Alguns dos arguidos do caso do ataque à academia de Alcochete poderão vir a quebrar o código de silêncio e confessar os crimes cometidos para conseguirem uma melhor pena.
O início do julgamento do processo do ataque à academia de futebol do Sporting, em Alcochete, com 44 arguidos, entre os quais o ex-presidente Bruno de Carvalho, começa na segunda-feira, no Tribunal de Monsanto, em Lisboa.
Em 1 de agosto, o juiz de instrução criminal Carlos Delca pronunciou (decidiu levar a julgamento) todos os arguidos nos exatos termos da acusação do Ministério Público (MP), deduzida pela procuradora Cândida Vilar, depois de vários arguidos requererem abertura de instrução, fase facultativa que visa decidir se o processo segue e em que moldes para julgamento.
Segundo a notícia avançada pelo Expresso, alguns dos arguidos do processo estarão dispostos a quebrar o código de silêncio para conseguirem uma pena mais favorável.
“É expectável que venham a assumir que combinaram o ataque via WhatsApp para irem a Alcochete falar e discutir com os jogadores. E que tudo se descontrolou com atos de violência”, contou uma fonte do processo ao semanário.
“O meu cliente contou tudo desde o primeiro momento: combinou ir lá, esteve lá, mas não agrediu ninguém. E esteve um ano preso por causa disso”, disse Miguel Matias, advogado que defende um arguido de apenas 20 anos.
Dos 44 arguidos, apenas o líder da claque Juventude Leonina (Juve Leo), Nuno Mendes, conhecido como Mustafá, e um outro arguido permanecem em prisão preventiva, 36 arguidos estão em prisão domiciliária e Bruno de Carvalho está sujeito à medida de coação de apresentações quinzenais às autoridades.
Bruno de Carvalho, Mustafá e Bruno Jacinto, ex-oficial de ligação aos adeptos, estão acusados, como autores morais, de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.
A acusação considera que os 41 arguidos que se deslocaram à Academia de Alcochete agiram mediante um plano “previamente traçado” e cumpriram os objetivos de “criar um clima de medo e terror” junto de jogadores e equipa técnica, de agredi-los com tochas, cintos, paus e bastões e de “privar os ofendidos de liberdade” enquanto decorriam as agressões.
O MP defende que estes arguidos “quiserem criar um ambiente de pânico e sofrimento físico e psicológico nos ofendidos (…) e impedir os jogadores da equipa principal de futebol de participar noutras competições, designadamente no jogo da final da Taça de Portugal, face às lesões de que foram vítimas e ao estado emocional em que se encontravam”.
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