Pela primeira vez, Japão admite cancelar Jogos Olímpicos

O Japão admitiu pela primeira vez esta quinta-feira que o cancelamento dos Jogos Olímpicos, adiados desde o verão passado e com arranque marcado para 23 de julho, continua a ser uma hipótese em cima da mesa.

De acordo com a Bloomberg, Toshihiro Nikai, secretário-geral do Partido Liberal Democrata do Japão, indicou que cancelar os Jogos Olímpicos de Tóquio era uma opção, uma vez que o país luta com um aumento de casos de covid-19 a menos de 100 dias do evento.

Toshihiro Nikai disse, em entrevista à emissora televisiva TBS, que, se for determinado que os Jogos Olímpicos não podem ser realizados, terão de ser cancelados.

“Qual seria o objetivo de Jogos Olímpicos que disseminassem a infecção?”, interrogou Nikai.

De acordo com a Kyodo News, esta quinta-feira, Taro Kono, o responsável das vacinas do Japão e ministro da reforma administrativa, sinalizou também a possibilidade de os Jogos Olímpicos se realizarem sem espectadores.

Na quarta-feira, o Comité Olímpico Internacional (COI) disse que os participantes nos Jogos Olímpicos serão submetidos a uma “quarentena adaptada” – e não aos habituais 14 dias obrigatórios à chegada ao Japão.

“Durante 14 dias, poderemos fazer algumas coisas e outras não. Não é uma isenção à quarentena geral, mas a submissão a regras restritas”, disse o diretor-executivo do COI para Tóquio2020, o suíço Christophe Dubi.

Dubi indicou que em 28 de abril será publicada a segunda e penúltima versão dos manuais com as regras a serem seguidas por cada grupo que deverá marcar presença em Tóquio2020, a decorrer de 23 de julho a 8 de agosto.

“Incluirá medidas mais precisas sobre a quarentena adaptada, como lidar com os contactos próximos, o que fazer em caso positivo, como será o regime de isolamento, a política de controlos e a lista de destinos e movimentos permitidos para os primeiros 14 dias no Japão”, referiu o diretor.

O COI sempre negou que os participantes nos Jogos Olímpicos tivessem que passar por um período de quarentena à chegada ao Japão, mas introduziu agora a variante da “quarentena adaptada”.

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“Os atletas não ficarão isentos de quarentena. Serão verificados antes dos Jogos, à chegada e com frequência. Durante os Jogos, vão viver numa bolha entre a aldeia olímpica e os recintos de competição”, acrescentou o presidente da comissão de coordenação do COI para Tóquio2020, o australiano John Coates.

O responsável disse que os participantes “não vão ter as famílias nem os adeptos do seu país a apoiá-los e não vão poder festejar na cidade os seus sucessos, mas vai ser uma oportunidade para atletas de todo o mundo passarem mais tempo na aldeia olímpica”.

Em relação aos estudos que indicam que o desejo dos japoneses é que os Jogos sejam adiados ou cancelados por receio da pandemia de covid-19, Coates indicou que a presença de público a acompanhar o percurso da tocha olímpica “dá uma mostra do crescente apoio da população”.

Apenas japoneses e residentes poderão entrar no país e assistir aos Jogos, passando por regras reforçadas recentemente e que incluem três dias num hotel, se o teste for negativo para a covid-19, seguido de um período de quarentena em casa.

[sc name=”assina” by=”Maria Campos, ZAP” url=”” source=”Lusa”]


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