O advogado de Bruno de Carvalho, José Preto, abandonou a defesa do ex-presidente leonino. Esta quarta-feira, o mais carismático arguido da invasão à academia de Alcochete será ouvido em tribunal pela procuradora Cândida Vilar, com a qual já teve atritos no passado.
A relação entre Bruno de Carvalho e Cândida Vilar não começou da melhor maneira. A procuradora, ainda sem provas concretas, acusou o antigo presidente leonino de ter orquestrado o ataque à academia do clube, em Alcochete. Cândida pediu mesmo a prisão preventiva, mas o juiz Carlos Delca entendeu que não havia indícios suficientes.
As tensões imediatamente escalaram entre os dois e o ex-presidente acusou Cândida Vilar de ou “ter uma agenda” ou “um distúrbio“. Esta quarta-feira, encontram-se pela primeira vez em tribunal, onde Bruno de Carvalho deverá ser ouvido no Campus da Justiça.
O processo ainda está na fase de instrução fundamentalmente devido a quatro pedidos de recusa feitos ao juiz Carlos Delca. Apesar de tudo, o juiz já revelou o que pensa em relação ao envolvimento de Bruno de Carvalho neste caso, considerando que há indícios, mas que simplesmente não são muito fortes.
De acordo com o Tribuna Expresso, durante os seis meses que Cândida Vilar esteve a investigar o caso, não conseguiu encontrar nenhuma prova direta que associasse Bruno de Carvalho aos crimes cometidos na academia de Alcochete.
Os indícios que restam são relativos a uma suposta alegação do líder da claque leonina, “Mustafá”, que terá dito que havia luz verde do presidente para o ataque à academia. Esta informação foi dada por Bruno Jacinto, oficial de ligação entre os adeptos e o clube, mas foi negada em tribunal pelo próprio “Mustafá”.
Cândida Vilar realçou que a investigação não estava terminada e que ainda haviam arestas por limar. Nomeadamente, falta recuperar mensagens apagadas do telemóvel do antigo manager do clube, André Geraldes. Bruno Jacinto terá avisado-o do ataque que iria acontecer.
A situação de Bruno de Carvalho também não está nas melhores condições, já que o antigo presidente leonino ficou recentemente sem o seu advogado, José Preto.
O afastamento foi justificado por um requerimento enviado ao juiz Carlos Decla, no qual é explicado que foi entregue um parecer assinado por José Manuel Anes, ex-presidente do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo, que alega que a acusação de terrorismo aos 44 arguidos deste caso é infundada e não tem cabimento.
Em declarações ao Diário de Notícias, José Preto disse “estar em divergência com algumas coisas”, mas que o motivo principal é o documento que chegou ao processo por outro elemento da equipa jurídica, Roberto Silva Carvalho.
“Acho grotesco que se entregue um parecer de uma pessoa que não é jurista. Em matéria de direito, um parecer de um não jurista é proibido. Acho imperdoável que o meu ilustre constituinte se tenha deixado manipular desta maneira”, rematou.
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