Em Liverpool, enquanto uma equipa foi campeã, outra foi deixada ao abandono

Esta temporada, o Liverpool sagrou-se campeão da liga inglesa. Por outro lado, a equipa feminina dos Reds foi negligenciada e terminou no último lugar do campeonato.

Depois de um jejum de 30 anos, o Liverpool voltou a ser campeão inglês. Em circunstâncias sem precedentes impostas pela pandemia de covid-19, os Reds viram o título cair-lhes no colo, na semana passada, após a derrota do Manchester City em Stamford Bridge. A Premier League ainda não terminou, mas a caminhada do Liverpool roça a perfeição: 28 vitórias, dois empates e uma derrota.

No entanto, em Liverpool, existem duas realidades bem diferentes. Se de um lado temos uma equipa que quase só sabe o que é vencer – quase alcançando a invencibilidade da equipa do Arsenal de 03/04 -, do outro temos uma equipa praticamente deixada ao abandono. Trata-se da equipa de futebol feminino.

A FA Women’s Super League, a principal liga de futebol feminino inglês, foi interrompida devido ao novo coronavírus e nunca mais voltou. O Chelsea levou a melhor numa corrida ao título com Manchester City e Arsenal. Do lado oposto da tabela classificativa, no último lugar, ficou o Liverpool.

A equipa feminina dos Reds está longe de ter os mesmos apoios do que os seus colegas masculinos. Em 14 jogos disputados para o campeonato, o Liverpool somou apenas um triunfo. Perdeu em dez ocasiões e empatou três jogos. Marcou apenas oito golos, mas defensivamente não foi desastroso, ficando-se pelos 20 golos sofridos.

A situação da equipa feminina do emblema de Liverpool só piorou em maio, quando uma enxurrada de jogadoras em final de contrato abandonaram o clube, escreve o jornal norte-americano The New York Times. Jogadoras como Christie Murray e Courtney Sweetman-Kirk justificaram a sua saída com a vontade de estar num sítio em que pudessem voltar a sentir o amor pelo futebol. Em Liverpool tornara-se impossível.

Ao sair do clube, Sweetman-Kirk mencionou não apenas a falta de investimento do clube, mas também a falta de importância atribuída à equipa feminina.

Enquanto a direção do Liverpool gasta quase 350 milhões de euros em salários com a equipa masculina, a realidade é bem diferentes para as mulheres. Apenas dez membros da equipa técnica eram considerados funcionários a tempo inteiro e as jogadores chegaram a estar alojadas em condições alegadamente precárias.

As críticas ao desinteresse na equipa de futebol feminino levaram o Liverpool a tomar algumas medidas para remediar a situação, mas a equipa continuava a ser uma mera sombra da equipa masculina. A direção argumentava que, embora não fossem as ideais, as condições oferecidas condiziam com as outras equipa da metade superior da tabela.

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