Bruno de Carvalho está a ser interrogado no Tribunal do Barreiro, em Setúbal, depois de um atraso de quase duas horas, motivado pela greve dos oficiais de justiça. A chegada do ex-presidente do Sporting foi marcada por uma manifestação de apoiantes e por uma finta das autoridades.
Os jornalistas não conseguiram filmar a chegada de Bruno de Carvalho ao Tribunal do Barreiro, onde está a ser interrogado pelo juiz de instrução criminal no âmbito das suspeitas de que foi o autor moral do ataque à Academia do Sporting, em Maio de 2018.
As autoridades criaram uma manobra de diversão e os repórteres acompanharam a carrinha errada. Bruno de Carvalho seguia, afinal, noutro veículo para o Tribunal, onde um pequeno grupo de apoiantes o aguardava, com insultos aos jornalistas. Estes elementos acabaram por ser identificados pela polícia, segundo refere a TSF.
O interrogatório a Bruno de Carvalho, que estava marcado para as 10 da manhã, acabou por começar quase duas horas depois, devido à greve dos oficiais de justiça que se realizou entre as 9 e as 11 horas.
A paralisação destes funcionários judiciais, cujo trabalho é imprescindível para a realização das diligências, regressa a partir 16 horas, altura em que deverá necessariamente terminar o interrogatório a Bruno de Carvalho. A situação pode vir a complicar o trabalho do Ministério Público (MP) que tem que avançar com uma eventual acusação até 15 de Novembro, ou seja, esta quinta-feira.
Bruno financiava claque com dinheiro do Sporting
O ex-presidente do Sporting está indiciado por 56 crimes, incluindo crimes de de terrorismo, de dano com violência, de sequestro, de ofensa à integridade física qualificada, de detenção de arma proibida e de ameaça agravada.
Telefonemas e testemunhos foram essenciais para a detenção de Bruno de Carvalho, neste domingo, o mesmo dia em que foi detido o líder da claque Juventude Leonina, Nuno Mendes, mais conhecido por Mustafá.
Bruno de Carvalho é visto como o autor moral dos ataques à Academia, que culminaram com a agressão a vários jogadores. O ex-oficial de ligação do Sporting com as claques, Bruno Jacinto, também arguido no caso, terá revelado que Mustafá lhe disse que o ex-presidente deu “luz verde” para o ataque.
Bruno Jacinto terá também revelado aos investigadores que Bruno de Carvalho referiu, por várias vezes, que era ele quem “mandava” na Juve Leo. “Na Juve Leo mando eu”, terá afirmado o ex-presidente, segundo cita o Correio da Manhã (CM) notando que Jacinto revelou que Bruno de Carvalho financiava a claque com dinheiro do Sporting.
De acordo com Jacinto, Bruno de Carvalho discutia com Mustafá “questões operacionais, como a compra de tochas e outro material pirotécnico“, como nota o CM.
O Ministério Público (MP) deverá pedir a prisão preventiva de Bruno de Carvalho, a mesma medida de coacção que foi aplicada aos restantes 38 detidos na investigação.
Entretanto, a procuradora do MP responsável pela investigação, Cândida Vilar, terá solicitado mais seis meses para investigar o caso, alegando a especial complexidade do processo, como nota o Observador.
A procuradora alega “o estado atrasadíssimo das perícias” como uma das causas para este alargamento. O prazo de investigação terminaria nesta quinta-feira, 15 de Novembro, esgotando-se o prazo de prisão preventiva de alguns dos arguidos. Mas se o processo vier a ser prolongado, com o argumento da “especial complexidade”, os prazos duplicam, como nota o Observador.
Uma das diligências que o MP pretende concretizar é a audição de Jorge Jesus, mas o ex-treinador do Sporting, que também foi alvo de agressões na Academia, está actualmente na Arábia Saudita, onde treina o Al-Hilal, e só poderá vir a Portugal em Dezembro.
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