União da Madeira corre risco de desaparecer. Jogadores em “quase escravatura” sem “refeições decentes”

O União da Madeira “está ligado às máquinas” e pode fechar portas, dados os graves problemas financeiros que atravessa, com os jogadores em “condições sub-humanas”, com salários em atraso e sem direito a refeições decentes.

Em quatro anos, o clube madeirense passou da I Liga para o Campeonato de Portugal e depois dos muitos milhões de euros que passaram pelos seus cofres, está à beira de desaparecer, sem dinheiro para pagar as despesas básicas, como a conta do gás ou os salários dos jogadores.

O União está ligado à máquina e a máquina pode desligar-se a qualquer momento”, alerta em declarações ao Tribuna Expresso a nova administração da SAD, constituída pelo presidente Jaime Gouveia e pelo administrador executivo Sérgio Nóbrega.

Jaime Gouveia já anunciou que vai pedir uma auditoria externa às contas da SAD e que as conclusões serão enviadas para o Ministério Público.

“Quando aceitei o convite para ser presidente da SAD do União não fazia a mínima ideia que ia meter-me num poço tão fundo. Isto está mesmo no limite“, avisa Jaime Gouveia em declarações divulgadas pelo A Bola.

“O União está ligado às máquinas, é dramático o momento que vive. Os jogadores vivem uma situação dramática e em condições nada dignas para qualquer ser humano”, destaca o dirigente, considerando que “há que colocar fim a esta degradação constante”.

A SAD não sabe se terá dinheiro para terminar a temporada. A equipa perdeu os últimos cinco jogos e há atletas que têm seis meses de salários em atraso. O plantel é composto “por farrapos humanos”, que vivem em “condições sub-humanas”, em “quase escravatura”, sem conforto e nem sempre com acesso a “uma refeição decente”, como afiança a nova SAD ao Expresso.

Alguns dos jogadores quase foram despejados da hostel onde estão a morar, por falta de pagamento, e há atletas que estarão a dormir ou já terão dormido no complexo desportivo, por falta de uma solução de habitação, como apurou o Expresso.

A União da Madeira precisa de 400 mil euros para terminar a temporada, segundo as contas da SAD. E ninguém sabe de onde virá esse dinheiro. Os sócios são apenas cinco mil e os que pagaram as últimas quotas rondam somente os 100.

O acesso ao crédito está difícil e o clube não tem património para vender, já que nem o complexo desportivo onde treina está registado em seu nome. As dívidas da SAD são da ordem dos 4 milhões de euros, incluindo entre os credores as Finanças e a Segurança Social.

No início do ano, o Plano Especial de Revitalização da SAD não foi aceite pelo Tribunal e o impasse prossegue num clube centenário que há bem pouco tempo estava na I Liga. Nessa altura, recebeu cerca de 3 milhões de euros dos direitos televisivos e cerca de um milhão de euros do subsídio do Governo Regional. A SAD também teve direito a 50% do passe de Ruben Micael, após a sua transferência do Nacional para o FC Porto, amealhando 2,5 milhões de euros. O clube também chegou a receber o apoio do Museu de Cristiano Ronaldo.

Mas a descida à II Liga complicou as contas. O clube está, agora, perto do desaparecimento. A última esperança é que surja um salvador milagroso.

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