O adeus a Alfredo Quintana, o “guerreiro extraordinário”

Alfredo Quintana, guarda-redes de andebol do FC Porto

O guarda-redes de andebol do FC Porto faleceu, esta sexta-feira, aos 32 anos, depois de ter sofrido uma paragem cardiorrespiratória durante o treino de segunda-feira.

“Partiu, deixou-nos um grande vazio, mas ficará para sempre no coração de todos nós, de todos os que com ele conviveram, no seio sobretudo dos que lutaram dia a dia, juntamente com ele, para que o clube que ele amava, o FC Porto, fosse cada vez maior”.

Foi assim que o presidente dos dragões, Jorge Nuno Pinto da Costa, reagiu à morte de Alfredo Quintana, em declarações à FC Porto TV. Visivelmente emocionado, o dirigente lamentou a morte de “um grande homem, um grande atleta, um grande portista, um cidadão exemplar”, quando estava “na força da vida, aos 32 anos”, após “11 anos dedicados de alma e coração ao FC Porto”.

“Foi uma maravilha de atleta. Dedicou-se ao FC Porto a 100% e, ao fim de quatro anos, quis assumir a nacionalidade portuguesa, pois, segundo disse, não queria mais sair do FC Porto. Infelizmente, este acidente lamentável e triste levou-o de junto de nós fisicamente, porque espiritualmente o Quintana só desaparecerá no dia em que partir o último de todos aqueles que com ele lidaram. Será uma memória viva para todos nós“, referiu.

O FC Porto já anunciou que, depois proposta apresentada por Pinto da Costa, a direção azul e branca “decidiu retirar a camisola número 1 do andebol do clube”, como forma de homenagear o atleta.

Na Internet, já circula uma petição para alterar o nome do Dragão Arena para “Arena Alfredo Quintana” que, no momento da redação desta notícia, já contava com mais de 200 assinaturas.

O clube partilhou um vídeo nas redes sociais em que mostra os melhores momentos do guarda-redes e no qual afirma que, a partir de agora, a sua missão será “contar a quem não viu as histórias, as defesas, os jogos e o privilégio que foi ter Alfredo Quintana a defender a nossa baliza”.

Os clubes rivais também mostraram a sua tristeza com o desaparecimento do atleta. Na sua conta oficial do Twitter, o Sporting escreveu que o “desporto fica hoje mais pobre” e enviou “as mais sentidas condolências à família, amigos e toda a família portista”. “Até sempre, Alfredo Quintana”, pode ler-se.

Na conferência de imprensa de antevisão ao ‘clássico’, marcado para a noite deste sábado, o treinador da equipa principal de futebol dos leões, Rúben Amorim, também aproveitou para mandar “um abraço forte” à família de Quintana e aos dragões.

“Queria deixar um abraço à família do Quintana, um abraço forte para o FC Porto, que viveu isto no ano passado com o Casillas, teve um desfecho completamente diferente. Um abraço para eles. Estas situações metem as coisas na perspetiva certa, às vezes é só por 20 minutos, mas fazem-nos pensar no que é realmente importante. Um abraço para eles”, disse o técnico no início da conferência de imprensa.

Em comunicado, o Benfica também endereçou “as mais sentidas condolências à família e amigos de Alfredo Quintana, bem como ao FC Porto e à Federação de Andebol de Portugal”.

“Este é um momento para homenagear um atleta de excelência que sempre deu tudo pelas camisolas que envergou. Ficam o seu exemplo e forte espírito desportivo, que certamente permanecerão como referência para os jovens que ambicionam fazer carreira no andebol de alta competição”, escreveram os encarnados.

Segundo o Diário de Notícias, vários clubes e pessoas ligadas ao andebol, e a outras modalidades, entraram em campo com o nome do guarda-redes escrito nas camisolas, o que motivou um agradecimento público dos dragões.

Um desses casos foi Luís Frade, pivô do Barcelona e que era seu companheiro de seleção, que entrou em campo, esta sexta-feira, no jogo frente ao Nava para o campeonato espanhol, com uma camisola com o seu nome.

No seu site oficial, a Federação de Andebol de Portugal “manifestou o mais profundo pesar pelo falecimento do guarda-redes da Seleção Nacional” e decretou um mês de luto, até ao dia 31 março 2021.

Miguel Laranjeiro, presidente da federação, disse estar “sem palavras”. “Há notícias que não devíamos ter. O Alfredo Quintana deixou-nos de forma abrupta. Não merecia. Não é justo. Deixa de estar em campo, mas nunca deixará de estar na memória de todos os que o acompanharam quer no Futebol Clube do Porto, quer na Seleção Nacional que representou de uma forma notável.

O selecionador nacional, Paulo Pereira, declarou: “Nunca imaginei que fosse por um motivo destes que falaria do Alfredo Quintana. Não tenho mesmo palavras que possam explicar o que sinto neste momento. Só me ocorre pensar que a grandeza, mas também a vulnerabilidade enquanto humanos não tem limites. Partilhamos muitos momentos juntos e custa-me imaginar que já não estará entre nós para continuar a deixar rasto neste novo caminho. Fará falta como desportista, mas sobretudo como pessoa por sempre espalhar alegria, entusiasmo e vida.”

No mesmo dia, o Presidente da República também lamentou a morte do internacional português, considerando que o desporto fica mais pobre.

“Quintana nasceu em Cuba mas naturalizou-se Português e granjeou um invulgar respeito e admiração entre os seus pares. Representava o Futebol Clube do Porto e a Seleção Portuguesa. O andebol e o desporto português ficam mais pobres com esta partida precoce que a todos consterna”, lê-se na mensagem divulgada no site oficial da Presidência.

Na sua conta do Twitter, o secretário de Estado da Juventude e do Desporto também apresentou as suas condolências. “É com sentimento de profundo pesar que tomo conhecimento do falecimento de Alfredo Quintana, um símbolo da nossa seleção nacional de andebol. À sua família, ao FC Porto e à Federação de Andebol de Portugal (FAP), aos seus amigos e admiradores, envio as minhas condolências por esta perda irreparável“, escreveu João Paulo Rebelo.

Nascido em Havana, Cuba, o guarda-redes, que completava 33 anos a 20 de março, ingressou no FC Porto em 2010, naturalizou-se português e tornou-se internacional em 2014, tornando-se numa referência da equipa das quinas.

Quintana representou a seleção nacional em 67 jogos, tendo feito parte das seleções que conquistaram o sexto lugar no Europeu de 2020 e o 10.º no Mundial 2021, as melhores classificações lusas de sempre.

[sc name=”assina” by=”Filipa Mesquita, ZAP” source=”Lusa” ]


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