Os estádios de Cuiabá, Curitiba, Manaus e Natal, cidades que sediaram jogos apenas na fase de grupos do Mundial 2014, não vão receber mais seleções pelo campeonato do mundo. As estruturas terão de sobreviver de jogos dos campeonatos locais e nacionais, além de eventos culturais. Irão vingar ou tornar-se-ão elefantes brancos incomportáveis?
No caso de Cuiabá e Manaus, onde os governos administram as arenas Pantanal e Amazônia, a intenção é terceirizá-las. Em Curitiba, o Clube Atlético Paranaense administra a Arena da Baixada e pretende hospedar partidas entre grandes clubes. Em Natal, a Arena das Dunas continuará a ser administrada por meio de uma parceria público-privada.
Arena Pantanal
A Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo de Mato Grosso (Secopa-MT) informou que já foram nomeados gestores governamentais para conduzir a terceirização da Arena Pantanal, mas não há data definida para a conclusão do processo.
Enquanto isso não ocorre, o governo estadual continua no comando do estádio e negoceia a realização de partidas de futebol. A próxima está agendada para 20 de julho, entre Paysandu e Cuiabá, da Série C do Campeonato Brasileiro. Segundo Cristiano Dresch, vice-presidente do clube Cuiabá, a expectativa é que o público fique entre 4 mil e 5 mil pessoas.
O número é bastante inferior à capacidade do estádio, que chegará a 44 mil pessoas após a conversão da área de imprensa em espaço capaz de receber adeptos. Ainda assim, Dresch está entusiasmado com a perspectiva da partida no estádio novo e evita comentar sobre custos.
“A gente espera que, com esse estádio, o público possa comparecer. O nosso estádio antigo era muito mau, não tinha a mínima condição de conforto e acessibilidade. Vamos ver no dia [se o público da partida cobrirá os custos de utilização do estádio]. Não sabemos ainda quanto vai ser cobrado”, disse. Mato Grosso tem também um clube na Série B do Campeonato Brasileiro, o Luverdense.
Segundo a Secopa-MT, ainda não há estudo sobre o valor de manutenção mensal da Arena Pantanal, cujo custo final foi de 648 milhões de reais (215 milhões de euros), sendo 337,9 milhões de reais em recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e 310,2 milhões do governo do Mato Grosso.
Arena da Amazónia
No caso da Arena Amazônia, o outro estádio que deve ser concedido à iniciativa privada e que custou 594 milhões de reais (quase 200 milhões de euros) financiados pelo BNDES, a Unidade Gestora do Projeto Copa informou que uma estimativa do valor de manutenção mensal ainda está por ser apresentada, num estudo sobre o melhor modelo de concessão onerosa. A avaliação está a ser conduzida pela empresa Ernst Young, com previsão de conclusão em agosto. Até lá, o estádio continua sendo gerido pela Fundação Vila Olímpica, vinculada ao governo estadual.
Apesar de não haver número oficial, de acordo com Ivan Guimarães, diretor de Competições da Federação Amazonense de Futebol, a manutenção é cara.
“A despesa de uso do estádio é 1,5 milhões de reais [cerca de 500 mil euros]. Só o aluguer custa 210 mil reais, mais impostos, gastos com funcionários, segurança. É um custo alto, fazer um jogo desse vai pesar bastante. O custo mensal de manutenção, sem ter jogo lá, é 500 mil reais [165 mil euros]”, disse.
De acordo com o responsável, o estádio deve ser usado em jogos do Campeonato Brasileiro. “A arena não deve ser utilizada nesse campeonato [regional], vamos usar em alguns jogos do Princesa do Solimões na Série B [do Campeonato Brasileiro] e trazer alguns jogos de clubes das séries A e B nacional”, destacou.
O estádio, que foi palco do Estados Unidos x Portugal, poderá, após o Mundial 2014, vir a tornar-se numa prisão provisória. A proposta foi feita em março pelos responsáveis do sistema prisional do estado do Amazonas, que pretende resolver o problema de sobrelotação das prisões locais.
Arena das Dunas
Em Natal, a Secretaria Extraordinária para Assuntos Relativos à Copa do Mundo 2014 (Secopa-RN) informou que a Arena das Dunas “irá contemplar uma série de eventos, desde futebol, com partidas das duas principais equipas do Rio Grande do Norte, o América e o ABC [ambos da Série B do Campeonato Brasileiro], além de eventos corporativos, de entretenimento, shows, culturais, entre outros”.
O estádio é gerido por uma parceria público-privada entre o governo do Rio Grande do Norte e a empresa que leva o mesmo nome da arena. Por enquanto, não há planos de mudar o modelo administrativo.
Segundo a Secopa-RN, o estádio ficará com capacidade para 32 mil pessoas após a retirada dos assentos temporários instalados para o Mundial. Ainda de acordo com o órgão, nas últimas partidas do América e do ABC no Campeonato Estadual, na Copa do Nordeste, Copa do Brasil e no Campeonato Brasileiro, o público aproximado foi 7 mil adeptos.
A estrutura teve custo de 400 milhões de reais (135 milhões de euros), na maior parte financiados pelo BNDES. A Secopa não informou o valor do custo mensal com a manutenção do estádio.
Arena da Baixada
A cidade de Curitiba, onde o estádio do Atlético Paranaense foi reformado para o Mundial, é a única sede entre as quatro a ter um clube na Série A e cuja arena está desde o início sob administração privada.
O Atlético Paranaense informou que o clube jogará no estádio todas as partidas em casa. A previsão é que o local comporte 42.372 adeptos no modelo pós-Mundial. A assessoria do clube não informou a média de público das últimas partidas da equipa, nem o custo de manutenção do estádio.
O orçamento da reforma do estádio foi 326,7 milhões de reais (110 milhões de euros), com investimento do clube, da autarquia da cidade e financiamento do BNDES.
ZAP / ABr
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