O advogado do líder da Juventude Leonina, Filipe Coelho, voltou a apontar baterias a Cândida Vilar, acusando-a de “terrorismo oficial” contra o seu cliente.
De acordo com o Tribuna Expresso, o advogado de Mustafá disse ainda que Cândida Vilar não teve coragem de ir a tribunal ouvir os argumentos dos advogados durante as alegações finais do debate instrutório no âmbito do ataque a Alcochete.
Mustafá foi acusado de tráfico de droga, crime que está na origem da decisão do Tribunal da Relação para o manter em prisão preventiva. E foi esta mesma acusação que motivou as acusações de Filipe Coelho a Cândida Vilar.
De acordo com o advogado, a polícia encontrou 15 gramas de cocaína na “casinha” da Juve Leo, mas sugeriu que a droga era de um homem conhecido por Jojo que “tinha a chave e era o caseiro daquele espaço, onde, aliás, vivia”.
Filipe Coelho argumenta que o seu cliente é vítima de terrorismo institucional, questionando o interrogatório levado a cabo por Cândida Vilar a Jojo.
“Eu fico com medo”, insistiu, contando que se recusou a assinar o auto das buscas à “casinha” apesar da insistência da GNR para que as ordens da procuradora fossem cumpridas. “Se alguém largasse haxixe no palácio de Belém alguém acreditaria que fosse do presidente Marcelo?”, exemplificou.
O advogado diz que defende um “filho de uma branca e de um pai não tão branco“ que, nas palavras de Cândida Vilar, é “nazi, fascista e nacionalista”. Filipe Coelho interpelou o juiz diretamente dizendo que o seu cliente não esteve na academia, não aparece em grupos de WhatsApp e por isso “não pode ser pronunciado”
“Deposito toda a minha confiança em si, juiz”, insistiu.
Advogados pedem nulidade da acusação
Quatro advogados de arguidos do ataque à Academia do Sporting defenderem esta segunda-feira a nulidade da acusação, por entenderem que existiram ilegalidades na recolhe de provas, durante as alegações finais do debate instrutório.
“O senhor juiz teria de destruir toda a prova e todo o processo”, disse Carlos Melo Alves, advogado de Emanuel Calças, considerando que existiu “uma nítida ausência de controlo dos meios de obtenção de prova”.
Já na passada quarta-feira, este advogado tinha apresentando um requerimento a solicitar a nulidade da prova, que depois acabou por ser subscrito por advogados de outros arguidos. Carlos Melo Alves entende que “o Ministério Público deveria ter decidido se a investigação era da competência da Polícia Judiciária ou da GNR e depois deveria ter feito um despacho de delegação de competência”.
Admitindo que o tribunal “considerará toda a prova imaculada”, o advogado do antigo gestor das redes sociais do Sporting, considerou que devem ‘cair’ os crimes de invasão de local privado, de sequestro e de ameaça agravada.
O advogado Amândio Madaleno, defensor de três arguidos, criticou o facto de “a acusação estar feita em bloco, estar mal feita e ser insuficiente” e rebateu o “crime de terrorismo”, considerando que este se insere num quadro bem mais grave.
Aníbal Pinto, que defende quatro dos 44 arguidos do processo, considerou, perante o juiz Carlos Delca, que “não existem atos de terrorismo, mas sim de hooliganismo” e acrescentou: “O que aconteceu em Alcochete é muito grave, mas não tem a gravidade que se quer fazer querer que tem”.
O defensor do arguido João Gonçalves referiu que “o inquérito foi baseado no terror”, criticou os “critérios subjetivos da procuradora para manter as medidas de coação.
O advogado lembrou ainda que “a claque já se tinha deslocado várias vezes a Alcochete para falar com os jogadores e com o treinador para pedirem empenho à equipa”, admitindo que o seu cliente “poderá apenas ser pronunciado pelo crime de introdução em lugar vedado ao público”.
As alegações finais do debate instrutório, que decorrem no Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa, prosseguem durante a tarde desta segunda-feira, com argumentação de mais advogados de defesa.
Aos arguidos que participaram diretamente no ataque à Academia do Sporting, em Alcochete, em 15 de maio de 2018, o MP imputa-lhes na acusação a coautoria de crimes de terrorismo, de 40 crimes de ameaça agravada, de 38 crimes de sequestro, de dois crimes de dano com violência, de um crime de detenção de arma proibida agravado e de um de introdução em lugar vedado ao público.
O antigo presidente do clube Bruno de Carvalho, Mustafá, líder da claque Juventude Leonina, e Bruno Jacinto, ex-oficial de ligação aos adeptos, estão acusados, como autores morais, de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 de ofensa à integridade física qualificada, de 38 de sequestro, de um crime de detenção de arma proibida e de crimes que são classificados como terrorismo, não quantificados.
Mustafá está também acusado de um crime de tráfico de droga.
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