O procurador Gerrie Nel dedicou-se hoje a demolir a defesa do campeão para-olímpico sul-africano Oscar Pistorius, que acusa de ter deliberadamente matado a sua namorada Reeva Steenkamp em fevereiro de 2013.
Numa sala cheia do tribunal de Pretoria, para a fase final de um julgamento iniciado há cinco meses, o procurador considerou que Pistorius foi apanhado pelas suas próprias mentiras.
Para Gerrie Nel, o acusado foi “uma testemunha terrível” que se contradisse várias vezes e a sua versão dos factos é “absolutamente desprovida de qualquer verdade”.
Segundo a acusação, Reeva Steenkamp refugiu-se na casa de banho para fugir à cólera do seu namorado, antes de Pistorius a matar com quatro balas disparadas através da porta.
O procurador considerou que Oscar Pistorius estava mais preocupado com as consequências (do seu testemunho) do que com a verdade e, de facto, “interessado em defender a sua vida, fabricando o seu testemunho”.
E quando o acusado não podia explicar, ele culpava os seus advogados, disse Nel, criticando igualmente a memória seletiva de Pistorius.
O atleta alegou primeiro que matou a modelo de 29 anos pensando que estava a disparar contra um intruso na sua casa e modificou depois a sua versão dos factos, dizendo ter disparado por reflexo, sem intenção de matar seja quem for.
“Autodefesa ou ato reflexo, sem se aperceber? Isto não é conciliável”, disse o procurador.
Um perito assegurou que Pistorius é responsável pelos seus atos, mas Barry Roux, advogado do atleta, acredita que este, amputado das duas pernas abaixo do joelho, ficou hipersensível devido à sua deficiência.
A defesa faz as suas alegações na sexta-feira, após o que Gerrie Nel retomará a palavra.
A juíza Thokozile Masipa apresentará o seu veredicto numa data posterior, depois de uma eventual negociação da pena.
Pistorius arrisca uma pena de 25 anos de prisão se for considerado culpado de homicídio.
/Lusa
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