Portugal fica em casa, a coroação de Pandev, Sir Hamilton e o quarteto de Plovdiv

Crónica ZAP - Linha de Fundo por Teófilo Fernando

N’Golo Kanté marcou o único golo do jogo, o suficiente para afastar a Seleção Nacional da possibilidade de revalidar o título naquela que foi a primeira derrota de Portugal na prova. Não foi dia de Portugal, visto da Linha de Fundo.

França Kanté de galo

Portugal 0 x França 1 (N’Golo Kanté 53′)

Mais de um ano depois – 14 de outubro de 2019, diante da Ucrânia – a seleção nacional voltou a perder um jogo oficial. Uma derrota que impede a equipa de Fernando Santos de defender o título da Liga das Nações, onde vai estar agora o campeão do Mundo.

O duelo entre o campeão da Europa e do Mundo, deixou evidente a tranquilidade e a confiança com que a equipa francesa troca a bola, com isso apresentando e criando várias soluções, mantendo sempre em alerta a baliza de Portugal, onde brilhou Rui Patrício.

Um pouco à imagem da Final do Euro 2016, brilhante desempenho do guarda-redes luso, Portugal demasiado escondido no jogo e passivo… nem sempre surgem os momentos de felicidade. O jogo da Luz mostrou uma seleção francesa atrevida, mais contundente, com um futebol alegre. Não deixa de causar alguma estranheza a forma conversadora da equipa lusa. Tanto talento junto em nada convergiu para causar dano no adversário.

Portugal deixou jogar em demasia e tarde assumiu uma reação ao golo de Kanté. Saída tímida de prova para a seleção, com a equipa francesa a justificar seguir em frente.

Com a França, no Estádio da Luz, a Seleção Nacional entrou em campo com Rui Patrício (Wolverhampton), João Cancelo (Manchester City), Rúben Dias (Manchester City), José Fonte (Lille), Raphael Guerreiro (Dortmund), Danilo (PSG), William (Bétis), Bruno Fernandes (Manchester United), Bernardo Silva (Manchester City), Cristiano Ronaldo (Juventus) e João Félix (Atlético de Madrid), apresentando assim o primeiro onze em jogos oficiais sem qualquer jogador que atue num clube português.

Se Portugal tivesse aparecido na primeira parte com a mesma vontade e determinação dos últimos trinta minutos, muito provavelmente a história teria sido outra.  Faltou ousadia.  Foi a primeira derrota de Portugal na UEFA Nations League após 11 jogos; sete vitórias e três empates e um título conquistado.

A 12.ª derrota de Fernando Santos à frente da Seleção, 5 delas em solo luso (2 frente à França por 1-0).
O técnico mais titulado e com mais jogos pela seleção das quinas em 78 partidas, venceu 62% das vezes (48V) e empatou 17 encontros.

Foi o 5.º confronto entre Fernando Santos e Deschamps e o francês levou a melhor em 3 partidas (1 empate e 1 derrota). Portugal está fora da final-four da UEFA Nations League, os gauleses estreiam-se nesta fase da prova. Desta vez ficamos em casa.

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Frases da Semana

“Dificilmente vamos dormir e amanhã ainda vamos estar aziados.” Fernando Santos após a derrota de Portugal frente à França.

Espero, sinceramente, que o Cristiano Ronaldo alcance o meu recorde de golos. Se ficarei desiludido? De forma alguma, seria uma verdadeira honra para mim se um jogador com a sua classe o pudesse fazer. O Cristiano Ronaldo é um dos melhores jogadores não só do seu tempo, mas de sempre. É um fenómeno absoluto. Vai bater o meu recorde, tenho a certeza disso, mas ainda tem sete golos pela frente.” Ali Daei, ex-avançado iraniano, que marcou 109 golos em 149 jogos pela sua seleção e tem agora Cristiano Ronaldo cada vez mais perto, já com 102 golos em 169 partidas por Portugal.

Grande CR7issimo !!! Parabéns por esta grande conquista, meu amigo, 746 golos são muitos golos! Alcançaste o Puskas, agora tens de apanhar o Pelé!Gianluigi Buffon, guarda-redes da Juventus, recorreu às redes sociais para dar os parabéns a Ronaldo por ter ultrapassado o número de golos que Ferenc Puskas marcou ao longo da sua carreira, aproveitando para desafiar o companheiro de equipa a perseguir a marca de Pelé.

“Digo muitas vezes, aos meus colegas, que gostava que tivessem a oportunidade de poderem trabalhar com ele para verem a maneira como o Cristiano é e como trabalha. É um monstro, além de ser um grande amigo e uma excelente pessoa. Nasceu com talento puro e junta a isso muito trabalho, o que faz dele o melhor do mundo.” Fábio Coentrão sobre Cristiano Ronaldo, em entrevista ao Jornal “O Jogo”.

“Jorge Jesus é um fora de série no aspeto tático, na organização das equipas. É uma pessoa muito dedicada e, além disso, tem uma visão muito forte sobre os princípios do jogo e o modelo de jogo que quer implementar.” André VillasBoas sobre Jorge Jesus.

“Para mim, a Superliga está fora de questão. É o sonho de dois ou três administradores de futebol na Europa, esses são os que não ligam para a solidariedade. Eles não se importam com nada além de si mesmos, eles até danificariam os seus clubes, mas provavelmente não sabem ainda. A ideia não é muito séria.” Aleksander Ceferin, presidente da UEFA, sobre a questão de uma eventual Superliga Europeia.

“Eu sempre acompanho todas as convocatórias. Estava a ver uma série com a minha esposa, pausei tudo e fui esperar pela lista. Quando vi o selecionador Jardine anunciar meu nome, foi uma alegria muito grande. Comecei a receber várias mensagens. A minha esposa ficou muito emocionada.” Evanilson, jogador do FC Porto, sobre a chamada à Seleção Olímpica do Brasil para os jogos de preparação com Coreia do Sul e Egito.

“Ele tem a mesma idade do meu pai e vemos o que tem vindo a fazer, continua a marcar a diferença. No futebol não existe idade, se és jovem ou velho. Ele está a prová-lo, tenho muita ligação com ele, dá-me bons conselhos e dou-me bem com ele dentro e fora de campo.” O AC Milan lidera o campeonato italiano e a figura maior dos rossoneri é Zlatan Ibrahimovic que, aos 39 anos, continua num nível elevado.

Para Brahim Díaz, jovem espanhol de 21, cedido pelo Real Madrid, o avançado sueco mostra que a idade no futebol não conta.

“Lamentavelmente, não decidimos nada enquanto jogadores. Somos fantoches da UEFA e da FIFA. Se houvesse um sindicato de jogadores, não jogaríamos uma Liga das Nações, nem a Supertaça de Espanha na Arábia Saudita. Essas competições servem apenas para absorver tudo economicamente e espremer fisicamente os jogadores. Eu defendo que deve ficar tudo como está. As ligas já são competitivas, juntamente com a Liga dos Campeões, o Mundial…” Toni Kroos, jogador do Real Madrid, é uma das principais vozes críticas do mundo do futebol. O alemão, no podcast do irmão (Felix Kroos) ‘Einfach mal Luppen’, não poupou a UEFA e a FIFA, rejeitando a criação da Superliga europeia e lamentando que os futebolistas não sejam ouvidos pelas instituições que regem o desporto-rei.

“Antes de ser treinador, sou homem. Com toda humildade e respeito pedi para falar com o árbitro, mas não percebi a arrogância e prepotência dele em não me receber. E outra: sou religioso. Na igreja tenho que estar calado. Mas estou no futebol, não na igreja.” O desabafo de Abel, treinador do Palmeiras, expulso devido a palavras dirigidas ao árbitro do encontro, após a marcação de um penálti a favor da equipa visitante (o mesmo penálti viria a ser anulado com recurso às imagens).

“Nós ganhamos tudo o que havia para ganhar. Eu fui o melhor marcador em todas as competições. Pense que se um jogador conseguiu tudo isso, deveria vencer a Bola de Ouro.” Robert Lewandoswki, jogador do Bayern de Munique partilhou uma fotografia no Instagram a segurar numa réplica do troféu feita com legos amarelos, que lhe foi entregue pelo rapper polaco Quebonafide.

Números da Semana

  • 23. Desde 1997 que a Seleção de Portugal não falhava qualificação para uma fase final. De fora 23 anos depois. O Mundial 1998 foi a última fase final de uma grande competição que a Seleção portuguesa falhou.
  • 746. Ao marcar um dos golos na goleada à Andorra (7-0), no Estádio da Luz, Cristiano Ronaldo chegou à marca de 746 golos, mais um do que Puskas, antiga glória do futebol húngaro. Com 746 golos, o avançado da Juventus e da Seleção Nacional passa a ser o quarto melhor goleador de todos os tempos, somando golos nos clubes e na seleção, agora apenas atrás do checo Josef Bican (805 golos), antigo avançado do Slavia Praga, e dos internacionais brasileiros Romário (772) e Pelé (767).
  • 47. Desde que assumiu o cargo, em 2014, Fernando Santos lançou na Seleção Nacional 47 jogadores, os três mais recentes na goleada (7/0) frente a Andorra em jogo particular no Estádio da Luz, com as estreias de Paulinho, Pedro Neto e Domingos Duarte.
  • 6. Medalhas conquistadas pela Seleção de Portugal nos Europeus de Ciclismo de Pista de Elites, que decorreu no Velódromo de Plovdiv, na Búlgaria, sendo que pela primeira vez o ciclismo de pista português alcançou as duas primeiras medalhas de ouro.
  • 7. Lewis Hamilton garantiu no passado domingo, na Turquia, o 7.º título Mundial de Fórmula 1 da carreira e igualou o histórico recorde de Michael Schumacher, campeão em 1994, 1995, 2000, 2001, 2002, 2003 e 2004.

    Hamilton, campeão em 2008, 2014, 2015, 2017, 2018, 2019 e 2020, é um dos melhores pilotos da história da Fórmula 1, detentor de recordes como o maior número de vitórias (94, ultrapassou Schumacher no GP Portugal deste ano), de pole positions (97), de pódios (163), entre outros registos.

Um momento para a história:

https://twitter.com/F1/status/1328272346734538758

Jogador da Semana. Reforma adiada para Goran Pandev

A seleção da Macedónia teve uma noite histórica. A equipa apurou-se para o Campeonato de Europa, que será a primeira participação numa grande competição de futebol para o país, e quem haveria de ser o herói e marcar o golo decisivo? Goran Pandev, aos 37 anos e 114 internacionalizações.

Aos 56 minutos, o experiente avançado marcou o golo que viria a permitir a festa à seleção que defende desde 2001 e ao serviço da qual se tornou o atleta macedónio com mais golos e internacionalizações de sempre.

Após 19 anos e 14 treinadores, a persistência de Pandev foi recompensada com o apuramento da Macedônia do Norte para o Campeonato da Europa 2020, que se disputa no próximo ano. Goran Pandev tem liderado o ataque da Macedónia do Norte na última duas décadas, embora parecesse que estava perseguindo uma causa perdida.

O jogador de 37 anos, foi o autor do golo da vitória contra a Geórgia, que levou a Macedónia do Norte à sua primeira grande competição, jogou com 14 treinadores diferentes, fez 114 partidas e marcou 36 golos desde a estreia contra a Turquia, em 2001.

Pandev, que tem um clube da primeira divisão com o seu nome na liga macedónia, resumiu a sua carreira na seleção nacional numa publicação no Instagram dias antes do jogo.
“Mais de 19 anos com essa camisola, a mais linda do mundo. Derrotas, vitórias, alegrias, humilhações ”, disse Pandev, que adiou a reforma para tentar disputar uma grande competição.

Durante a maior parte de sua história, a Macedónia do Norte rotineiramente terminou uma ou duas posições na última posição nos seus grupos de qualificação para o Campeonato da Europa e o Mundial, atingindo o ponto mais baixo há cerca de cinco anos, quando caiu para 116.º lugar no ranking da FIFA.

O próprio Pandev frustrado abandonou por instantes em 2011, quando afirmou que estava farto de ser alvo de ataques, assim como os companheiros, mas foi rapidamente persuadido a retornar pelo técnico Mirsad Jonuz.

Houve um desentendimento mais sério depois da Macedónia ter terminado em último lugar no grupo de qualificação para o Mundial de 2014. Pandev queixou-se de que a equipa foi enviada em “voos charter baratos” e às vezes teve de pagar a sua passagem até Skopje para os jogos em casa.

Mas a situação mudou quando Igor Angelovski foi nomeado treinador em 2015. Ainda no comando, tornando-o de longe o treinador mais antigo, Angelovski recupeou a relação com Pandev, trazendo o carismático jogador de volta à equipa após uma ausência de dois anos.
Pandev passou quase toda a sua carreira em equipas da Série A italiana, onde fez parte da equipa do Inter de Milão treinada por José Mourinho, que em 2010 venceu a Liga dos Campeões, o campeonato de Itália e a Taça italiana.

De volta a casa, fundou uma academia de formação, Akademija Pandev, que viria a conquistar a promoção à Primeira Liga da Macedónia do Norte em 2017 e terminou em sétimo na última temporada. “Esta foi uma grande vitória para nosso povo”, disse Pandev após o jogo de quinta-feira. “Eu só queria ajudar porque este é um grupo jovem, um grupo incrível, e eles merecem. A idade não importa.”

Jogador com um pé esquerdo notável, frio a analisar o jogo, eficaz em cada passe e letal no momento de finalizar. A reforma pode esperar.

Entreguem a coroa a Goran Pandev!

Treinador da Semana – NES

Nuno Espírito Santo, que orienta o Wolverhampton, foi eleito o melhor treinador da Liga inglesa de futebol em outubro, período em que somou três vitórias e um empate. Vitórias sobre o Fulham, Leeds United e Crystal Palace e uma igualdade com o Newcastle. A equipa comandada pelo treinador português marcou cinco golos e sofreu apenas um.

O antigo técnico do FC Porto superou o seu compatriota José Mourinho (Tottenham), o austríaco Ralph Hasenhuttl (Southampton), o escocês David Moyes (West Ham) e o inglês Dean Smith (Aston Villa), todos nomeados para o prémio.

No Wolverhampton, Espírito Santo conta com os jogadores portugueses Rui Patrício, Nélson Semedo, Roderick, Rúben Neves, João Moutinho, Vitinha, Pedro Neto, Daniel Podence e Fábio Silva. A equipa treinada por Nuno Espírito Santo está no nono lugar da Premier League, com 13 pontos, após oito jornadas.

Momento da Semana

Mais uma volta, mais uma medalha num Europeu de Pista histórico para Portugal

A Seleção de Portugal participou no Campeonato da Europa de Plovdiv, na Bulgária, com quatro ciclistas, todos medalhados. Destaque para Iuri Leitão, campeão europeu de Scratch, vice- campeão de eliminação e terceiro classificado em omnium.

Ivo Oliveira conquistou a medalha de ouro em perseguição individual e, em parceria com o gémeo, Rui Oliveira, alcançou a medalha de prata em Madison. Maria Martins venceu a medalha de bronze em eliminação.

Demonstração notável da armada lusa, que desde 2010 no Velódromo Nacional de Sangalhos, numa forte aposta da Federação Portuguesa de Ciclismo, tem conseguido potenciar atletas capazes de ombrear com as grandes potências do ciclismo de pista.

Sangalhos, que outrora viveu tempos dourados do ciclismo português, onde se destacou Alves Barbosa numa das melhores equipas de estrada da altura, tornou-se agora o “berço dourado” de jovens que apostaram na pista.

Ao longo da última década, num trabalho dirigido pelo selecionador Gabriel Mendes, os resultados ultrapassam as melhores expectativas. A prova ficou bem evidente no Campeonato da Europa que decorreu na Bulgária.

Com apenas quatro atletas a Seleção de Portugal conquistou seis medalhas, as duas primeiras de ouro em provas de calibre europeu ou mundial. Ivo Oliveira, Iuri Leitão, Maria Martins e Rui Oliveira ganharam ouro, prata e bronze.

Um feito notável, que fizeram da prova europeia um momento brilhante para o ciclismo de pista português. Estes, por direito próprio, e outros motivados pelo exemplo deste “quarteto”, ganharam o estatuto a sonharam com mais para as suas carreiras.

Ambição é forte. Após ter ganho a medalha de ouro em perseguição individual, Ivo Oliveira, demonstrou o grau elevado de persistência e capacidade para atingir o topo: “Estava farto de segundos lugares. Quando passei à final meti na cabeça que tinha de ser hoje o dia de ganhar a medalha de ouro.”

Bravo!!!

https://twitter.com/EFAPEL_ciclismo/status/1328337200807874563

Medalhas do ciclismo português em Europeus de Elite:

  • Iuri Leitão, Scratch, 2020
  • Ivo Oliveira, Perseguição Individual, 2020
  • Ivo Oliveira e Rui Oliveira, Madison, 2020
  • Iuri Leitão, Eliminação, 2020
  • Ivo Oliveira, Perseguição Individual, 2018
  • Rui Oliveira, Eliminação, 2018
  • Ivo Oliveira, Perseguição Individual, 2017
  • Iuri Leitão, Omnium, 2020
  • Maria Martins, Eliminação, 2020
  • Maria Martins, Scratch, 2019
  • Rui Oliveira, Eliminação, 2017

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