Os sócios do Sporting elegem, este sábado, o 43.º presidente do clube, entre seis candidatos que procuram suceder a Bruno de Carvalho, o primeiro a ser destituído em 112 anos de história e que já ameaçou impugnar as eleições.
João Benedito (lista A), José Maria Ricciardi (lista B), Frederico Varandas (lista D), Rui Jorge Rego (lista E), José Dias Ferreira (lista F) e Tavares Pereira (lista G) são os seis pretendentes que se mantiveram até ao fim na corrida.
Recorde-se que, esta semana, o sétimo candidato, Pedro Madeira Rodrigues (lista C), derrotado por Bruno de Carvalho em 2017, desistiu da sua candidatura para apoiar a do ex-banqueiro Ricciardi.
As eleições para os órgãos sociais do Sporting, que decorrem no Estádio José Alvalade, começaram às 09h00, hora em que já estavam milhares de sócios a aguardar na fila, que já circundava o estádio.
Além dos votos por correspondência recebidos na sede do Sporting até às 20h00 de sexta-feira, poderão exercer todos os sócios que “registem entrada no local, ou que se encontrem em espera no local de entrada, até às 19h00“.
Esta será a maior operação do género no clube lisboeta, visto que os 51.009 sócios com direito a voto constituem também o número máximo alguma vez alcançado.
O presidente da Mesa da Assembleia Geral (AG) do Sporting, Jaime Marta Soares, revelou que, na primeira meia hora após a abertura das urnas, votaram mais de 750 sócios, antecipando uma afluência recorde nas eleições.
“Tem decorrido tudo de forma pacífica e ordeira, com uma disciplina maravilhosa. Às 09h30, já tinham votado mais de 750 sócios. É uma média extraordinária. Se se mantiver assim até ao encerramento das urnas, poderá ser um recorde em termos de presença de sócios”, afirmou, esta manhã, na primeira atualização aos jornalistas.
O líder da Mesa da AG mostrou-se “muito orgulhoso e feliz por sentir que os sócios estão a dizer presente” e apelou para que os associados se desloquem a Alvalade para participar no ato eleitoral.
Quanto a uma eventual aparição do ex-presidente Bruno de Carvalho em Alvalade, Marta Soares foi perentório: “Não estou à espera. Não há razão para vir a Alvalade, porque não pode exercer o direito de voto”.
Posteriormente, na segunda atualização aos jornalistas, pouco depois das 11h30, o presidente da Mesa da AG revelou que já tinham votado cerca de cinco mil sócios. “É a garantia de que virão muitos sócios”, afirmou.
Bruno de Carvalho, eleito presidente pela primeira vez em 2013 e reeleito em 2017, com 86,13% dos votos, nas eleições mais concorridas de sempre, tentou entrar na corrida, mas viu a lista que encabeçava ser rejeitada por estar suspenso de sócio e já ameaçou impugnar o ato eleitoral.
O ex-presidente não resistiu à grave crise institucional motivada pelas agressões de adeptos do clube a vários futebolistas – nove dos quais rescindiram unilateralmente, alegando justa causa -, na academia de Alcochete, e foi destituído em Assembleia Geral extraordinária, em 23 de junho, pouco mais de um ano após a reeleição.
Naquela altura, o Sporting já vivia sob a liderança da uma Comissão de Gestão (CG), presidida por Artur Torres Pereira – que terá de ‘entregar a pasta’ ao presidente que sair das eleições de hoje -, enquanto para a SAD foi designado Sousa Cintra, em substituição de Bruno de Carvalho.
De acordo com o relatório enviado hoje à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Sporting SAD registou um prejuízo de 19,9 milhões de euros na época de 2017/18, depois do lucro anterior de 30,5 milhões de euros.
Sousa Cintra informa que “em termos de capitais próprios, a Sociedade voltou a registar um valor negativo, após o desempenho positivo do ano anterior, fechando o exercício com 13 ME negativos, fruto do pior desempenho em termos de receitas e do aumento dos custos/investimento na equipa de futebol profissional”.
Esta sexta-feira, a Comissão de Fiscalização do Sporting recomendou a expulsão do clube do ex-presidente, depois de comunicar a expulsão de Elsa Tiago Judas e de Bernardo Trindade Barros, sócios que integraram a comissão transitória.
“Uma nota de culpa foi emitida contra os participantes nesses órgãos fictícios, tendo a CF votado a expulsão do clube desses dois membros que, como especialistas em Direito, não podiam desconhecer o dolo, o dano e o prejuízo que causaram ao clube e a confusão e perplexidade criada aos seus sócios. Para tanto, militou também o facto de, à data da assunção de funções, não terem as suas quotas regularizadas”, refere em comunicado.
Esta punição da CF segue-se a uma decisão anterior deste mesmo órgão, de 2 de agosto, na qual suspendeu o ex-presidente por um ano e os restantes membros do Conselho Diretivo, com exceção de Luís Roque, por dez meses.
“Os factos que levaram a tais medidas, além de outros aspetos, têm como fundamento a criação de forma abusiva por aquele Conselho de órgãos não previstos estatutariamente. Esses órgãos baseavam-se em pareceres jurídicos sem fundamento elaborados por aquela que viria a ser a presidente da chamada CTMAG, Elsa Judas, no que foi coadjuvada por outro jurista e professor de leis, Trindade Barros”, refere a CF do Sporting.
O órgão diz ainda que foi enviada uma outra nota de culpa aos ex-membros do Conselho Diretivo, visando o comportamento destes durante e nos tempos subsequentes à AG de 23 de junho, mas que o CF não poderá terminar este processo.
“Não pode por razões de tempo este CF terminar o processo, vendo-se obrigado, tal como fará a outros, a deixar as decisões no Conselho Fiscal e Disciplinar a ser eleito amanhã [sábado], confiando que os superiores interesses do Sporting Clube de Portugal serão sempre o farol daqueles que o vierem a compor (quaisquer que sejam os vencedores)”, refere a Comissão de Fiscalização.
Ainda assim, o órgão deixa a recomendação de expulsão de Bruno de Carvalho e Alexandre Godinho, “tendo em conta as continuadas violações regulamentares e estatutárias, a instabilidade criada com factos falsos e os ataques constantes aos órgãos sociais legítimos” do Sporting.
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