Dois médicos foram esta terça-feira formalmente acusados do homicídio involuntário de David Astori, o capitão da Fiorentina que morreu em março de 2018 devido a uma paragem cardiorrespiratória.
O Ministério Público de Florença, em Itália, revelou que a investigação aberta em dezembro aos profissionais de saúde responsáveis por confirmar a aptidão física do italiano entre 2014 e 2017 está concluída e resultou na acusação dos dois médicos: Francesco Stagno, diretor do Instituto de Medicina Desportiva de Cagliari, e Giorgio Galanti, antigo diretor do Centro de Medicina Desportiva do Hospital de Careggi, em Florença.
Segundo a Gazzetta dello Sport, que teve acesso à investigação, o Ministério Público italiano concluiu que os dois profissionais de saúde são responsáveis pela súbita morte de Astori por terem violado “os protocolos de cardiologia para a confirmação de aptidão física para o desporto competitivo”.
O capitão da Fiorentina foi submetido a um eletrocardiograma em julho de 2016 e a outro em julho do ano seguinte. Nas provas de esforço desses exames, foi detetada a presença de extrassístoles ventriculares: ou seja, o internacional italiano sofria de um problema cardiovascular que provocava a aceleração do ritmo cardíaco.
A condição, contudo, é bastante comum e não merece preocupação de relevo. O procedimento habitual é a realização de uma nova bateria de exames com vista a perceber se o problema já provocou danos no coração e se terá causado questões adicionais. Terá sido esta segunda vaga de exames que Davide Astori nunca fez e que foi o motivo principal para a abertura da investigação aos dois médicos e da consequente acusação.
Stagno e Galanti cometeram um crime ao não submeter Davide Astori a um diagnóstico mais profundo sobre a origem dessas extrassístoles, algo que é também um procedimento habitual para excluir “doenças cardíacas orgânicas” ou “síndrome arritmogénico”.
Para a justiça italiana, o diagnóstico do que levou ao problema cardiovascular do capitão da Fiorentina numa fase inicial teria colocado um fim à atividade física do jogador e prevenido o aparecimento de “arritmias ventriculares malignas” através de medicação.
A polícia italiana chegou a abrir um inquérito judicial à morte de Astori, que foi encontrado morto a 4 de março de 2018 num quarto de hotel em Udine, para averiguar a possibilidade de se ter tratado de um homicídio. A hipótese acabou por ser afastada e a morte do jogador da Fiorentina foi mesmo atribuída a causas naturais.
A presença de extrassístoles ventriculares, contudo, é a principal causa de morte de atletas em atividade e foi na sequência deste mesmo problema que Antonio Puerta, lateral do Sevilha, morreu em 2007, depois de sofrer várias paragens cardiorrespiratórias durante um jogo com o Getafe.
Davide Astori, nascido em San Giovanni Bianco, na província de Bérgamo, tinha 31 anos e jogava na Fiorentina desde 2015, depois de passagens pelo AC Milan, clube em que se formou, Pergolettese, Cremonese, Cagliari e Roma.
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