A agenda do antigo presidente do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), Augusto Baganha, terá anotações de declarações que terão sido feitas pelo ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, e pelo secretário de Estado do Desporto, João Paulo Rebelo, que indiciam eventuais pressões para beneficiar o Benfica.
“O SLB está acima da lei. Nós não podemos tratar todos os clubes de igual modo. O SLB tem mais adeptos do que a população de alguns países”. Esta será uma das anotações da agenda de Baganha, conforme transcreve o Correio da Manhã (CM), realçando que a declaração é imputada pelo ex-presidente do IPDJ ao ministro da Educação.
Tiago Brandão Rodrigues terá dito aquelas palavras em 2017, numa conversa com João Paulo Rebelo e Baganha num hotel em Caminha, no âmbito da Conferência de Ministros da Juventude e Desporto da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, como destaca o CM.
As declarações terão sido testemunhadas por dois responsáveis do IPDJ, “um director de serviços e um chefe de divisão”, vinca o mesmo jornal.
A alegada conversa terá surgido numa altura em que o Benfica corria o risco de ser sancionado com jogos à porta fechada devido ao incumprimento de regras de segurança no Estádio da Luz.
“Mas você pensa que alguma vez o SLB vai deixar de jogar no seu Estádio, mesmo com aquela notificação”, terá afirmado o secretário de Estado do Desporto na mesma conversa, conforme o que Baganha apontou na sua agenda.
O Ministério Público está já na posse da agenda do ex-presidente do IPDJ, ainda segundo o CM.
Baganha confirma “pressões”
“Confirmo as pressões que foram sobre mim exercidas e que constam do processo que está a decorrer”, refere Baganha ao jornal.
O gabinete do ministro da Educação assegura que “as referidas afirmações são desprovidas de sentido, pelo que a denúncia também não tem qualquer sentido ou fundamento“, conforme fonte oficial ouvida pelo CM, vincando ainda que “nada nem ninguém está acima da lei” e que “os clubes têm de cumprir com as determinações legais que lhes forem atribuídas”.
Notando não ter “conhecimento de qualquer processo em curso”, o gabinete de Tiago Brandão Rodrigues afiança que o seu ministério e o secretário de Estado do Desporto “colaborarão sempre com as autoridades e instâncias superiores”.
Baganha saiu da presidência do IPDJ em 2018, um ano antes de terminar o seu mandato. Ele terá sido demitido pelo secretário de Estado do Desporto que alegou, contudo, que a saída foi decidida em concordância pelos dois.
Em Setembro de 2018, Baganha foi à Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, no Parlamento, para explicar a sua saída do IPDJ, falando de “pressões” e de “ambientes estranhos”.
“O secretário de Estado enviou por SMS o telemóvel do advogado do Benfica para a minha colega do Conselho Directivo para que fosse resolvido o processo de interdição do Estádio da Luz em Julho de 2017 e fê-lo de uma forma… com impulsividade“, notou, na altura, Baganha.
O Ministério Público está, neste momento, a investigar o actual presidente do IPDJ, Vítor Pataco, suspeitando que favoreceu o Benfica no processo aberto contra o clube devido ao apoio às suas claques, No Name Boys e Diabos Vermelhos, que não estão legalizadas.
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