Pinto da Costa elege “recuperação financeira” do FC Porto como prioridade

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O presidente do FC Porto, reeleito para o 15.º mandato consecutivo de um ciclo iniciado há 38 anos, elegeu a “recuperação financeira do clube” como um dos principais objetivos para o quadriénio 2020/2024.

Numa entrevista ao Porto Canal, Pinto da Costa, de 82 anos, defendeu ainda a alteração dos estatutos do clube que, no seu entender, “estão ultrapassados”, para o que irá criar uma comissão, e o desejo de construir uma cidade desportiva.

Eleito com 68,65% dos 8480 votos expressos, numa das eleições mais concorridas de sempre, o dirigente portista afirmou ter ficado “impressionado” com o número de votantes e com a forma como a eleição decorreu.

Pinto da Costa achou “normal” que uma percentagem dos sócios tenha votado em José Fernando Rio (26,44%) e Nuno Lobo (4,91%), opção que respeita e que atribui a “algum desgaste, num momento difícil e delicado, de 38 anos de presidência”.

O dirigente, que é o mais antigo e titulado no mundo, com 1274 títulos em todas as modalidades, dos quais 61 no futebol, reafirmou que Sérgio Conceição é o seu treinador e, por sua vontade, prolongava o vínculo contratual já amanhã.

“Já tive aqui um treinador que estava na cadeira de sonho e desapareceu”, disse Pinto da Costa, numa alusão a André Villas-Boas.

Duas das caras novas na direção portista são as de Vítor Baía, que irá integrar uma comissão virada para o futebol profissional, e Fernando Gomes, para a área da formação, que o presidente considerou dois ídolos e duas mais-valias.

Luís Duque na Liga? “Deus me livre”

Pinto da Costa disse ainda que o atual presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), Pedro Proença, é o seu candidato, caso pretenda ir a votos, e considerou uma “brincadeira” e uma “aberração” falar no nome de Luís Duque, que teria o apoio do Benfica para regressar.

“Só por brincadeira. Já agora, vamos ao Mário Figueiredo. Pedro Proença herdou a Liga de Luís Duque como estava, entregá-la de novo era uma aberração. Deus me livre, acho que nem é coisa para levar a sério”, disse o dirigente azul e branco, citado pelo jornal A Bola.

“Pedro Proença transformou uma Liga praticamente falida e fez coisas fantásticas. Pôde chegar a esta altura e ajudar os clubes da II Liga com mais de 1,5 milhões de euros de um fundo de reserva”, considerou.

O dirigente frisa que a sua opinião é partilhada pela maioria dos clubes, como ficou patente na Assembleia Geral desta segunda-feira, em que foi inequívoco o apoio ao “trabalho brilhante” de Pedro Proença, bem como ao projeto de modelo de governação por si apresentado.

Pinto da Costa devolveu as insinuações do presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, que alegou que Pedro Proença prestava vassalagem a alguns clubes, dizendo que isso não se coaduna com o perfil de alguém que foi o melhor árbitro do mundo.

“Não faço ideia, ao presidente do FC Porto nunca prestou vassalagem, nem eu aceitaria. Seja de quem for. É contra o espírito dele, que foi o melhor árbitro do mundo. Não presta vassalagem a ninguém. Quem é eleito com 96% dos votos dos clubes, então tinha de prestar vassalagem a toda a gente”, disse.

O líder portista voltou a devolver uma insinuação do presidente dos encarnados sobre a futura cidade desportiva do FC Porto, supostamente em Matosinhos, afirmando que “quem fala do que não sabe está sempre sujeito a dizer asneiras” e “quem não é escrupuloso em defesa da verdade sujeita-se a dizer barbaridades”.

Pinto da Costa comentou ainda a presença de Hélder Postiga na lista de Fernando Gomes à reeleição para a Federação Portuguesa de Futebol (FPF), considerando, apesar de desconhecer as funções, que o antigo jogador do FC Porto é um excelente reforço.

Já quanto ao nome da deputada Cláudia Santos para presidente do Conselho de Disciplina da FPF, Pinto da Costa considera “incompreensível”, pois, refere, integrou o período de gestão de Mário Figueiredo na LPFP e “foi posta na rua pelos clubes quando entrou Pedro Proença”.

Pinto da Costa rebateu ainda as acusações de que tem sido alvo de integrar políticos nos corpos gerentes do clube, afirmando que, para si, o que conta é a seriedade das pessoas e, no caso de Rui Moreira, não considera que faça parte dessa classe.

“Rui Moreira nunca pertenceu a nenhum partido e foi como independente que ganhou a Câmara. É um empresário. E se gerir bem a cidade faz dele um político, então seja”, acrescentou.

O presidente dos dragões comentou ainda as notícias que dão conta dos negócios entre alguns clubes, neste caso envolvendo o Benfica e o Desportivo das Aves, e contraria o clube encarnado, que os considera normais e prática comum.

“Não sei que tipo de contratos são. Os contratos do FC Porto são claríssimos e são o que são. Não há simulações nem empréstimos fictícios. Mas há muitas maneiras de fazer negócios, eu falo por mim”, disse o dirigente portista, que não se mostrou surpreendido pelo nome de Paulo Gonçalves estar envolvido.

“Sei de dirigentes que fizeram negócios de jogadores e que depois tiveram de meter uma comissão para o Paulo Gonçalves como se fosse ele a fazer o negócio. Vejo incompatibilidade, mas não sou eu que tenho de ver. Não sou polícia, nem juiz. Mas não acho normal”.

Sobre o ataque ao autocarro do Benfica, o presidente do Futebol Clube do Porto criticou o silêncio do secretário de Estado do Desporto, João Paulo Rebelo, considerando que a violência no futebol também é culpa deste governante.

“O Secretário de Estado do Desporto, tudo o que envolva violência relacionada com o Benfica, não responde. Mas quando o João Félix, à porta do hotel Solverde, foi empurrado por um catraio de 16 anos, o secretário de Estado veio repudiar. Passa-se o que se passa e não diz nada? É o responsável pela situação que estamos a viver, ele e as instituições que dirige”, declarou.

“Ainda recentemente um elemento da claque do Sporting foi espancado por uma dúzia de elementos da claque do Benfica. Já houve uma morte por atropelamento. Acontece que quando são do Benfica aquilo passa ao de leve, mas desta vez houve uma coisa gravíssima: é que alguns dirigentes procuraram insinuar de que poderia ser retaliação da claque do Sporting. Isto é atirar areia aos olhos das pessoas“, concluiu.

[sc name=”assina” by=”ZAP” source=”Lusa” ]


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