A Câmara Municipal do Porto anunciou este domingo ter-se “desinteressado” da candidatura à realização de jogos do Campeonato da Europa de futebol de 2020, por “não ver garantido retorno mínimo para a cidade”.
“Tratando-se de um modelo de campeonato em tudo diferente dos anteriores e não estando definidas as seleções que disputariam um número muito limitado de jogos no Estádio do Dragão (único na cidade do Porto que cumpre os critérios estabelecidos pela UEFA), resulta também indefinido qual o retorno potencial para a cidade”, refere a autarquia presidida pelo independente Rui Moreira, num comunicado enviado à agência Lusa.
Apesar de ter aceitado “estudar com a Federação Portuguesa de Futebol” (FPF) o “apertado e exigente caderno de encargos” do Euro2020, a Câmara do Porto concluiu “não estarem reunidas as condições mínimas para que sejam assumidos importantes compromissos futuros (muitos deles externos à autarquia)”, que, sustenta, “apenas fariam sentido se estivessem garantidas correspondentes condições de retorno turístico e promocional para a cidade do Porto e para os seus munícipes”.
Segundo esclarece, “o que estava proposto ao Porto seria receber um número muito reduzido de jogos, de um grupo, não estando garantido qualquer jogo da seleção portuguesa e não podendo o Estádio do Dragão aceder aos jogos das fases mais adiantadas da prova, devido à sua lotação”.
“Por outro lado – acrescenta – face ao alargamento do número de países na primeira fase da competição, nem sequer estava garantido que o jogo ou jogos a disputar no Porto fossem os mais interessantes, quer do ponto de vista desportivo, quer do ponto de vista da promoção externa da cidade nos mercados de maior interesse turístico”.
Na sexta-feira, a FPF anunciou ter prolongado até 21 de abril o prazo dado às câmaras municipais de Lisboa e Porto para a entrega de candidaturas à realização de algumas partidas do Campeonato da Europa de 2020.
Segundo esclareceu a FPF numa nota publicada no seu sítio oficial na Internet, as duas autarquias poderão entregar os “dossiers” de candidatura à organização conjunta do Euro2020 até às 12:00 de 21 de abril, de forma a que possam entrar na UEFA até dia 25.
A decisão, acrescenta o organismo máximo do futebol português, “levou em conta o interesse manifestado pelas duas autarquias em apresentar ‘dossiers’ de candidatura completos que possam ser analisados e remetidos à UEFA antes do prazo-limite estabelecido pelo organismo que tutela o futebol europeu [dia 25 de abril]”.
O prazo oficial dado inicialmente pela FPF tinha terminado na quinta-feira, sem que tivesse sido apresentado qualquer “dossier” de candidatura.
Na quinta-feira, o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, disse estar a avaliar, com a FPF e a Câmara do Porto, uma candidatura para que a capital receba jogos do campeonato europeu de futebol de 2020.
“Ainda não há nenhuma decisão final tomada. Temos estado a avaliar isso com a Federação, a Câmara do Porto e entre nós. E [estamos] a medir bem o passo. Temos de tomar bem a decisão e tomá-la-emos no momento oportuno. Mas ainda não temos decisão final”, afirmou António Costa, salientando que esta é uma decisão que tem de ser tomada de “forma ponderada”, pelas especificidades do Euro2020 e pelo caderno de encargos que as cidades que receberem jogos terão de assumir.
A fase final do Europeu de futebol de 2020 irá disputar-se de uma forma inédita, já que os jogos vão realizar-se, pela primeira vez na história do campeonato, em 13 países.
As regras exigem para as meias-finais e para a final estádios com lotação superior a 70 mil lugares, o que afasta desde logo essas três partidas de Portugal.
/Lusa
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