Linha de Fundo: Três minutos desastrosos, um sir alemão e o público que voltou a um estádio

Linha de Fundo por Teófilo Fernando

Começou a época 2020-21. O futebol regressou aos estádios, mas o público não — excepto nos Açores. Em Alvalade, nem público, nem jogadores — alinhou a pandemia.

O Benfica vingou-se do desaire europeu, o FC Porto abriu a Liga a ganhar. Alex Telles brilhou, um alemão deu lição de fair-play, houve surpresa em Leixões. Foi assim a primeira semana da nova época, vista da Linha de Fundo.

 

FCFamalicão 1 x SLBenfica 5

Depois do fracasso europeu contra o PAOK, que sentenciou o adeus à Liga dos Campeões, Jorge Jesus mostrou outro Benfica e venceu com facilidade o jogo inaugural da Liga NOS, em Famalicão.

A equipa minhota terá que melhorar muito para se aproximar do patamar exibido na época passada, sendo válido considerar que a equipa está ainda em construção, perdeu os melhores jogadores e a qualquer momento fica sem Toni Martínez.

As “águias” foram sempre superiores, evidenciando um jogo acutilante, com pressão constante, inspiração e capacidade ofensiva.

Comparado com o jogo em Salónica, Jorge Jesus promoveu quatro alterações. Saíram Paulinho, Weigl, Pizzi e Seferovic. Entraram Rafa, Gabriel, Waldschmidt e Darwin Núñez, lançando para o ataque uma dupla de reforços que custou €39 milhões, €15 milhões o alemão, €24 milhões o uruguaio.

Luca Waldschmidt começou a Liga com dois golos, o primeiro e o último da goleada. Darwin Núñez fez as duas assistências para o bis do ex-jogador do SC Freiburg.

Em Famalicão, o Benfica saiu da turbulência para solo firme e seguro, alcançando uma vitória categórica, num jogo de sentido único e sempre controlado pelos encarnados. No banco, Jorge Jesus esteve constantemente em alerta. Já com o resultado em 1 – 5, o treinador do Benfica dava sinal do que pretende: “vamos lá fazer mais golos”, gritou aos 87 minutos.

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FCPorto 3 x SCBraga 1

O campeão apresentou-se sem reforços no onze inicial, mantendo a matriz de jogo, começando da melhor forma a defesa do título, apesar do susto provocado pelo primeiro golo do jogo marcado por André Castro, reforço dos minhotos.

Uma situação que os “dragões” resolveram sem entrar em pânico. Personalidade, dinâmica e criatividade foram a base do sucesso, a que acrescenta Alex Telles.

Quase a tocar para intervalo, no primeiro minuto de compensação a equipa portista chegou a empate. Cruzamento de Alex Telles a encontrar Sérgio Oliveira nas alturas para fazer o empate.

Bola ao centro e ainda antes do descanso… a reviravolta. Alex Telles, de penalti fez 2-1.
Foram três minutos desastrosos para os “guerreiros do Minho”, deixando escapar a vantagem e dando ao Futebol Clube do Porto a tranquilidade necessária no regresso ao jogo.

De repente a situação inverteu-se. Sérgio Conceição já se preparava para mexer na equipa, mas deixou estar tudo como estava, obrigando Carlos Carvalhal e alterar as peças, sem o resultado pretendido, ficado com o mérito de tudo ter tentado para incomodar os campeões nacionais.

A equipa treinada por Sérgio Conceição não perdeu a evolução exibicional em crescendo que estava a apresentar no final da época passada.

Na segunda parte, e agora em vantagem, os azuis e brancos geriram o jogo com inteligência, numa partida viva e intensa, com o Sporting de Braga a mostrar que tem fortes argumentos e uma ideia de jogo capaz de jogar de igual para igual a nível interno.

Meses depois, o Futebol Clube do Porto voltou ao Dragão e, a começar o campeonato, já tratou da maior lacuna da época passada, em que perdeu os três jogos que fez contra o SC Braga.

Se no onze inicial não surgiu qualquer reforço, na segunda parte, Sérgio Conceição promoveu duas estreias: Zaidu Sanusi e Mehdi Taremi. O nigeriano jogou 20 minutos, o iraniano entrou nos últimos cinco.

Zaidu entrou para o lado esquerdo e com uma missão mais ofensiva. Mostrou velocidade, muita, e coragem nos duelos. Taremi precisou apenas um lance para se destacar. Bola controlada em velocidade, que levou o adversário a fazer um penálti para o travar. Depois, o assunto ficou entregue a Alex Telles. Bisou, fez o 3-1 e deu xeque-mate ao jogo.

 

Jogador da Semana

Alex Telles – uma assistência para o primeiro golo (marcado por Sérgio Oliveira) e 2 golos no jogo inaugural frente ao Sporting de Braga. Total de 26 golos em todas as competições.

Terá sido uma bela despedida?

Um registo histórico, que faz do lateral esquerdo brasileiro o defesa mais goleador de sempre da história do Futebol Clube do Porto. Terá sido uma bela despedida… só faltaram os aplausos dos adeptos vindos das bancadas. A transferência para o Manchester United está iminente.

Os números de Alex Telles pelo FC Porto:

  • 2020/2021: 1 jogo/2 golos
  • 2019/2020: 49 jogos/13 golos
  • 2018/2019: 53 jogos/6 golos
  • 2017/2018: 45 jogos/4 golos
  • 2016/2017: 45 jogos/1 golo

 

A Surpresa

“Herói do Mar” de regresso a Matosinhos. Beto Pimparel vai ser jogador do Leixões em 2020/2021. É o regresso do guarda-redes internacional português ao clube de Matosinhos, que representou entre 2006 e 2009, onze anos depois de ter sido transferido para o FC Porto.

Beto, 38 anos, era um jogador livre depois de, no passado mês de julho, ter terminado o vínculo contratual com o Goztepe, clube turco que representou nas últimas três temporadas.

Beto está de volta

Quis ser Leixões mais uma vez e concederam-me o desejo! Vivo uma fase de viver sentimentos, estar perto da família e devolver o que aprendi nesta dura caminhada… Volto para devolver o clube onde merece estar e não sossego enquanto não o conseguir… Juntos!!!”, escreveu Beto na página pessoal de Facebook.

 

Frase da semana

Governo espera ter nas próximas semanas plano para regresso dos adeptos. Evidentemente que estamos sempre dependentes da evolução epidemiológica, da evolução deste vírus. Mas queremos criar condições, juntamente com os organizadores, não só do futebol, mas de todas as outras modalidades. No desporto, de uma forma geral, precisamos também de público.
João Paulo Rebelo, Secretário de Estado da Juventude e Desporto.

 

Equipa da semana

O Bayern de Munique continua impiedoso. Na abertura da Bundesliga, os campeões da Europa, viraram o Schalke 04 num 8, com uma vitória por 8-0!

Na estreia de Gonçalo Paciência pela equipa de Gelsenkirchen, fica para a história – mais uma – uma goleada à moda de Munique. Golos de Sèrge Gnabry (4′ 47′ 59′), Leon Goretzka (19′), Robert Lewandowski (31′ g.p.), Thomas Müller (69′), Leroy Sané (71′) e Jamal Musiala (81′).

 

Prémio Fair-Play

Estão malucos? Nós nunca fazemos esse tipo de coisas
Jurgen Klopp

O treinador do Liverpool deu uma reprimenda ao banco dos “Reds”, no jogo com o Chelsea. Jürgen Klopp ficou irritado ao ouvir aplausos do banco do Liverpool para a expulsão de Andreas Christensen, defesa do Chelsea, no duelo do último domingo.

Um ‘Sir’, Jurgen Klopp!

“Sir” Jurgen

 

Números da semana

25 – os golos marcados na 1.ª jornada da Liga NOS (média de 3,125/jogo).
3 – os empates registados nos 8 jogos relativos à 1.ª jornada da Liga NOS, e as equipas que ficaram em branco na estreia do Liga NOS: Vitória SC, Marítimo e Farense.
4 – Jogadores que bisaram na abertura da Liga NOS (Luca Waldschmidt/SLBenfica, Alex Telles/FCPorto, Gustavo Sauer/BoavistaFC e Thiago Santana/Santa Clara)
33 – Cartões amarelos na 1.ª jornada da Liga NOS
2 – Cartões vermelhos na 1.ª jornada da Liga NOS (Rafael Defendi, Farense e Raul Silva, SC Braga)
8 – Mais oito golos do Bayern de Munique, desta vez a vítima foi o Schalke 04

 

Insólito da semana

O Presidente do Lixa foi agredido por ex-treinador e apresenta demissão. Hugo Reis, presidente do Futebol Clube da Lixa, sofreu várias escoriações e um golpe na cabeça após ter sido agredido por um adepto que entrou no estádio sem autorização, no intervalo do jogo com o Vila Meã, e se dirigiu ao camarote onde estava o dirigente.

Segundo o comunicado emitido pelo Futebol Clube da Lixa, o autor das agressões foi To Jo, antigo treinador do clube. Hugo Reis, que recebeu assistência hospitalar, apresentou queixa na GNR, demitiu-se do cargo, com a restante direção, de forma solidária, a seguir o mesmo caminho.

 

Falhanço da semana

Último jogo da jornada inaugural da Liga NOS, no Algarve. Com um empate 1/1, entre Portimonense e Paços de Ferreira, no período de compensação, com o cronometro a chegar aos 99 minutos… grande penalidade para a equipa pacense, que entrou a ganhar no jogo, e oportunidade soberana para regressar a casa com três pontos, mas Samuel defendeu o poderoso remate de Douglas Tanque e segurou o empate.

 

Momento da semana

Estádio Municipal da Praia da Vitória, na Ilha Terceira. O futebol voltou a ter público, aconteceu num jogo do Campeonato de Portugal, nos Açores.

O encontro entre Fontinhas e Estrela, na 1.ª jornada da Série G do Campeonato de Portugal, ficou marcado pela presença de público nas bancadas. Com os seus lugares ‘reservados’, os adeptos a mantiveram o distanciamento social. Cerca de 200 pessoas assistiram ao jogo.

Uma situação possível depois de o Governo Regional dos Açores ter permitido que os estádios do arquipélago tenham até 10% da sua lotação, à exceção do recinto do Santa Clara, que segue as indicações da DGS para a Liga NOS.

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Comentários

5 comentários a “Linha de Fundo: Três minutos desastrosos, um sir alemão e o público que voltou a um estádio”

  1. Avatar de Luis Moreira
    Luis Moreira

    Embora não tenham usado nenhum “palavrão”, provavelmente usei palavras proibidas. Nesse caso, vou dizer, se possível, que é “lamentável” que até no ZAP só se refiram aos “3 do costume”. Tenho a forte convicção que o futebol português não evoluirá enquanto só se der exposição mediática aos “3 do costume”. Nem agora quando Braga e Rio Ave se estão a tornar clubes competitivos de topo. É lamentável só haver resumos dos “3 do costume” e nem quando só dois deles jogaram nenhum outro jogo ocupou a “vaga” deixada. Deixo uma sugestão: porque não incluir, pelo menos, um resumo do “Jogo da Jornada”, que foi, neste caso, irrefutavelmente, o “Nacional 3-3 Boavista”? E as 3 assistências – uma delas magistral – do jovem prodígio luso-britânico Angel Gomes? Nem uma menção? Mais fácil escolher Alex Telles porque marcou dois penaltis? Deixo a sugestão de forma “positiva”, expressando simultaneamente um pouco de indignação por seguirem a mesma linha de todo o restante jornalismo – mais do mesmo. Ousem ser diferentes.

    1. Caro leitor,
      Obrigado pela sua sugestão, à qual não deixaremos de dar atenção.
      Entretanto, atente por favor que na própria crónica que mereceu o seu comentário, o autor aborda assuntos relacionados com o Leixões, com o Lixa, Portimonense, Paços de Ferreira, e até o Fontinhas e o Estrela, dos Açores.
      Nos últimos 7 dias, excluídas as notícias mainstream dos 3 grandes / seleção, futebol internacional e figuras de primeiro plano, o ZAP lançou apenas um par de notícias sobre o D.Aves e uma notícia sobre Rio Ave.
      É pouco, de facto, mas o ZAP, que nem é de todo sequer um jornal desportivo, talvez não seja o jornal melhor preparado e mais capaz de assumir a responsabilidade de dar atenção a temas a que os grandes orgãos nacionais fogem.
      Contudo, não deixa de ser lisonjeiro que o leitor o ache — lisonja essa, que muito lhe agradecemos.

      1. Avatar de Luis Moreira
        Luis Moreira

        Boa tarde.

        Obrigado pela resposta. Eu percebi que a “Linha de Fundo” é um “magazine”, uma “crónica”, uma “rúbrica”, de carácter regular, do autor “Teófilo Fernando”.

        Estou enganado? Vai ser só esta vez? Ou vai ser mais recorrente?

        Se for recorrente, agradeço! Porque faz falta este tipo de artigos! O conteúdo é interessante, sem dúvida!

        Como já repararam, o que me faz confusão é simplesmente retirarem o “obrigatório” resumo dos três jogos dos “três do costume”. Se retirarem essa obrigatoriedade, já muda tudo. Porque ter 3 vagas só para os 3 do costume, mesmo que tenham jogos desinteressantes. É continuar a perpetuar “os 3 e o resto”. Não vamos a lado nenhum. Ousem ser diferentes.

        1. Caro leitor,
          Obrigado nós pelo seu feedback.
          O ZAP passa efetivamente a contar a partir desta semana com uma crónica semanal do Teófilo Fernando, em moldes semelhantes aos desta primeira, mas que iremos aprimorando com o tempo.

  2. Avatar de João Pinto
    João Pinto

    Excelente rubrica! Espero que seja para continuar!

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