O Bulgária-Inglaterra desta segunda-feira, no qual se disputou a qualificação para o Euro2020, ficou marcado por cânticos racistas e saudações nazis, tendo a partida que ser interrompida por duas vezes na primeira parte.
A partida, que terminaria com a Inglaterra a golear a Bulgária (6-0), foi interrompida duas vezes na primeira parte devido a cânticos racistas. A primeira paragem, conta a imprensa desportiva, aconteceu aos 28 minutos depois de se ouvirem cânticos de adeptos búlgaros.
De acordo com o jornal The Guardian, Vasil Levski, Tyrone Mings e Marcus Rashford, jogadores titulares na partida, foram chamados de “macacos” e alvo de cânticos ofensivos que terão começado ainda no aquecimento.
As seleções voltaram a jogo mas no minuto 42 houve nova interrupção: o árbitro, Ivan Bebek, e o selecionador da formação inglesa, Gareth Southgate, falaram por breves instantes, votando a volta a rolar no estádio Stadion Vasil Levski.
Bebek questionou Southgate sobre se queria levar os seus jogadores para o balneário, tendo o treinador respondido que queria chegar ao intervalo.
Durante as interrupções, o speaker chegou a pedir aos adeptos para que parassem com os cânticos, apelo que foi acatado por alguns; outros, revela o jornal Record, ignoraram o pedido e chegaram a fazer a saudação nazi enquanto o speaker falava.
Racist soccer fans in Bulgaria made monkey noises and chants at Black players from England, forcing refs to twice halt the match.
UEFA has a 3-step protocol allowing refs to suspend or stop a match due to racism. The league says it will investigate this incident. pic.twitter.com/dslNwhC1Ms
— AJ+ (@ajplus) October 14, 2019
Em declarações ao diário britânico, Southgate elogiou a atitude dos seus jogadores, dizendo que estes fizeram uma “declaração importante” ao decidirem continuar a jogar. “Sei que tudo que fazemos pode ser percebido como insuficiente, mas acho que fizemos uma declaração importante”, começou por dizer.
“Fizemos uma declaração importante na forma como jogamos em circunstâncias tão complicadas. Não acho que um jogo desta magnitude tenha de ser interrompido duas vezes (…) Estou incrivelmente orgulhoso de todos os jogadores e de todos os funcionários”.
“Poderíamos ser criticados por não ir longe o suficiente, mas acho que fizemos uma grande declaração e, francamente, estávamos numa situação impossível para acertar a satisfação de todos (…) Os jogadores estavam absolutamente inflexíveis de que queriam continuar a jogar, mas também sabíamos que, se acontecesse alguma coisa na segunda parte, iríamos denunciar e sair” da partida, revelou.
England’s players respond to today’s racist chanting in Bulgaria 🗣️ pic.twitter.com/pg6uJxvriQ
— B/R Football (@brfootball) October 14, 2019
Capitão búlgaro falou com adeptos
O capitão da Bulgária, Ivelin Popov, foi visto numa discussão acesa com alguns adeptos perto do túnel, quando as equipas saiu para o intervalos. “Disseram-me o que fez o capitão da Bulgária no intervalo”, disse Rashford, um dos jogadores visados. “Ficar sozinho e fazer a coisa certa exige coragem e atos como esse não devem passar despercebidos”.
O treinador da seleção búlgara, Krasimir Balakov, negou as acusações de racismo, dizendo que não ouviu os cânticos e que estes alegados abusos devem ser, antes de mais, “provados”. “Não ouvi nada, o comportamento inaceitável foi dos adeptos da Inglaterra”. “Se o nosso capitão falou com os adeptos foi, provavelmente, por causa do desempenho da equipa”, afirmou, citado pela Sky Sports.
Por sua vez, Greg Clarke, presidente da Associação de Futebol, considerou que a noite desta segunda-feira foi “uma das noites mais terríveis” que já viu no futebol.
“Parecia, especialmente na primeira parte, que mal qualquer jogador negro de Inglaterra tocava na bola, surgiam insultos, cânticos sobre macacos e saudações nazi – o pior racismo que já vi num jogo”, relatou Kaveh Solhekol, repórter da Sky Sports no local.
A imprensa inglesa também condenou a atitude dos adeptos búlgaros nas capas desta terça-feira: “Nojento”, “Vergonha”, “Desprezível” e “Expulsem-nos” são alguns dos títulos que fazem as manchetes britânicas de hoje.
Entretanto, e de acordo com o Sapo 24, o Governo búlgaro pediu a demissão do presidente da União Búlgara de Futebol, Borislav Mihaylov, na sequência dos incidentes na partida.
“Depois dos incidentes de segunda-feira, o primeiro ministro [Boiko Borisov] ordenou que se cancelem todas as relações entre o Governo, incluindo as financeiras, e a União [Búlgara de Futebol], até que o presidente apresente a demissão”, declarou o ministro do desporto, Krasen Kralev, à televisão Nova TV.
A UEFA não fez ainda quaisquer comentários sobre os incidentes em Sófia.
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