Portugal despediu-se desta segunda edição da Liga das Nações com uma vitória. Na noite desta terça-feira, em Split, os ainda detentores do título derrotaram os croatas por 3-2, na sexta e última jornada do Grupo 3, num triunfo que só ficou consumado após um deslize do guardião Livakovic, que “ofereceu” de mão beijada o golo a Rúben Dias.
Além do defesa-central do Manchester City, que bisou, João Félix assinou o outro tento nacional. Do lado croata, que conseguiu assegurar uma vaga neste Grupo A, remetendo a Suécia para a Liga B, Kovacic também apontou os dois golos. Destaque para Fernando Santos, que alcançou a 50ª vitória ao leme da turma das “quinas”.
O jogo explicado em números
- Ao todo, Fernando Santos procedeu a cinco alterações no “onze” que saiu derrotado na “final” do passado sábado contra a França. João Cancelo, José Fonte, Raphael Guerreiro (lesionado), William Carvalho e Bernardo Silva foram “riscados” e trocados por Nélson Semedo, Rúben Semedo, Mário Rui, João Moutinho e Diogo Jota.
- Numa investida que durou vários minutos, e dois pontapés de canto consecutivos, Portugal ficou a centímetros do golo aos 14 minutos, quando um cabeceamento de Diogo Jota saiu a escassos centímetros do alvo. E, pouco depois, Mário Rui centrou, mas Cristiano Ronaldo não conseguiu atingir o alvo de feição. Os anfitriões ripostaram aos 23 minutos, por intermédio de Pasalic, valendo o corte de Rúben Dias. Os lusos davam a iniciativa aos croatas, que tinham 56% da posse nesta fase, e tentavam explorar as costas da defensiva adversária.
- Com a defesa mal posicionada, a turma das “quinas” estendeu a passadeira para o primeiro golo croata. Rúben Semedo cortou mal a bola, Pasalic aproveitou, centrou, Kovacic atirou, Rui Patrício defendeu, mas na recarga o médio do Real Madrid não vacilou e abriu a contagem à passagem dos 29 minutos.
- A dez minutos do intervalo, belo entendimento entre Diogo Jota e Cristiano Ronaldo, mas já no interior da área croata o avançado do Liverpool não conseguiu finalizar a jogada. Juranovic (37′), a seguir, ficou muito próximo de aumentar a vantagem croata. Os campeões europeus apenas aos 39 minutos conseguiram enquadrar o primeiro remate ao alvo, por intermédio de Danilo, e registavam ainda cinco maus controlos da bola e seis perdas da posse. No último lance da primeira metade, João Félix desmarcou-se, mas rematou fraco e à figura de Livakovic.
- Intervalo Triunfo dos vice-campeões europeus ao cabo dos primeiros 45 minutos, que aproveitaram da melhor maneira uma má abordagem de Rúben Semedo. Houve alguns bons momentos portugueses, principalmente entre os dez e os 20 minutos, período em que o corredor direito demonstrou um bom entendimento, com Nélson Semedo e Jota a explorarem a profundidade, mas além da falha já enumerada, houve muita precipitação na construção dos lances ofensivos e pouca intensidade e organização na recuperação pós perda da bola. O melhor elemento na primeira metade, com um GoalPoint Rating de 6.5, foi Kovacic que apresentou os seguintes números: dois remates, um golo, 33 acções com a bola, 85% de eficácia no capítulo do passe – quatro falhados em 26 feitos -, duas recuperações de bola e duas intercepções. Do lado português, e não obstante ter tido ligação directa ao golo croata, Rúben Semedo era quem tinha melhor avaliação, com um rating de 6.0. O central do Olympiacos conseguiu fazer sete passes verticais, levou a melhor em três dos quatro duelos aéreos que protagonizou, somando também três intercepções e outros tantos alívios.
- Ao intervalo, Bruno Fernandes foi o “sacrificado” para a entrada de Trincão. De cabeça, Rúben Dias ameaçou o empate. Aos 51 minutos, Rog derrubou CR7 e acabou por ser expulso por acumulação de amarelos, deixando a equipa da casa reduzida a dez elementos. E este acabaria por ser um momento crucial na partida.
- Logo depois, na sequência de um livre directo, Cristiano Ronaldo lançou uma bomba, Livakovic defendeu de forma incompleta, Rúben Semedo aproveitou o ressalto e assistiu Rúben Dias, que empatou o encontro aos 52 minutos e assinou o primeiro tento ao serviço da Selecção, ao cabo de 24 internacionalizações. Dos oito remates nacionais, quatro foram em direcção ao alvo.
- E oito minutos volvidos, surgiu o golo da remontada. Diogo Jota cruzou e João Félix atirou a contar para o fundo da baliza contrária. Um lance em que a bola embateu na mão esquerda de Jota. Não havendo VAR na Liga das Nações, a equipa de arbitragem liderada pelo inglês Michael Oliver acabou por nada assinalar.
- Mas durou pouco tempo a festa portuguesa. Em mais uma má abordagem do último terço, Kovacic, do meio da rua, rematou com força e precisão, bisou e empatou o encontro decorria o minuto 65. Realce para o trabalho de Vlasic perante Rúben Semedo.
- A Croácia tinha menos um elemento em cena, mas conseguia criar diversas ocasiões para marcar (Perisic 73′ e Brekalo 75′), aproveitando as constantanes hesitações e passividade dos homens mais recuados de Portugal, principalmente os do corredor central – Rúben Semedo, Rúben Dias e Danilo Pereira. Foi preciso esperar até a dez minutos dos 90 para registar um ataque perigoso dos visitantes, mas Bernardo Silva, com a baliza à mercê, atirou para fora.
- Num dos últimos suspiros da partida, após um canto, João Moutinho lançou, Livakovic com o lance aparentemente controlado agarrou a bola, mas largou-a deixando o golo à mercê de Rúben Dias, que não perdoou, bisou e voltou a deixar Portugal na dianteira do marcador.
- Sem hipóteses de atingir a “final four” da prova, os ainda detentores do título da Liga das Nações venceram em Split, num duelo em que o resultado foi muito melhor do que a pálida exibição que os comandados de Fernando Santos rubricaram. Os croatas continuam sem saber o que é vencer a turma nacional. Em sete partidas oficiais, registo para seis triunfos lusos e um empate.
O melhor em campo GoalPoint
Sempre no sítio certo no ataque, Rúben Dias acabou por ser crucial no desfecho do encontro. Das três acções que teve com a bola dentro da área e dos três remates que fez, dois terminaram no fundo das redes croatas – Expected Goals (xG) de 0,9 -, e esteve ainda afinado noutros capítulos, com oito passes progressivos certos, 72 acções com o esférico e uma eficácia de 88% nas entregas (53 passes correctos em 60 tentados). Defensivamente, precipitou-se nalguns lances, mas mesmo assim bloqueou dois remates e somou quatro alívios. Por tudo isto, foi o MVP do jogo com um GoalPoint Rating de 7.7.
Jogadores em foco
- Kovacic 7.6 – Em apenas 94 minutos, o médio ultrapassou o número de golos que tinha feito em 62 partidas ao serviço da selecção croata. Dos três remates enquadrados feitos, dois resultaram em golo. Influente em quase todas as acções, o jogador do Chelsea foi ainda determinante depois da expulsão de Rog, conseguindo travar alguns ataques portugueses, e acumulou seis recuperações de bola e três intercepções.
- Nélson Semedo 7.2 – Uma das melhores exibições do lateral-direito com as cores lusas, deu profundidade e carrilou muito dos ataques pelo lado direito. Ao todo, foi o jogador que mais gizou cruzamentos (seis), completou os cinco dribles que tentou, sofreu três faltas e contabilizou cinco desarmes. A rever, os 11 passes falhados, quatro dos quais de risco.
- João Moutinho 6.9 – O jogador do meio-campo mais esclarecido e voltou a demonstrar que ainda é peça basilar no esquema de Fernando Santos. Dos seus dados, a destacar as duas ocasiões flagrantes de golo que criou – máximo no jogo – e as 95 acções com o esférico, outro máximo no encontro.
- Trincão 6.6 – Bastaram 49 minutos para sacudir o jogo e imprimir outra vivacidade ao ataque. Contabilizou três remates, cinco acções com a bola na área da Croácia e acertou três dos cinco dribles que fez.
- Rúben Semedo 6.4 – Ofereceu o golo do 1-1 a Rúben Dias, foi quem mais fez passes progressivos correctos (11), venceu sete dos oito duelos aéreos em que interveio, fazendo, ainda, quatro intercepções e outros tantos alívios. No entanto, demonstrou alguma ansiedade e acabou por ficar ligado aos dois golos apontados pela Croácia.
- Livakovic 4.4 – Os adeptos croatas devem estar neste momento a suspirar por Subasic. O guardião de 25 anos não teve uma noite feliz, nunca transmitiu segurança à equipa e acabou por borrar a pintura com uma má abordagem num lance que parecia de fácil resolução. Mesmo assim, foi responsável por cinco defesas, quatro das quais a remates no interior da área.
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