Ni Xialian já foi campeã mundial de ténis de mesa… em 1983. Vai regressar à cidade onde conseguiu o título e, quem sabe, conquistar uma medalha olímpica.
Nasceu na China em julho de 1963. Tem 57 anos, vai ter 58 quando os Jogos Olímpicos começarem (se começarem) no próximo verão, em Tóquio. E, caso não apareçam imprevistos, Ni Xialian vai ser a atleta mais velha de sempre a participar no maior evento desportivo mundial.
A veterana chinesa mudou-se para a Alemanha em 1989. Dois anos depois passou a viver no Luxemburgo, onde ainda reside, em Ettelbruck, e passou a representar a seleção luxemburguesa desde então.
A curiosidade é que, antes destas mudanças, Xialian representou a China em várias competições e foi campeã mundial de ténis de mesa… em Tóquio. Aconteceu em 1983, quando conquistou o torneio de pares mistos na capital do Japão. Na altura, o ténis de mesa nem sequer entrava no programa olímpico.
38 anos depois, a jogadora quer divertir-se no regresso a Tóquio: “Acho que uma jogadora deseja sempre lutar pelo melhor resultado. Mas a realidade é que a minha idade e o meu estilo… Tenho limitações, sou muito clara nisso. Mas tenho vantagens: gosto de jogar, nunca desisto, por isso vou tentar tirar o melhor proveito disso”.
“Claro que, se conseguir uma medalha, será fantástico, mas não posso assegurar que vou conseguir isso. Pelo menos quero levar energia positiva, espírito de combate, mostrar ao mundo que o ténis de mesa pode ser bonito. Enquanto jogadora podes divertir-te, podes dar tanta alegria às pessoas – e isso às vezes é ainda mais importante do que os teus resultados”, explicou Xialian, ao canal oficial dos Jogos Olímpicos.
Há “toque” português no recente percurso olímpico da jogadora. Há um ano, estava em Gondomar a tentar a qualificação olímpica para a seleção do Luxemburgo (que não passou da primeira ronda). E a qualificação individual para Tóquio foi confirmada nos Jogos Europeus de 2019, em Minsk, apesar de ter perdido nas meias-finais diante da portuguesa Fu Yu – que venceu a medalha de ouro.
Na luta pela medalha de bronze, e pela presença em Tóquio, defrontou Yang Xiaoxin, também chinesa mas que representa o Mónaco (as quatro semi-finalistas dessa prova nasceram na China). Nunca tinha vencido Yang Xiaoxin e, sete meses antes, tinha perdido por 4-0 no último duelo entre ambas. Dessa vez venceu por 4-2 a atleta que é 25 anos mais nova e assegurou a qualificação olímpica.
Ni Xialian gosta de defrontar atletas que têm menos de metade da sua idade: “Tenho muitos, muitos papéis: mãe, irmã, tia, professora, treinadora… Chamam-me tudo. Mas é amoroso. E embora eu tenha esta idade, o meu coração é muito jovem. Ainda continuo jovem. Gosto. Fico feliz ao estar com pessoas mais novas, que me trazem energia, felicidade, charme, e por isso gosto de estar com elas e, claro, elas respeitam-me”.
O segredo da longevidade na modalidade é o prazer: “Tens que gostar da tua carreira, tens que gostar e isto torna mais divertido. Acho que também te dá coragem e não vais desistir facilmente. Só há uma campeã mas o espírito pode ficar para sempre”.
Esta será a quinta participação de Ni Xialian nos Jogos Olímpicos, sempre com a bandeira do Luxemburgo no equipamento. Na última edição, em 2016, a jogadora foi quem levou a bandeira do Luxemburgo na cerimónia de encerramento no Rio de Janeiro.
Xialian já estabeleceu outro recorde no ténis de mesa: no Open da Áustria em 2017, o seu jogo frente à japonela Honoka Hashimoto foi o mais longo de sempre, na era moderna da modalidade. Durou 92 minutos.
[sc name=”assina” by=”Nuno Teixeira, ZAP” ]
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