O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) deteve dois empresários de futebol sul-americanos indiciados por tráfico de seres humanos, constituindo também como arguidos um clube desportivo da Nazaré e o seu presidente.
“O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) deteve ontem, na cidade de Leiria, dois cidadãos sul-americanos, agentes desportivos e responsáveis pela entrada e permanência ilegal de um número substancial de jovens futebolistas, em situação irregular. Os arguidos estão indiciados pela prática dos crimes de tráfico de seres humanos, auxílio à imigração ilegal e falsificação de documentos”, lê-se no comunicado divulgado pelo SEF.
A ação foi coordenada pelo Ministério Público e englobou buscas domiciliárias às residências dos suspeitos, a viaturas e a um clube desportivo da Nazaré, entidade que veio a ser constituída arguida, tal como o presidente, indicou a entidade, revelando que, em resultado das buscas realizadas, foi apreendida documentação relacionada com o esquema de angariação de futebolistas, assim como material informático e de comunicações.
“Esta ação constituiu o desfecho de meses de investigações iniciadas pelo SEF em finais de 2018. Na altura, no final do ano passado, uma outra ação do SEF levou à identificação de cerca de duas dezenas de cidadãos estrangeiros em situação irregular, jovens futebolistas, que se encontravam alojados em áreas afetas à associação desportiva, agora constituída arguida, em condições indignas, vivendo com extremas dificuldades económicas”, diz a SEF.
“Comprovou-se que teriam vindo para território nacional, angariados através de um esquema que envolvia vários intervenientes, e no qual os cidadãos agora detidos desempenhavam um papel crucial”, revelou.
Segundo o serviço de segurança, “aos atletas, todos sul-americanos, era prometida a legalização em território nacional e a celebração de contratos profissionais como futebolistas, a troco de elevadas quantias monetárias, sendo que, em muitos casos, a vinda implicou o endividamento das respetivas famílias”, porém, “já em território nacional, os atletas eram canalizados para o clube em questão, mas sem que qualquer das promessas fosse cumprida”.
Depois de inicialmente alojados pelos empresários em apartamentos, os atletas acabaram por ser progressivamente abandonados por estes, tendo terminado alojados, sem quaisquer condições, nas instalações onde foram identificados pelo SEF, muitas vezes sem alimentação adequada e desprovidos de contrapartidas financeiras pela atividade desportiva desenvolvida.
“Alguns dos atletas acabaram, entretanto, por abandonar o país e outros, inclusive com o apoio do SEF e dentro do quadro legal vigente de proteção a vítimas de tráfico de seres humanos e de ações de auxílio à imigração ilegal, aguardam a regularização em território nacional”, informou o SEF, referindo que esta operação, denominada Fair Play, contou com a participação de 17 operacionais da força policial.
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