Não houve golos, mas houve adeptos satisfeitos por regressar ao futebol, seguranças a alertar para a obrigatoriedade das medidas de segurança e uma lotação permitida praticamente esgotada. Estes são os pontos que marcaram o Santa Clara – Gil Vicente, o primeiro jogo profissional com público da época.
Seis meses depois, e após a covid-19 ter afastado as pessoas dos estádios de futebol, o eco do silêncio das bancadas voltou a ser substituído pelos gritos dos adeptos do futebol.
Ao início do jogo, um membro do staff do Santa Clara confirmou à agência Lusa que praticamente todos os mil ingressos tinham sido vendidos, atingindo assim a lotação máxima permitida.
Ainda antes de o jogo começar, os adeptos formavam uma longa fila à porta da entrada, devidamente separados entre si e praticamente todos de máscara. Antes da entrada no recinto, os seguranças despejavam álcool gel nas mãos dos adeptos.
Dentro do estádio, a máscara era obrigatória e os adeptos eram ajudados pelos seguranças a sentar-se no lugar definido no bilhete. A grande maioria das cadeiras do estádio apresentava a inscrição vermelha ‘não sentar’.
“Tenho lugar cativo e já vinha dantes. Agora cá estou outra vez. Vai ficar 2-1”, dizia, esperançoso, António Ledo, antes de o jogo começar, ele que vinha apressado do Mercado da Graça, o maior mercado do arquipélago, onde é vendedor.
Mais ao lado, Jorge veio com os dois filhos ao futebol e mostrava-se satisfeito por voltar aos jogos do Santa Clara. “Trouxe os dois filhos e estamos separados aqui, mas vamos para casa juntos outra vez”, conta, entre risos.
Independentemente de serem coabitantes ou menores, todos os adeptos tinham de estar separados cinco cadeiras entre si. “A pessoa que está na fila de cima está mais perto de mim do que as da mesma fila”, acrescentou.
O speaker do estádio aproveitou quase todos os momentos para alertar para as normas de segurança: uso de máscara obrigatório e exigência de distanciamento social.
Sentado na bancada central, Joana, de 30 anos, erguendo um cachecol rosa do Santa Clara, dizia-se “feliz” de voltar a ver futebol ao vivo e concordou com as regras aplicas. “Acho bem, concordo as medidas. Temos de cumprir as regras, se é obrigatório tem de ser”, afirmou.
A adepta da formação açoriana considerou normal as medidas de separação dos lugares na bancada. “Os lugares são pequenos, é normal que tenha mais do que dois lugares de distância. Ficamos com os familiares distantes, mas se queremos ver o clube tem de ser.”
Santa Clara e Gil Vicente empataram 0-0.
LPFP faz balanço “extremamente positivo”
O jogo entre o Santa Clara e o Gil Vicente serviu de ensaio para o regresso das pessoas aos estádios. O presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), Pedro Proença, que esteve presente na partida, fez um balanço “extremamente positivo”.
“Estamos numa fase pós-jogo, mas os indicadores que temos são muitíssimo positivos, não posso deixar, primeiro, de elogiar o comportamento do público, que cumpriu escrupulosamente aquele que foi o plano de contingência traçado pela LPFP”, afirmou.
Proença elogiou também “o trabalho das equipas” e disse estar “muitíssimo satisfeito” com os procedimentos do encontro, apesar de ressalvar que ainda “faltam alguns dados para perceber efetivamente se tudo terá corrido em consonância” com as normas sanitárias.
“O futebol tem todas as condições para voltar a ter público de forma normal, obviamente numa primeira fase gradativamente, mas claramente o futebol tem condições para poder ter público no estádio”, acrescentou.
O responsável disse que o organismo irá elaborar um relatório que será entregue à Direção-Geral da Saúde (DGS) nos “próximos três dias” e que será apresentado ao público numa conferência de imprensa na próxima quarta-feira.
“Estamos muitíssimo satisfeitos com este teste e este teste ainda nos vai levar nos próximos dois dias a uma ponderação”, assinalou.
O Estádio de São Miguel abriu portas ao público com 10% da sua limitação, cerca de mil espetadores, tendo recebido 878, mas Pedro Proença disse que, a partir de 19 de outubro, o objetivo é aumentar essa capacidade.
“Estes 10% só são possíveis nesta fase de teste-piloto, portanto eu direi que a partir de dia 19 tudo o que seja abaixo dos 30% não nos satisfaz”, apontou.
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