https://soundcloud.com/nuno-teixeira-264830877/famalicao-2-2-sporting-o-musical
Dezembro. Dezembro continua a ser o último mês do ano. Ainda há coisas iguais ao que era antes. Dezembro dá os primeiros sinais de que, ainda durante este mês, haverá mudança de estação. Ainda há coisas iguais ao que era antes.
Em Famalicão, o frio faz apertar os coletes e preparar a vestimenta para o que aí vem: uma guerra num relvado e nos seus arredores. Uma batalha invulgar, com cinco partes. Mas só têm pouco mais de 90 minutos para definir o vencedor.
É que o inverno está a chegar…
A equipa de Vila Nova mudou muito em relação à temporada passada. Basta olhar para a ficha de jogo e perceber que muitos futebolistas nem sequer conheciam a vila, há uns meses. Mas há algo que continua igual: a idade. O Famalicão entrou em campo com 11 jogadores – ainda há coisas iguais ao que era antes – e o mais velho tem 25 anos. Era quase quase uma equipa sub-23, que joga ali no campo ao lado. Ou em Amares. Em Amares não sei, mas em Vila Nova os atletas não são eternos; a juventude é.
Mas a juventude pode trazer momentos como aquele protagonizado por Ricieli, que travou Nuno Santos desnecessariamente, dentro da grande área defensiva. Pronto, penálti e lá vai um Nuno marcar cedo para o Sporting. Tem sido habit… Falhou. Falhou quer dizer, o Júnior, que podia mesmo jogar pelos juniores, está na baliza para brilhar. E conseguiu. Nuno nem sempre marca cedo, afinal.
Os leões não marcaram aí, marcaram pouco depois. Quem? A superestrela deste campeonato, Pedro Gonçalves. E com mais um golo de superestrela.
Ora numa noite invulgar, viu-se algo invulgar: Adán saiu à toa e permitiu a estreia nos golos de Gustavo Assunção. Mas, no último duelo da primeira parte, quando o esférico estava parado… Porra, mais um grande golo, Porro!
1-2 e agora vem aí a segunda parte: Nuno Santos pegado com jogadores, ou o Ricieli é que começou a pegar por Nuno Santos, tudo confuso, cartão amarelo para os dois (ainda hoje não entendo porque o Nuno viu o cartão), barulho, empurrões… É guerra, pois.
Na terceira parte, ainda na fase inicial, o estratega da casa decidiu mudar três peças no seu esquadrão. Nada adiantou, durante muitos minutos. Aparentemente os visitantes tinham a batalha controlada, sem grande dificuldade, baseada num meio-campo forte, onde se ia destacando novamente Palhinha, um muro.
O problema é que aquele muro, daqueles tempos, caiu, lá na Alemanha. E este não caiu mas devia ter-se erguido mais aos 88 minutos, quando o livre foi marcado. Um livre de Robert, outro sub-23 que entrou logo a seguir à expulsão de Pedro Gonçalves, e que igualou novamente o resultado.
Esperem aí que a batalha ainda não acabou. Está quase, mas ainda há tempo para mudança de estratégia do evangelista Ruben: “Capitão, és defesa-central mas agora vais para ponta-de-lança!”. E Coates marcou, logo no reatar da partida. Marcou mas não marcou. Não contou. Muitos têm olhado para a mão de Coates sobre o guarda-redes, mas talvez poucos tenham olhado para a mão de Coates sobre o defesa do Famalicão. Talvez esteja aí a infração. Ruben não concordou. Foi expulso (outra vez…?).
Mas pronto, num estádio que tem 22 no nome, o 2-2 fica bonito.
Agora vem aí a quarta parte. No túnel. Pensei que o único túnel que iria ficar para a história da bola era o túnel da Luz.
Afinal não. No túnel do 22 de Junho houve mais empurrões, mais gritos, puxa para cá, puxa para lá, muito barulho, paredes a tremer…
Agora vem aí a quinta parte: as declarações. Gostei particularmente do líder da turma da casa, que rejeitou a ideia de isto serem coisas normais no futebol. Não são. “Os jogadores têm de ter mais juízo, os treinadores têm de ter muito mais juízo e os dirigentes têm de ter muito, muito, muito mais juízo”. Foi o João que disse. Podia ter sido eu. “Foi uma vergonha para todos. Há discussões, bate-boca e ninguém tem razão. Somos todos mal-criados“. Aplausos.
O evangelista Ruben também comentou o túnel: “Na equipa do Sporting, quando vai um, vão todos“.
Pelo meio, apareceu um médico a falar de uma das Varandas junto ao estádio. Disse ele que, no momento do suposto 2-3, o guarda-redes contrário caiu, tranquilo, e não reclamou – não sei para que guarda-redes é que ele estava a olhar, porque o Júnior nem caiu, nem ficou tranquilo: ficou de pé e veio logo ter com o árbitro, a reclamar falta. O médico comentou também que estas decisões acontecem porque o Sporting é líder e já “eram quatro pontos, começa a tremer“. Pois é… Esta guerra acabou mas virão mais. Porque já há muita gente a tremer nesta guerra pelo trono.
O possível problema para o leão é que o inverno está a chegar… e o Natal também.
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