Francisco J. Marques, defendeu hoje em tribunal que a divulgação dos e-mails do Benfica seguiu o “interesse público”, ilibando ainda a SAD portista desse anúncio. O diretor de comunicação do FC Porto acusa o Benfica de “espionagem”.
Ouvido em declarações na quinta e última sessão no Juízo Central Cível do Porto do processo movido pelo Benfica, o réu Francisco J. Marques disse que começou a ter acesso aos e-mails “em abril de 2017”, tendo-os recebidos em três períodos.
Os primeiros e-mails, disse, foram para a sua conta no FC Porto, enquanto outros, “encriptados”, seguiram “para a conta [email protected]”, que entretanto criou, dado que recebe diariamente “cerca de 500 e-mails” na sua conta do clube, sendo assim “mais fácil de fazer a verificação” do que ia chegando.
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Sobre a sua divulgação no programa do Porto Canal ‘Universo Porto’, Francisco J. Marques defendeu que o fez “sem pedir ou receber ordem da SAD” do FC Porto, embora, na tarde anterior à revelação, tenha informado os administradores “Pinto da Costa, Adelino Caldeira e Fernando Gomes” que o iria fazer à noite.
“Não foi autorizado nem era preciso“, reiterou o diretor portista, que “ilibou” a SAD portista de um processo que defendeu “seguir o interesse público” na divulgação dos e-mails, em que “procuraram apenas as tramoias do Benfica”.
Em declarações ao juiz, o responsável pela comunicação dos azuis e brancos diz que “não foi delineada qualquer estratégia com a administração e que o clube, no início, nem deu grande importância ao tema da cartilha. Segundo o Correio da Manhã, quando questionado sobre se tinha planeado a forma como iria divulgar as coisas, Marques hesitou e o juiz avisou-o para não fazer ninguém de “parvo”.
O SL Benfica acusou o FC Porto de fazer espionagem, mas para Francisco J. Marques, “o Benfica é que fazia espionagem“. Alguns dos e-mails recebidos pelo diretor de comunicação do FC Porto eram mensagens escritas de Fernando Gomes, o atual presidente da Federação Portuguesa de Futebol.
De acordo com o Jornal de Notícias, Francisco J. Marques alega que “há um claríssimo interesse público” na revelação dos e-mails e defende que o seu comportamento “foi de jornalista”, embora não tenha carteira profissional. “Fi-lo pelo interesse público e, em parte, do FC Porto e dos outros clubes prejudicados“, acrescentou.
Arrependimento no livro “O polvo encarnado”
Na continuação das suas declarações em tribunal, Francisco J. Marques confessou estar “arrependido” por ter intitulado o livro de “O polvo encarnado”, confessando que, se fosse hoje, preferia chamar-lhe “A teia do poder encarnado”.
Em tribunal, o portista alega que apenas ganhou “cerca de 3500 euros” com a venda do livro, entre 2017 e 2018.
“Manipulações, dissimulações, compadrios e influências ilegítimas. A história do futebol português nos últimos anos é negra, mas tem de ser contada e bem conhecida. Os tentáculos do Polvo Encarnado chegam a todos os recantos da sociedade, manipulando a verdade desportiva e fomentando um clima de ódio entre clubes”, assim é descrito o livro na sinopse.
O livro foi escrito com a ajuda de Diogo Faria, o colaborador no departamento de comunicação do FC Porto, com quem Francisco J. Marques confidenciou os e-mails recebidos. Os dois elementos da comunicação do clube tinham uma sala privada no qual analisavam o correio eletrónico das “águias”.
O jornal Record destaca que foi estabelecido um prazo de dez dias para a apresentação por escrito das alegações orais e que, um mês depois disso, será proferida uma sentença.
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