Há precisamente dois anos, a Academia de Alcochete foi invadida por 41 encapuzados. O Sporting ainda hoje sofre com as mazelas de um dos episódios mais marcantes da história do clube.
Faz hoje dois anos que o Sporting viveu um dos dias mais negros da sua história. O ataque à Academia de Alcochete causou o pânico entre jogadores, técnicos e adeptos. Pelas piores razões, o dia 15 de maio de 2018 ficará eternamente na memória de todos os sportinguistas. Incrédulos, todos aqueles que estavam na academia do clube, em Alcochete, viram 41 pessoas invadir o balneário e lançar o terror.
O incidente causou mossa imediata na estrutura do clube e não tardou até que as consequências surgissem. Rui Patrício, Daniel Podence, Gelson Martins, William Carvalho Rúben Ribeiro e Rafael Leão saíram em definitivo após apresentem cartas de rescisão com justa causa.
Rúben Ribeiro e Rafael Leão são dois jogadores cujos casos ainda movem águas em Alvalade. Ainda este mês, Frederico Varandas exigiu 107 milhões de euros de indemnização pelas rescisão unilateral do contrato dos dois jogadores – 45 milhões por Leão e 62,2 milhões por Ribeiro.
O cenário poderia ter sido pior, já que também Bruno Fernandes, Bas Dost e Rodrigo Battaglia fizeram o mesmo. Com a saída de Bruno de Carvalho da presidência do clube, os novos dirigentes conseguiram convencer estes três jogadores a regressar, mas para tal, foi preciso despender 5,6 milhões de euros.
O clube conseguiu também chegar a acordo com Rui Patrício e William Carvalho, mas os dois jogadores acabariam por zarpar para destinos diferentes. Patrício transferiu-se para o Wolves por 18 milhões de euros e William foi para o Bétis por 16 milhões.
Bruno de Carvalho acabou por ser acusado de autoria moral de crimes classificados como terrorismo e de outros 98 ilícitos, mas no passado dia 11 de março, o Ministério Público reconheceu não ter ficado provado o envolvimento de Bruno de Carvalho. Nuno Mendes (Mustafá) e Bruno Jacinto também foram ilibados.
“Há coisas que devemos esquecer. As coisas boas são para recordar, as menos boas não são para lembrar. Isso não é um assunto muito bom, faz parte do passado e nem me quero recordar”, disse o ex-presidente dos ‘leões’ Sousa Sintra em declarações ao jornal Record, lembrando a invasão a Alcochete.
Sousa Sintra assumiu as rédeas entre a saída de Bruno de Carvalho da presidência e a eleição de Frederico Varandas, e entende que fez “aquilo que foi possível fazer, dentro das possibilidades que havia”.
“Só tenho pena de não termos sido campeões e isso é culpa do presidente atual. Se não tivesse desfeito a equipa que estava montada, se calhar tínhamos ganho também o campeonato”, atirou Sousa Sintra.
“Mandou embora o Nani, mandou embora o treinador [José Peseiro]. Quando lhe entreguei a pasta estávamos em 1.º lugar. Quando mandou embora o treinador estava a dois pontos e estava tudo perfeitamente ao alcance”.
O coletivo de juízes liderado por Sílvia Pires definiu o próximo dia 28 para a leitura da sentença do caso.
“É sempre importante que haja uma resolução até do ponto de vista legal, para se encerrar o caso. Há sempre mazelas ou sequelas que acabam por ficar a outro nível, mais ao nível das memórias e recordações de quem foi vítima desse ataque”, diz o psicólogo do desporto Jorge Silvério.
Num documento divulgado esta quinta-feira, Frederico Varandas fez um balanço da primeira metade do seu mandato e traçou o plano estratégico do clube para o futuro.
Lutar pelo título nacional e conseguir o acesso à Liga dos Campeões continuam a ser os principais objetivos do conjunto ‘leonino’. O plano estratégico explica ainda que será feita uma aposta na formação, “num modelo que não compromete o futuro do clube”.
Na altura em que direção de Varandas assumiu funções, o Sporting deparava-se com um défice de tesouraria de 215,5 milhões de euros. Como tal, o presidente sportinguista tomou medidas contra o défice em várias frentes. Um dos primeiros atos foi a emissão de um empréstimo obrigacionista com encaixe de 26,5 milhões e duração de três anos.
O passivo do clube “tem vindo a descer consistentemente”, apesar da pressão provocada pelos efeitos da Covid-19. Em dezembro, que é o valor mais atual, o passivo fixava-se nos 304,1 milhões de euros – um valor inferior aos 310,9 milhões registados em junho de 2017, na presidência de Bruno de Carvalho.
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