Noite de Champions e de glória para os dragões. Nesta quarta-feira, o FC Porto venceu a Juventus por 2-1, numa partida relativa à primeira mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões.
Qual velocidade furiosa, o emblema da Invicta foi veloz e coleccionou uma vantagem de dois golos, graças aos tentos madrugadores de Taremi (na primeira parte) e de Marega (na etapa complementar), mas um remate de Chiesa deixou a eliminatória em aberto e uma espécie de sabor amargo à equipa de Sérgio Conceição que teve arte, engenho e organização para bloquear o forte arsenal que viajou desde Turim.
O jogo explicado em números
- “Dragões” na máxima força, com Sérgio Conceição a apostar na versatilidade do “seu” 1x4x4x2, com Taremi e Marega (entre a ala e o centro), Otávio e Corona nas alas e dupla central formada por Uribe e Sérgio Oliveira. Marchesín, Manafá, Pepe, Mbemba e Zaidu fecharam o “onze”. Da equipa que defrontou o Boavista, saltaram Sarr, Diogo Leite, Fábio Vieira e João e entraram os já citados Zaidu, Mbemba, Uribe e Otávio. Na Juve, Morata ficou no banco e Pirlo apostou na fantasia do sueco Kulusevski, que alinhou ao lado de Cristiano Ronaldo.
- Melhor início, impossível: um remate, um golo. Passavam pouco mais de 60 segundos quando Taremi aproveitou um passe mal medido de Bentancur para Szczesny e, no interior da pequena área, atirou a contar e abriu a contagem. Ao quarto jogo na prova, o iraniano estreou-se a marcar. Em todas as competições esta época já leva 15 tentos.
- Primeiros 15 minutos de enorme qualidade dos “dragões”, que não tiveram medo e, desde os instantes iniciais, imprimiram uma pressão alta bem coordenada, que neutralizou a primeira fase de construção dos transalpinos – o lance do golo é disso um excelente exemplo.
- Os campeões nacionais tinham quatro remates (dois foram ao alvo), 33% da posse de bola, quatro faltas cometidas e um canto. Por sua vez, os forasteiros tinham uma tentativa de remate (desenquadrada), três faltas cometidas, 66% da posse e um canto. Aos 22 minutos, recuperação da posse em zona subida, a bola chegou a Sérgio Oliveira que desferiu uma “bomba” e por pouco não dilatou a vantagem.
- À passagem da meia-hora, Taremi era o jogador com melhor nota, um rating de 5.9. O iraniano acumulava dois remates enquadrados, um golo – Expected Goals (xG) de 0,7 -, seis acções com a bola, sendo que duas foram no interior da área adversária. Alex Sandro, com 5.4, era o elemento do lado contrário em destaque.
- Embalados por um golo madrugador, os “azuis-e-brancos” chegavam ao descanso a vencer com todo o mérito e justiça. Bem agrupados, conseguiram bloquear a fase inicial de construção da Juventus e sempre que conseguiam ultrapassar este momento, criavam amiúde lances de relativo perigo. Os italianos, sem velocidade e imaginação, apenas iam dando sinais de vitalidade ofensiva nos lances de bola parada. Ao cabo dos primeiros 46 minutos, De Ligt era o MVP com um GoalPoint Rating de 5.9. O central holandês foi responsável por um remate, apenas falhou dois passes em 50 feitos (96% de eficácia), acertou cinco dos seis passes longos tentados, teve duas acções com a bola a área do FC Porto, levou a melhor nos dois duelos aéreos defensivos em que interveio, sofreu duas faltas e recuperou a posse em três ocasiões. Na equipa lusa, Zaidu acumulava um rating de 5.7. O lateral-esquerdo esteve bem a defender e subiu no terreno nalgumas ocasiões, recuperando a posse em duas, bloqueou um “tiro” do adversário e sofreu duas faltas, uma das quais em zona perigosa.
- No reinicio, e tal como na primeira parte, o FC Porto voltou a ter uma entrada “à Dragão”. Aos 46 minutos, Uribe, Corona e Manafá “cozinharam” o lance que Marega finalizou com um remate rasteiro e colocado. Aos 30 segundos da etapa final, a equipa lusa ampliava a vantagem no jogo e na eliminatória.
- E volvidos cinco minutos, Szczesny agigantou-se e defendeu um remate de Sérgio Oliveira que levava selo de golo. Instantes antes, Uribe esteve no sítio certo e cortou um cruzamento venenoso de Kulusevski. O Porto somava seis remates (quatro enquadrados) e neste capítulo também estava em vantagem perante a Juve: cinco disparos (apenas dois no alvo).
- Em toda a partida, o lance mais perigoso dos campeões italianos apenas ocorreu a 20 minutos dos 90, quando Chiesa testou os reflexos de Marchesín e este “gritou presente”. Foi a primeira tentativa da “vecchia signora” nesta segunda parte. Prova de que a lição apresentada por Sérgio Conceição estava a ser bem interpretada pelos seus jogadores.
- Os nortenhos iam controlando as incidências e sempre que conseguiam davam sinais no ataque. Aos 79 minutos, Grujic cabeceou e falhou o 3-0 por escassos centímetros.
- Já ouviram falar da frieza e eficácia italianas? Pois bem. Quando nada fazia prever um golo da Juventus, ele surgiu num lance no qual Rabiot centrou tenso para a zona do segundo poste e Chiesa, de primeira, atirou para o fundo das redes, reduzindo a desvantagem para 2-1 aos 82 minutos. Foi apenas o segundo remate dos visitantes na etapa complementar.
- No ataque seguinte, Morata viu Marchesín negar-lhe o empate e, na sequência, Cristiano Ronaldo não logrou acertar no esférico. Do nada, os comandados de Andrea Pirlo quase empatavam.
- Apesar do sufoco final, os portistas conseguiram uma importante vantagem tendo em vista os quartos-de-final da Champions. A segunda mão vai decorrer no próximo dia 3 de Março em Turim. Ao cabo do sexto confronto em jogos oficiais, e depois de quatro desaires e um empate, o FC Porto conseguiu alcançar o primeiro triunfo ante a Juve.
O melhor em campo GoalPoint
Rabiot atravessa um excelente momento e foi o mais inconformado e esclarecido. A forma como descobriu Chiesa no lance que terminou no 2-1 é um bom cartão de visita. Resumidamente, o gaulês, além da já citada assistência, gizou três passes para finalização, teve uma eficácia de 91% (51 passes certos em 56 tentados), acertou cinco passes longos em sete, recuperou a posse em cinco ocasiões, tendo, ainda, acumulado seis acções defensivas no meio-campo adversário, dois desarmes, três intercepções e dois bloqueios de passe. O MVP desta quarta-feira teve um GoalPoint Rating de 7.2.
Jogadores em foco
- Marchesín 6.3 – O golo de Chiesa foi apenas o segundo que sofreu nesta edição da prova. Mais uma vez, o argentino foi uma espécie de porto seguro para o FC Porto, dando uma excelente resposta sempre que foi chamado a intervir. Ao todo foram quatro defesas, sendo que três foram a remates na área portista.
- Manafá 6.2 – Magnífica a forma como ofereceu o 2-0 a Marega. Foi seguro a defender – duas recuperações da posse, dois desarmes e dois alívios – e inteligente a atacar onde além do passe “de morte”, gizou dois passes para finalização e acertou dois dos três dribles tentados.
- Marega 6.2 – Desinspirado nas últimas partidas, voltou a merecer a confiança de Sérgio Conceição e acabou por não desiludir o treinador. Lutou como sempre, mas desta feita esteve um pouco mais assertivo, foi letal no único remate de que dispôs e importante na forma como ajudou a equipa a condicionar a primeira fase de construção contrária. A rever, as oito perdas de bola e os três maus controlos que registou.
- Sérgio Oliveira 6.0 – Peça crucial neste “dragão”, voltou a estar em foco, pressionou, jogou e fez a equipa jogar. Atravessa um grande momento. Esta noite, esteve próximo de apontar um golaço, num dos quatro remates que realizou, recuperou a posse em nove ocasiões, fez três desarmes. A nota só não foi mais elevada por causa das 21 vezes em que perdeu a bola (recorde negativo). A forma como pressionou e condicionou Bentancur na jogada que resultou no golo de Taremi também merece ser realçada.
- Chiesa 5.8 – Foi a peça do ataque mais inspirada. Autor de três remates, acertou em cheio aos 82 minutos e deu uma nova vida a esta eliminatória.
- Cristiano Ronaldo 5.7 – Bem que reclamou com os colegas de equipa, mas CR7 não esteve inspirado neste regresso a Portugal. Apenas um remate e este saiu desenquadrado, ainda gizou dois passes para finalização, três valiosos, teve cinco acções com a bola na área do FC Porto e acertou três dos quatro dribles tentados.
Resumo
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