidade.
“Ninguém foi suspenso. Isto foi apenas para estragar o feriado. As pessoas perceberam perfeitamente que a assembleia geral do dia 17 vai ser de sucesso. São jogadas, golpadas, um ultimato de desespero“, acrescentou.
Entretanto, a Comissão Transitória (CT) da Mesa da Assembleia Geral (MAG) garantiu que Bruno de Carvalho e o Conselho Diretivo vão continuar em funções, apesar da suspensão imposta pela Comissão de Fiscalização.
“Vou garantir que ele vai continuar em funções”, disse Elsa Tiago Judas em conferência de imprensa, acrescentando: “É a lei que lhe dá a garantia de que vai continuar em funções (…) Com certeza que o dr. Bruno de Cravalho e a sua direção estão legitimados por quem têm de estar, pelos sócios”.
Elsa Tiago Judas, que participou na conferência de imprensa juntamente com Bernardo Trindade Barros, explicou a ausência de Bruno de Carvalho: “Não está aqui presente, porque entendeu que nós podemos explicar o que se passa”.
“Clima de animosidade”
Esta decisão surge um dia depois de se saber que no despacho do juiz, que decretou prisão preventiva para os alegados adeptos que invadiram a Academia de Alcochete, surge o nome de Bruno por ter potenciado o “clima de animosidade” que levou às agressões.
O juiz, que decretou a prisão preventiva aos 27 arguidos do processo das agressões de Alcochete, considerar que Bruno de Carvalho incentivou o clima de animosidade, que já era sentido na Juve Leo, contra os jogadores e a equipa técnica do Sporting.
Depois da invasão à Academia do Sporting, a maioria dos membros da Mesa da Assembleia Geral (MAG) e do Conselho Fiscal e Disciplinar (CFD) e parte da Direção apresentaram a sua demissão, defendendo que o presidente não tinha condições para continuar no cargo.
Após duas reuniões dos órgãos sociais, o presidente demissionário Jaime Marta Soares marcou uma Assembleia Geral para votar a destituição do Conselho Diretivo, para 23 de junho, sobre a qual foi interposta uma providência cautelar para a sua realização pela MAG que foi indeferida liminarmente pelo Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa – e criou esta Comissão de Fiscalização para evitar o vazio provocado pela demissão em massa do CFD.
O CD do Sporting, afirmando que não reconhece legitimidade à MAG, nomeou uma Comissão Transitória da MAG, que, por sua vez, convocou uma Assembleia Geral Ordinária para 17 de junho, para aprovação do Orçamento da época 2018/19, análise da situação do clube e para esclarecimento aos sócios, e marcou uma AG eleitoral para a MAG e para o CFD para 21 de julho.
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