“Sahar”, uma mulher iraniana de 30 anos, morreu após se ter imolado à frente do tribunal ao saber que poderia enfrentar uma pena de prisão de seis meses por tentar entrar num estádio de futebol.
As autoridades iranianas não permitem a entrada de mulheres em recintos desportivos, estando por isso proibidas de assistir a jogos de futebol. No entanto, algumas mais aventureiras tentam a sua sorte e disfarçam-se de homens para poderem ver a sua equipa preferida a jogar ao vivo.
Este foi o caso de uma mulher de 30 anos, conhecida pela alcunha de “Sahar”, que tentou entrar às escondidas num jogo do Estenghlal, mas acabou por ser apanhada pela polícia.
Esteve na prisão de Qarchak durante três dias, acabando por sair posteriormente sob fiança. Segundo a BBC, teve de esperar seis meses para ir a tribunal e, quando finalmente lá foi, foi-lhe dito que a sessão havia sido adiada, uma vez que o juiz teve uma emergência familiar.
Quando regressou mais tarde ao tribunal para recolher o seu telemóvel, ouviu uma conversa de que se fosse considerada culpada, poderia apanhar uma pena entre seis meses e dois anos de prisão. Ao saber desta informação, “Sahar” imolou-se em frente ao tribunal, tendo morrido uma semana depois devido aos graves ferimentos.
A sua irmã disse que ela sofria de um transtorno bipolar e que a sua saúde mental piorou significativamente enquanto estava na prisão.
As mulheres estão proibidas de entrar nos estádios desde 1981. De acordo com o HRW, apesar de não estar escrito em nenhuma lei, a proibição é imposta à força pelas autoridades iranianas.
O suicídio de “Sahar” levantou uma onde de contestação contra esta proibição, com muitos a apelarem para que os jogadores se manifestem e para que a FIFA intervenha.
Masoud Shojaei, capitão da seleção de futebol masculino do Irão, disse no Instagram que a proibição está “enraizada em pensamentos desatualizados e constrangedores que não serão compreendidos pelas gerações futuras”.
Ainda em junho deste ano, o presidente da FIFA, Gianni Infantino, lançou um alerta à Federação Iraniana para que adotasse medidas concretas que permitissem a entrada de mulheres nos recintos desportivos – caso contrário seriam alvo de sanções. Apesar do aviso, no mês passado, as autoridades prenderam quatro mulheres por desrespeitarem a proibição, acabando por libertá-las mais tarde sob fiança.
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