Alcochete. Arguido iliba Mustafá de dar ordem para o ataque à academia

O líder da Juve Leo, Nuno Miguel Mendes “Mustafá”, é apontado como suspeito de terror em Alcochete

O arguido Valter Semedo disse hoje em tribunal que o objetivo da ida a Alcochete no dia da invasão à academia do Sporting consistia em mostrar aos jogadores “descontentamento de uma maneira não simpática”. Além disso, ilibou Mustafá, o líder da Juve Leo, de ordenar o ataque.

“A ideia era mostrar-lhes o nosso descontentamento de uma maneira não simpática. Chamar-lhes mercenários e dizer-lhes que eles não eram dignos de usar a camisola do Sporting”, disse o arguido, na 34.ª sessão do julgamento da invasão, ocorrida em 15 de maio de 2018, que decorre no tribunal de Monsanto, em Lisboa.

Valter Semedo, de 25 anos, admitiu ter criado o grupo de WhatsApp denominado ‘Academia Amanhã’, no qual foi combinada a invasão ao centro de treinos do Sporting, e disse saber que a “ida não era do conhecimento do Sporting”.

O arguido, que entrou na academia com “a cara tapada com uma t-shirt”, admitiu que Nuno Mendes, ‘Mustafá’, líder da claque Juventude Leonina, também não sabia dos planos.

“Se ele soubesse dessa vontade [de ir à academia], ia entrar em contacto com alguém do Sporting e, como a final [da Taça de Portugal] estava próxima, eu sabia que, o mais provável, era o pedido ser rejeitado”, referiu.

Valter Semedo, que garantiu não ter entrado no balneário, explicou que o jogador William Carvalho o reconheceu e lhe disse: “Valter, o que é isto?”.

“Eu respondi: não sei, vínhamos aqui para falar com vocês e para mostrar o nosso descontentamento”, contou o arguido, acrescentando que William Carvalho lhe disse “que falar era normal, mas não era preciso agredir”.

Na sessão da manhã, foi também ouvido o arguido Pedro Lara que, tal como outros ouvidos anteriormente, admitiu que o objetivo da ida à academia era “criticar os jogadores por o Sporting não se ter qualificado para a Liga dos Campeões e dar um incentivo para a final da Taça de Portugal”.

Pedro Lara referiu já ter ido à academia numa ocasião anterior, “para falar com o treinador José Peseiro”, dessa vez com autorização e sem a cara tapada.

O arguido disse ter tapado a cara “com uma gola, porque sabia que iam estar jornalistas à porta da academia” e ter entrado na ala profissional da academia, mas não no balneário, “onde havia muita gente e barulho”, tendo saído pouco depois.

Percebi que alguma coisa correu mal, pois eles diziam: ‘vamos embora, vamos embora’”, disse Pedro Lara, admitindo que “se tivesse pensado friamente não teria ido”.

O julgamento prossegue à tarde com a audição de dois arguidos, entre os quais Mustafá, que está detido preventivamente desde maio do ano passado.

O processo da invasão à Academia tem 44 arguidos, acusados da coautoria de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.

Bruno de Carvalho, ‘Mustafá’ e Bruno Jacinto, ex-oficial de ligação aos adeptos do Sporting, estão acusados de autoria moral de todos os crimes.

[sc name=”assina” by=”ZAP” source=”Lusa” ]


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