Portugal iniciou a participação no Grupo A de qualificação para o Mundial de 2022, no Qatar, com uma vitória, por 1-0.
Frente ao frágil Azerbaijão, os campeões da Europa começaram bem, a pressionar muito, mas nunca mostraram ideias, criatividade e competência no último passe e na finalização. Assim, o único tento do jogo foi um autogolo, de Maksim Medvedev, e até final, a turma das “quinas” esteve sempre desinspirada, apesar de rematar muito, e sem construir lances de grande perigo. Valeu pelos três pontos e pelas estreias de Nuno Mendes e João Palhinha.
O jogo explicado em números
- Fernando Santos apresentou algumas surpresas para este jogo, tendo em conta a importância do jogo de sábado ante a Sérvia. De início avançaram Anthony Lopes, no lugar do lesionado Rui Patrício, e na esquerda da defesa, Nuno Mendes teve a sua estreia absoluta, e logo a titular. Domingos Duarte foi pela primeira vez titular em jogos oficiais, enquanto na frente, André Silva assumiu a vaga de ponta-de-lança, fazendo dupla com Cristiano Ronaldo. Pedro Neto foi o extremo-esquerdo.
- “Massacre” é a palavra que descreve o primeiro quarto-de-hora. Só houve praticamente uma equipa em campo nesta fase, com Portugal a ter 77% da posse de bola, quatro remates, dois enquadrados, nove acções com bola na área contrária, contra um deserto ofensivo completo por parte dos azeris. Destaque para Rúben Neves e João Cancelo, a obrigarem o guardião Shahrudin Mahammadaliyev (diga lá em voz alta) a duas excelentes intervenções.
- Cheirava a golo a qualquer momento, mas este estava a demorar. Portugal atacava, rematava muito e, à meia-hora, registava já impressionantes 12 remates, quatro deles à baliza, 22 acções com bola na área oposta e mais 74% de posse de bola. Do outro lado nem um único disparo e a estratégia era apenas uma: fechar a defesa e aguentar o mais possível.
- Tantos remates e ocasiões, o golo apareceu mesmo, aos 37 minutos, mas um autogolo. Cruzamento da direita, o guarda-redes Mahammadaliyev socou a bola, mas esta tabelou em Maksim Medvedev e entrou na baliza…
- O resultado ao descanso sabia a pouco perante tanto domínio e acutilância ofensiva. Frente a um Azerbaijão pouco mais do que inofensivo, Portugal atacou muito, rematou, criou ocasiões, mas só conseguiu um golo e na própria baliza (dos azeris). O melhor ao intervalo era João Cancelo, com um GoalPoint Rating de 6.7. O lateral-direito tinha nesta fase quatro remates, tantos quanto Cristiano Ronaldo e Rúben Neves, dois enquadrados, dois passes para finalização, nove passes ofensivos valiosos, cinco recuperações de posse e o máximo de acções com bola (79).
- A exibição de Portugal piorou na segunda parte. Um pouco menos de bola nos 15 minutos iniciais (61%), quatro remates, dois enquadrados e dois disparos para os forasteiros, que pareciam mais confortáveis a tapar os caminhos para a sua baliza. O perigo causado pela formação das “quinas” era residual.
- Aliás, o lance de maior emoção nesta fase aconteceu aos 71 minutos, e perto da baliza de Anthony Lopes. Jogada confusa, a bola sobrou para Anatolii Nuriev à entrada da área, com o guardião luso pelo chão, mas o remate saiu por cima. O sinal de alerta que Fernando Santos sentiu, ao ponto de fazer alterações, com a entrada de João Félix.
- Aos 75 minutos, Portugal somava 34 acções com bola na área contrária, e já 23 remates. Contudo, 11 deles realizados de fora da grande área, o que mostrava algumas dificuldades de penetração e falta de ideias. Nove dos “tiros” lusos eram enquadrados e o guardião azeri mostrava-se atento, mas a bem da verdade, esses remates não obrigavam a defesas de grande dificuldade.
- Aos 88 minutos, estreia absoluta de João Palhinha pela selecção portuguesa. Dois “leões” (Nuno Mendes o outro) a viverem uma noite especial, com os primeiros minutos pelos campeões da Europa. Mas os pontos de interesse neste jogo acabaram ali e Portugal somou três pontos na estreia, sem brilho.
Melhor em campo GoalPoint
O jogo foi pobre, mas em termos de prestações individuais e desempenho assistimos a alguns detalhes bem interessantes, ao ponto de termos registado quatro ratings acima de 7.0. Mas o melhor de todos acabou por ser um elemento que, já se esperava, teve muito trabalho pela frente. O guarda-redes do Azerbaijão, Shahrudin Mahammadaliyev, quis chatear-nos por causa do nome longo e complicado e foi o melhor em campo, com um belo GoalPoint Rating de 8.1. Não tanto pela qualidade das defesas, mas pela quantidade. Mahammadaliyev fez nada menos que 14 paradas, seis delas a remates na sua grande área, só uma a disparos a menos de oito metros. Isto também diz muito do que foi o jogo.
Jogadores em foco
- Bruno Fernandes 7.9 – E pronto, acabaram-se os nomes estranhos. Bruno Fernandes foi o melhor português, com uma bela nota final. O médio do Manchester United enquadrou os quatro remates que realizou, fez dois passes para finalização, quatro passes ofensivos valiosos e completou as duas tentativas de drible.
- Cristiano Ronaldo 7.1 – Desinspirado na finalização, a verdade é que o capitão luso esteve muito em jogo. Além de ter sido o mais rematador do encontro, com oito disparos, três enquadrados, criou uma ocasião flagrante em três passes para finalização, somou seis acções com bola na área contrária (máximo do jogo a par de André Silva) e ganhou três de quatro duelos aéreos ofensivos.
- Rúben Neves 7.1 – O médio-defensivo entrou a todo o gás, em especial no remate. Terminou o jogo com três, dois com boa direcção, fez dois passes para finalização, seis passes ofensivos valiosos, foi o segundo jogador em acções com bola (115) e registou o máximo de recuperações de posse (10).
- João Cancelo 6.7 – O lateral do Manchester City foi o melhor da primeira parte e, apesar de tem mantido um bom nível, esteve mais discreto no segundo tempo. Ao todo somou quatro remates, dois enquadrados, incríveis dez passes ofensivos valiosos, fixou o número maior de passes certos (82), bem como de acções com bola (131), e ainda recuperou nove vezes a posse e fez quatro intercepções.
- Nuno Mendes 6.6 – Noite para mais tarde recordar para o jovem lateral-esquerdo do Sporting, de apenas 18 anos. Chamado pela primeira vez à principal Selecção de Portugal, foi de imediato titular e fez um belo jogo. Aos três passes para finalização juntou 81 acções com bola, seis recuperações de posse e somou cinco acções defensivas no meio-campo contrário.
- João Palhinha 5.0 – Os minutos e os dados são poucos para fazer uma análise consistente à estreia de Palhinha, pelo que esta menção vai mesmo para esse facto, a estreia do “trinco” do Sporting. Nos cerca de cinco minutos em campo fez seis passes, todos certos.
Resumo
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