O Benfica somou três preciosos pontos na visita ao Tondela. Os campeões nacionais venceram por 1-0, golo de Francisco Ferro na primeira parte, num lance de bola parada, e dominaram por completo o desafio, terminando com 64% de posse de bola.
Contudo, este é um resultado algo enganador, sobretudo pelo que aconteceu na primeira parte, altura em que os homens da casa criaram muito perigo, o suficiente para fazerem o marcador funcionar.
No final, o melhor em campo acabou mesmo por ser o guarda-redes do Benfica, Odysseas Vlachodimos, pelo que fez na primeira parte; e no que toca a produção ofensiva, destaque para os expected goals (xG) a favor, superiores para os beirões (0,7), contra um Benfica (0,4) que, mais uma vez, voltou a pecar na eficácia de remate, com um número de enquadrados inferior à média que conseguiu até agora – já de si baixa.
O jogo explicado em números
- O jogo começou praticamente com sentido único, com o Benfica a açambarcar por completo a posse de bola. Contudo, a primeira grande ocasião pertenceu ao Tondela que, aos nove minutos, quase marcou por Denilson, valendo às “águias” Vlachodimos. Logo a seguir foi António Xavier a obrigar Odysseas a nova intervenção de vulto.
- No primeiro quarto-de-hora, o Benfica teve nada menos que 72% de posse de bola, num domínio intenso que, todavia, não impediu os beirões de criarem muito perigo. Na frente, as “águias” somavam três remates, um enquadrado, e no passe registavam 89% de eficácia.
- E aos 19 minutos, essa superioridade “encarnada” acabaria por dar frutos. Álex Grimaldo bateu um canto da esquerda e Ferro, de cabeça, sem necessitar de saltar, rematou para o 1-0. Um tento ao sexto remate benfiquista, segundo com a melhor direcção.
- Benfica na frente à chegada à meia-hora, mas a sensação era de que o domínio lisboeta não encontrava correspondência no controlo do jogo. O Tondela continuava a chegar com rapidez e perigo junto da área de Vlachodimos, em especial pelo seu flanco direito – 55% das vezes, a aproveitar as subidas de Grimaldo -, apesar de ter apenas 28% de posse de bola. Dos seus três remates, dois haviam sido enquadrados, tantos quanto os do Benfica, mas em oito disparos.
- O central Ferro, com um golo, 91% de eficácia de passe e todos os duelos aéreos ganhos, ia-se destacando nos ratings, com 6.5, enquanto do lado anfitrião, António Xavier, com 5.6, fruto de dois cruzamentos, ambos eficazes, bem como um passe para finalização, ia mostrando qualidade extra.
- Vantagem benfiquista numa primeira metade algo enganadora.
- O domínio territorial pertenceu por completo aos “encarnados”, que registaram 66% de posse de bola e mais remates, mas o Tondela – equipa muito rápida no contra-ataque – foi mais perigoso, tendo enquadrado quatro dos sete disparos que fez.
- Assim, não espanta que o melhor em campo nesta fase fosse o guarda-redes do Benfica.
- Vlachodimos chegou ao intervalo com quatro defesas, algumas de grande dificuldade, duas delas a remates na sua grande área e uma a tirar uma bola que se encaminhava para um dos ângulos superiores.
- Reinício monótono, sem intensidade, sem velocidade ou lances de perigo. Chegada a hora de jogo, o Benfica continuava a mandar, desta feita com 60% de posse, mas nesta fase apenas dois remates, ambos para os “encarnados”, ambos sem a melhor direcção. As duas equipas registavam apenas uma acção com bola cada nas áreas contrárias desde o descanso.
- Aos 70 minutos, a toada não havia mudado, com o Tondela muito fechado e o Benfica, pacientemente, em trocas de bola inconsequentes, sem criar desequilíbrios ou movimentos de ruptura na frente, com os alas a caírem muito para o meio para deixar corredores abertos para os laterais Grimaldo e André Almeida, mas sem darem o devido apoio ofensivo. O registo de remates continuava a ser de 2-0, nenhum enquadrado.
- Chiquinho, regressado de lesão e recém-entrado na partida, tentou abanar com o jogo e fez o primeiro remate enquadrado da segunda parte, aos 76 minutos. Ao mesmo tempo, e aproximando-se o fim do jogo, os homens da casa chegaram-se mais perto da baliza benfiquista, mas sem criar o perigo que conseguiram na primeira parte, pelo que o resultado acabaria sem mais alterações.
O melhor em campo GoalPoint
O futebol tem destas coisas. A equipa dominadora, que assumiu todas as despesas ofensivas, foi o Benfica, mas a quase total inoperância ofensiva dos “encarnados” e, sobretudo, a sua incapacidade para travar as transições vertiginosas do Tondela acabou por permitir aos anfitriões criar diversos lances de perigo, em especial no primeiro tempo, altura em que o Vlachodimos fez todas as suas defesas. O guardião benfiquista registou o maior GoalPoint Rating, um assinalável 7.0, graças a quatro defesas, duas a remates na sua grande área, uma a disparo ao ângulo superior, e foi fundamental no triunfo da “águia”.
Jogadores em foco
- Ferro 6.8 – A nota de Ferro assenta, em grande medida, no golo que marcou e que acabou por ser decisivo na partida. Porém, o central nem sempre esteve ao seu melhor nível, com dificuldade para lidar com a velocidade dos avançados contrários. Ainda assim completou 92% dos passes – nove longos em dez -, e fez 15 passes progressivos.
- Rúben Dias 6.2 – O terceiro melhor melhor foi o outro central benfiquista, que completa o trio mais recuado dos “encarnados” na liderança dos ratings – reflexo do jogo. Rúben completou precisamente o mesmo número de passes que Ferro – 56 de 61 -, ganhou os três duelos aéreos defensivos em que participou e somou cinco alívios.
- Pepelu 6.1 – O melhor do Tondela foi o médio espanhol. Pepelu trabalhou muito no “miolo” beirão, terminando a partida com oito passes longos certos em 12, a lançar a velocidades dos avançados. E ainda registou oito recuperações de posse e oito acções defensivas.
- Bruno Wilson 6.1 – Um dos responsáveis pela exibição muito apagada de Seferovic (4.6). O central anulou o suíço, bem como todos os jogadores que apareceram no seu raio de acção, terminando com dois duelos aéreos defensivos ganhos e dez acções defensivas, entre elas três intercepções.
- Franco Cervi 5.8 – De novo titular, o argentino esforçou-se muito em prol da equipa, registando cinco desarmes, o máximo do jogo – característica que o define nos momentos defensivos. Na frente, flectiu muito para o meio, esvaziando possibilidades de entendimento ofensivo com Grimaldo. Para além de um passe para finalização, tentou quatro vezes o cruzamento, sem eficácia.
- Chiquinho 5.4 – O atacante regressou após lesão, entrando a meio da segunda parte para o lugar de Taarabt. Os seus números finais não são extraordinários – dois remates, um enquadrado, 87% de eficácia de passe -, mas teve o condão de abanar um pouco com o jogo.
Resumo
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