Helena Costa conta tudo: ingerência do diretor e contratações desconhecidas

A treinadora portuguesa de futebol, Helena Costa, com Claude Michy, presidente do Clermont Foot 63

A treinadora portuguesa Helena Costa revelou esta terça-feira ter saído do Clermont Foot 63 devido à ingerência e atitude do diretor desportivo do clube, que chegou a contratar futebolistas sem lhe dar conhecimento.

“A saída deve-se principalmente ao facto de o diretor desportivo, Olivier Chavagnon, contratar jogadores sem o meu acordo, para uma equipa que eu teria de liderar, e ser responsável, não me dando qualquer conhecimento, e havendo hipóteses financeiramente viáveis para outras contratações”, disse.

Em comunicado, Helena Costa optou por contar a sua versão dos factos, um dia depois de ter resignado ao cargo, depois de o presidente Claude Michy ter feito observações contrárias ao que tinham falado.

Helena Costa tinha dito que se tratavam de razões pessoais, mas, face à postura do dirigente máximo do clube, resolveu ser clara e lamentar o “volte face” de Claude Michy, que chegou a dizer que a saída da técnica era surpreendente e incompreensível.

Num longo comunicado, a treinadora, que se preparava na equipa francesa do Clermont Foot 63 para ser a primeira mulher a orientar uma equipa profissional masculina, revela que foi informada das contratações pela secretária do clube.

“Considero inadmissível a uma estrutura do futebol profissional, que o/a treinador(a) tome conhecimento da contratação de jogadores novos pela secretária do clube, através de uma listagem de jogadores que realizariam os testes médicos no primeiro dia de atividades”, referiu.

A treinadora portuguesa de futebol, Helena Costa
A treinadora portuguesa de futebol, Helena Costa

Este foi um dos muitos momentos de desentendimento com o diretor desportivo Olivier Chavagnon, que a terá sempre ignorado e chegado mesmo a responder num email dirigido a Helena Costa: “cansas-me com os teus emails, não sou o teu executante, não estou à tua disposição”.

A resposta surgiu quando a treinadora portuguesa mostrou o seu desacordo com as contratações, num processo em que foram também marcados jogos particulares sem o seu conhecimento e sem que houvesse qualquer justificação ou resposta.

A treinadora refere que tudo isso interferiu diretamente na “planificação do trabalho a realizar”, da sua inteira responsabilidade e competência, ao contrário do que foi feito, sempre à revelia.

Helena Costa deixou ainda claro que no domingo informou o presidente do clube do que se passava e que lhe disse que não pretendia trabalhar diretamente com o diretor, bem como não queria que este estivesse envolvido no trabalho da equipa.

Nesse encontro, a treinadora revelou ao presidente que até poderia abdicar do seu cargo, se este pretendesse que o diretor continuasse ligado à equipa e que o dirigente concordou com ela e que agiria no dia seguinte, mas desligou o telemóvel.

Depois de já no domingo ter sido confrontada com o diretor desportivo, sem qualquer decisão do presidente, a treinadora acabou na segunda-feira por renunciar ao cargo, sem ter chegado a apresentar-se aos jogadores.

Nada foi por isso súbito e inesperado, decorreu sim de uma série de episódios ao longo do tempo. Continuo a sentir a mesma confiança no meu trabalho que sentia quando aceitei enfrentar a posição de treinadora do Clermont Foot”, diz ainda na nota.

Futebol 376±


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