O Sporting não conseguiu melhor do que um empate a um golo na recepção desta sexta-feira ao Rio Ave, numa partida relativa à 14ª jornada da Liga NOS.
Pedro Gonçalves inaugurou o marcador ainda na primeira metade, mas uma segunda de bom nível dos visitantes bastou para que Gelson Dala vestisse a pele de “pescador” e colocasse o “leão” na rede dos vila-condenses. O líder da prova ficou à espera do que aconteceria no Dragão, ao passo que os homens de Pedro Cunha alcançaram um importante ponto num reduto onde apenas o FC Porto tinha saído sem derrota.
O jogo explicado em números
- Novas “nuances” no “onze” elaborado por Rúben Amorim se tivermos como ponto de referência a equipa que venceu na Choupana. Eduardo Quaresma, Borja, Plata e Tiago Tomás foram titulares, ao passo que Feddal (castigado), Neto, Nuno Mendes e Sporar, trio que está infectada com o Covid-19, ficaram de fora. Do lado “rioavista”, o reforço Guga, recrutado ao Famalicão, foi lançado de início, o mesmo ocorrendo com os antigos “leões” Fábio Coentrão, Francisco Geraldes, Gelson Dala e Carlos Mané.
- Início de jogo repartido. O Sporting tinha mais a bola (71%), mas sentia imensas dificuldades para criar situações claras de golo. Por sua vez, os visitantes conseguiam algumas aproximações junto ao último reduto contrário, onde contabilizaram um remate desenquadrado e dois cantos.
- Os minutos passavam e a toada do encontro mantinha-se, com os sportinguistas sem velocidade e imaginação para contornar a muralha que se erguia nas aproximações à baliza defendida por Kieszeck, e o Rio Ave confortável a defender, mas sem argumentos para chegar aos últimos 30 metros do terreno. Dois cinco remates realizados nos primeiros 38 minutos, três para os “leões” e dois para os forasteiros, apenas um foi enquadrado e teve como autor João Palhinha.
- O médio era o elemento em destaque – GoalPoint Rating de 5.6 – nesta fase, com 96% de eficácia no capítulo do passe, apenas um falhado em 23 tentados, mais 27 acções com o esférico, três recuperações da posse, duas acções defensivas no meio-campo adversário, além do já citado “tiro”.
- Mas este “leão”, versão Rúben Amorim, não precisa de criar muitas oportunidades para marcar. A três minutos do descanso, Porro fez uma variação de flanco que desmarcou Plata no corredor canhoto, o equatoriano centrou e, no sítio certo, o inevitável Pedro Gonçalves, um autêntico “Pote” de ouro, fez o que melhor sabe e abriu a contagem. O antigo jogador do Famalicão reforçou o estatuto de melhor marcador da Liga NOS, agora com 12 golos em 14 jornadas. O emblema de Vila do Conde, por exemplo, tinha na sua globalidade nove tiros certeiros (antes do empate).
- Com o moral nos píncaros, o Sporting foi em busca de mais e viu o guardião adversário esticar-se e negar o 2-0 a Tiago Tomás, e já em período de descanso, Nuno Santos, em boa posição, atirou com força, mas sem a direcção desejada.
- Vantagem “verde-e-branca” ao intervalo em Alvalade ao cabo dos primeiros 47 minutos de acção. Os homens de Rúben Amorim demoraram cerca de meia-hora até encontrarem a melhor forma de “desmontar” a muralha defensiva do Rio Ave, mas assim que começaram a envolver mais elementos no processo ofensivo e a “bascularem” com mais critério e velocidade, e foram encontrando espaço. O golo é disso um excelente exemplo, Porro, da direita para o centro, encontrou Plata no lado oposto, este centrou e “Pote” atirou a contar. Depois disso, os líderes da prova desperdiçaram duas boas ocasiões. A equipa de Pedro Cunha até começou bem o duelo, mas foi recuando e deixou de construir lances ofensivos. O MVP era Pedro Gonçalves, com um GoalPoint Rating de 6.8, e que premeava o acerto do número “28” que fez um remate e marcou. Além disso, falhou apenas dois dos 20 passes que fez (90% de eficácia) e obteve três acções defensivas no meio-campo adversário – máximo neste fase.
- Aos 57 minutos chegou finalmente uma jogada bem construída pelo ataque dos visitantes. Dala desmarcou Mané, este cruzou para a zona do segundo poste, onde estava Francisco Geraldes, mas Adán foi lesto a sair dos postes e deteve a bola. A equipa nortenha começava a entrar na partida e tinha 31% da posse, três remates, todos desenquadrados e dois cantos. Já os lisboetas amealhavam 69% da posse, sete remates (três enquadrados) e três cantos.
- No primeiros dos quatro remates que efectuou, o Rio Ave marcou à passagem do minuto 61. Francisco Geraldes na construção, Carlos Mané na assistência e Gelson Dala na finalização estiveram na génese do tento do empate, todo ele gizado por três jogadores que já pertenceram aos quadros “leoninos”. Foi o primeiro golo do angolano – que não festejou – no campeonato e o quarto esta temporada.
- Os dois técnicos mexeram a partir do banco: Meshino substituiu Francisco Geraldes e, do lado do Sporting, o central Eduardo Quaresma foi “trocado” pelo criativo Tabata e mais tarde Plata saiu e entrou Jovane, numa tentativa de Amorim de mudar o rumo dos acontecimentos, numa fase em que quem criava mais perigo era a formação de Vila do Conde, que fez três remates nesta complementar, dois foram à baliza e um resultou em golo, face a uma única tentativa dos “leões”.
- Tivemos de esperar até aos 84 minutos para haver um ataque perigoso dos anfitriões. Jovane lançou Tiago Tomás que rematou e viu uma intercepção de Aderlan impedir que a bola chegasse à baliza “rioavista”. E já em período de descontos, num último suspiro, Tabata atirou com força, mas o esférico saiu ao lado. Das seis tentativas sportinguistas na segunda parte, apenas uma foi em direcção ao alvo.
- Azar para André Pereira que entrou aos 93 para substituir Gelson Dala e lesionou-se com aparente gravidade num dos joelhos segundos depois, numa acção em que fez falta sobre Jovane Cabral.
- Balde de água gelada para o Sporting, que empatou pela segunda vez na prova. O conjunto de Alvalade, agora com 36 pontos e à espera do que iria ocorrer no clássico entre FC Porto e Benfica, chegou à segunda partida consecutiva sem vencer, depois da eliminação os oitavos-de-final aos pés do Marítimo, e terminou com uma sequência de quatro triunfos seguidos na Liga NOS. Já os “rioavistas” conseguiram “pescar” os homens de Lisboa e colocaram ponto final numa série de três desaires nos últimos jogos realizados fora de casa nesta edição da prova.
O melhor em campo GoalPoint
Exibição de mão cheia, mais uma, do “trinco” neste regresso a casa. João Palhinha é o motor e barómetro desta equipa, joga e faz os seus colegas jogar. Além do trabalho “sujo” (seis recuperações de bola, cinco acções defensivas no meio-campo contrário, quatro intercepções e dois passes bloqueados), é essencial na manobra de ataque e voltou a deixar a sua marca com dois remates, dois passes valiosos (feitas a menos de 25 metros da baliza) e dois duelos aéreos ofensivos ganhos. Por tudo isto, foi o jogador com a melhor avaliação, um GoalPoint Rating de 7.1.
Jogadores em foco
- Carlos Mané 6.9 – Foram 84 minutos de óptimo nível do extremo. Formado na Academia de Alcochete, Mané foi um dos artífices desta “traição” levada a cabo por outros jogadores que tiveram o passado conectado ao “leão”. Sempre ligado à corrente, foi quem assistiu Dala para o tento do empate, além disso orquestrou três passes para finalização, foi eficaz nos três dribles que tentou, sofrendo ainda outras tantas faltas. Como nota menos positiva, os três dribles que sofreu e as 14 perdas de bola que registou.
- Sebastián Coates 6.6 – Num dos últimos lances ainda tentou a sorte, mas não logrou apontar o 2-1. No capítulo do passe esteve assertivo com 16 passes progressivos correctos, fazendo quatro desarmes e duas intercepções.
- Pedro Gonçalves 6.3 – “Pote” é uma verdadeira “mina de ouro”. É certo que tem estado menos fulgurante nestas últimas semanas – talvez esteja aqui uma das razões para a quebra exibicional da equipa -, mas continua a vacilar sempre que “vê” a baliza adversária pela frente.
- Pawel Kieszek 6.3 – Não teve culpas no golo sofrido e ainda foi importante ao fazer três defesas, uma das quais num remate na área, e esteve atento a sair do baliza sempre que foi chamado.
- Gelson Dala 5.8 – Um remate, um golo – Expected Goal (xG) de 0,6 -, três passes valiosos e quatro faltas sofridas. Não correu nada mal este regresso do angolano a Alvalade.
- Fábio Coentrão 4.2 – Após uma época sem jogar, o “caxineiro” vai dando os primeiros passos. Realizou o quarto encontro, terceiro no campeonato, esta época, acusou alguma falta de ritmo, mormente na fase final. Do seu pecúlio teve os seguintes números: um cruzamento, 17 passes falhados, um máximo negativo na partida, sendo que cinco foram de risco, acertou dois dos cinco dribles tentados, cometeu três faltas e foi responsável por 33 perdas do esférico, outro máximo negativo. O internacional luso teve a pior nota do encontro.
Resumo
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