Benfica e Aves têm acordos secretos “à margem da lei” para transferência de jogadores

SL Benfica e Desportivo das Aves mantêm acordos “secretos” e “à margem da lei” para a transferência de jogadores, segundo a manchete do jornal Público deste sábado.

A Vila das Aves é um destino frequente para jogadores ‘encarnados’ em empréstimo e a relação entre o SL Benfica e o Desportivo das Aves só se tem intensificado desde que os chineses da Galaxy Believers compraram 90% da SAD. Uma investigação do jornal Público revelou que os dois clubes abriram uma conta corrente oficiosa, em que os avenses chegaram a dever 2 milhões de euros em direitos económicos de jogadores.

Segundo o matutino, o Benfica cedeu, sem encargos, alguns jogadores ao plantel dos avenses, com adendas leoninas e sigilosas nos contratos. A SAD das ‘águias’ explica que “tem contas correntes com todas as SAD com quem tem relações comerciais”. A conta com o Desportivo das Aves está agora com um saldo desfavorável de 786,5 mil euros para o emblema do Norte.

Entre as temporadas de 2017-18 e 2018-19, Luquinhas, Carlos Ponck, Hamdou, Derley, Ricardo Mangas, Bruno Lourenço, André Ferreira, Salvador Agra, Cristian Arango e Mato Milos foram alguns dos jogadores benfiquistas que se transferiram para o Aves, seja por empréstimo ou em definitivo.

Algumas das cláusulas mais lesivas para o Aves são relativas à transferências de Luquinhas. Assim que o Benfica o comprou ao Vilafranquense, em 2017, os seus direitos desportivos foram cedidos ao Desp. Aves, livres “de quaisquer ónus ou encargos”, a título definitivo, assim como 50% dos direitos económicos.

No acordo assinado lê-se que o Aves teria de pagar os 50% numa futura transferência do jogador. No entanto, caso assinasse pelo FC Porto ou pelo Sporting CP, o Aves teria de pagar 5 milhões de euros adicionais. O Benfica tinha ainda preferência de compra dos direitos desportivos do atleta, caso contrário o emblema da Vila das Aves teria também de pagar 5 milhões. Os direitos económicos de Luquinhas poderiam ser readquiridos “pelo valor de 100 mil euros”.

Uma das cláusulas obrigava o Desportivo das Aves a manter o contrato com o jogador até 30 de junho de 2022. Algo que não foi cumprido pelo clube, sendo que o jogador acabou por se transferir para o Légia Varsóvia, da Polónia. Neste caso, estava também prevista uma penalização de 5 milhões de euros.

Especialistas em direito desportivo contactados pelo Público garantiram a existência de ilegalidade em alguns dos termos acordados nos contratos. Por exemplo, as cláusulas anti-rivais são proibidas pela lei portuguesa.

Um dos juristas consultados também alertou para a cláusula de recompra no valor de 100 mil euros, que poderá encobrir materialmente um empréstimo de um jogador disfarçado.

Aliás, não foi só com Luquinhas que o Benfica acordou cláusulas de discutível legalidade e secretas com o Aves. Também foi acordado um contrato semelhante com Ricardo Mangas, produto da formação do Benfica que se transferiu para o Desportivo das Aves.

O Público escreve ainda que a possibilidade de o Benfica estar a transgredir as normas e a emprestar jogadores de forma encapotada foi uma das suspeitas que motivou a operação Mala Ciao.

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Comentários

3 comentários a “Benfica e Aves têm acordos secretos “à margem da lei” para transferência de jogadores”

  1. Avatar de Grammar Nazi
    Grammar Nazi

    Algo que não foi “comprido” pelo clube? Ou algo que não foi “curto” pelo clube? 🙂 é “cumprido”, do verbo cumprir 🙂

    1. Caro leitor,
      Obrigado pelo reparo. A gralha foi corrigida.

  2. Avatar de de mal a pior
    de mal a pior

    Mas a lei é do Benfica e portanto assim irá continuar como de costume e tudo vai dar certinho como habitual.

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